Um ano sem Augusto Carlos Curvello de Muros: uma grande perda para a cultura de Nova Friburgo

Amigo de longa data, Jaburu relembra episódios marcantes da multiplicidade do cronista de A VOZ DA SERRA
segunda-feira, 27 de junho de 2011
por Henrique Amorim
Um ano sem Augusto Carlos Curvello de Muros: uma grande perda para a cultura de Nova Friburgo
Um ano sem Augusto Carlos Curvello de Muros: uma grande perda para a cultura de Nova Friburgo

Na última terça-feira, 21, completou-se um ano de falecimento do saudoso escritor, romancista, roteirista, ator de teatro, cronista de A VOZ DA SERRA — e dono de tantas outras atribuições — Augusto Carlos Curvello de Muros, que nos deixou aos 67 anos, vítima de parada cardíaca durante um de seus hobbies: caminhar pela Avenida Alberto Braune. Seu amigo desde a época em que trabalharam juntos no Banco do Brasil, Júlio Cezar Seabra Cavalcanti, o Jaburu, do Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama), no qual dividiram o êxito de várias produções teatrais, relembra a máxima sempre destacada por Muros: “O esquecimento é a divisa dos ingratos. E a ingratidão retrata a alma dos covardes”. O autor desta frase de efeito nem Muros e nem Jaburu jamais souberam quem é, mas acabavam sempre se divertindo ao tentar entender a profundidade da mensagem.

“Assim era Muros. Uma figura de total multiplicidade. De mente e visão cultas e abertas para uma infinidade de atividades. Ele (Muros) se parecia fashion, para poder, com tranquilidade, se aprofundar nas coisas mais importantes da vida”, recorda-se Jaburu. E tem razão: Muros, com seu jeito recatado, intelectual, na verdade era múltiplo por natureza e de uma simplicidade incrível. Prova disso está nas muitas funções exercidas por esse macaense de nascimento, mas friburguense de coração, que tinha no Gama e em A VOZ DA SERRA duas extensões de sua casa.

Muros, além de ator de teatro, escritor, cronista e tricolor convicto, foi também romancista, roteirista de documentários de Sergio Madureira sobre Nova Friburgo, presidente do Nova Friburgo Country Clube em dois mandatos, Associação Friburguense de Letras (AFL) e da Associação Friburguense de Pais e Amigos do Educando (Afape), além de ter participado da fundação da revista da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), do Clube do Jazz (criado na década de 1990, com os amigos Aristélio Andrade, Ângelo Chaves e Marcelo Braune), e atuado ainda como repórter na antiga TVS, canal 3 de Nova Friburgo, atual SBT Interior, na Rádio Friburgo AM e ainda como cronista esportivo do extinto A Folha.

Saudades de Augusto Muros expressas em CD do Gama

Augusto Carlos Curvello de Muros deixou tantas saudades entre seus muitos amigos que o Gama lançará em breve um CD especial em homenagem a Muros, gravado nos estúdios de Juran Santos, com depoimentos e crônicas do saudoso escritor, além de participações especiais do amigo Sílvio Corrêa, da viúva de Muros, Clélia, e dos filhos do casal, Juliano e Carolina. “Será uma homenagem singela e ao mesmo tempo de peso para o Muros. Um homem multifacetado, destaque no jazz, no teatro, na cultura, na escrita. Tudo sempre regado a um bom vinho e um bom uísque”, relembra Jaburu, que conheceu Muros nos idos de 1963 no Banco do Brasil e solidificou uma grande amizade. Tanto é que, ao adoecer, Jaburu foi o primeiro a ser comunicado, pelo próprio Muros, e permaneceu mais perto dele em seus últimos três meses de vida.

No Country Clube, Muros também marcou época durante sua gestão de 1994 a 1997 com a arrecadação de oito mil títulos para o acervo da biblioteca, todos doados por amigos. Ajudou ainda a implementar o Festival de Inverno de Nova Friburgo, com Míriam Dauelsberg, da Dell’Arte, e Henrique Cordeiro, da Múltipla Cultural. No aniversário do clube, em 1994, promoveu concertos abertos com a Banda Euterpe Friburguense e a Sinfônica dos Fuzileiros Navais e ainda reformou o chalé.

No teatro, Muros se destacou nos espetáculos “Romeu & Julieta”, “A Rua da Amargura”, com o Grupo Galpão, “A vida como ela é”, com o Núcleo Carioca de Teatro, “Alcacino & Nicoleta”, “Pianíssimo”, “Tróia” e “1998”, participação especial na montagem com o Gama “Em busca da água prometida”, de Ieda Lucimar, prestigiado por mais de 12 mil pessoas, entre tantas outras obras.

Ainda com o Gama, Muros participou das peças “A moratória”, de Jorge Andrade, “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, “Eles não usam black-tie”, de Geanfrancesco Guarnieri, “O noviço”, de Martins Pena, e “Liberdade liberdade” de Millôr Fernandes e Flávio Rangel. O talento de Muros como autor pode ainda ser conferido em grandes crônicas e romances como “Aqui Friburgo”, “Martini com cereja”, “Minha doce Mila”, “O índio paraguaio” e seu último lançamento ano passado, “Um morto na carona”.

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