UFF Nova Friburgo adere à greve federal

Melhoria das instalações é uma das exigências dos professores, funcionários e alunos da instituição
quinta-feira, 02 de julho de 2015
por Jornal A Voz da Serra
A unidade, situada na Rua Sylvio Henrique Braune, está com as atividades paralisadas
A unidade, situada na Rua Sylvio Henrique Braune, está com as atividades paralisadas

A paralisação dos professores de instituições federais de ensino superior, iniciada no mês passado, já conta com a adesão de 35 universidades federais, dentre elas a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Além de serem contra o corte de mais de R$ 9 bilhões no setor da educação, anunciado pelo governo federal também em maio deste ano, os servidores públicos, docentes e estudantes reivindicam melhores condições de trabalho e de estudo nas instituições.

Em Nova Friburgo, cerca de 150 professores e 900 alunos dos cursos de Odontologia, Biomedicina e Fonoaudiologia, da Universidade Federal Fluminense (UFF-NF), aderiram à paralisação. “O movimento grevista não tem como intuito só o aumento salarial para os professores. Ele aborda outras questões como, por exemplo, a precarização das condições de trabalho. Nós tivemos uma expansão das vagas nas universidades públicas, porém os investimentos não acompanharam essa expansão, resultando em péssimas condições de trabalho e estudo para os docentes, técnicos e alunos”, disse a professora do curso de graduação em fonoaudiologia, Simone Barreto, acrescentando que a clínica de fono da unidade não opera nas condições ideais. “É uma casa alugada, onde foram feitas várias adaptações. Além disso, antes de a greve ser deflagrada, a luz foi cortada por falta de pagamento, ou seja, mesmo que não aderíssemos à greve, não poderíamos estar oferecendo aos alunos essa formação e atendimento à população.” 

Quanto aos estudantes, a jovem Elisângela Oliveira, 23, atualmente no sétimo período do curso de fonoaudiologia, explica por que aderiu ao movimento: “Entendo que esta não é uma demanda somente dos professores, dos técnicos e terceirizados. É uma demanda de todos que utilizam esse serviço e que sabem das deficiências que são encontradas. Nenhum aluno quando presta o Enem e entra na universidade espera se deparar com tanto descaso”, afirma ela. Para Elisângela, entre tantos problemas, uma das maiores necessidades dos alunos da UFF-NF é o “bandeijão”, o restaurante universitário que ofereça refeições a baixo custo para os estudantes.

Quem também participa do movimento grevista é a estudante de 21 anos Bárbara Louback. Aluna do sétimo período de fonoaudiologia, ela destaca as dificuldades encontradas por estudantes vindos de outros municípios. “Eles precisam gastar com passagem e com alimentação todos os dias. Muitas vezes a família não dá conta de pagar tudo e o estudante é obrigado a desistir do curso, já que não pode trabalhar para ajudar, pois a graduação é integral”, comentou ela. “Assim como existem em outros campi, a moradia estudantil e o bandeijão são serviços que ajudariam, e muito”, acrescentou.  

Sem previsão para o fim da paralisação, a professora de fonoaudiologia Tânia Chavez pede a compreensão da população pela interrupção do atendimento nas clínicas da universidade. “Queremos deixar claro o nosso respeito ao município. Temos uma responsabilidade com os moradores da cidade, não só pela prestação de serviços, mas pelo próprio fato de formar profissionais que aqui trabalharão no futuro. É exatamente por saber da importância desse serviço que estamos exigindo melhorias e mais investimentos”, explica ela. 

Negociações
Após completar um mês no último domingo, 28, a greve dos docentes nas instituições federais de ensino parece não ter tido qualquer avanço. Isso foi o que atestou o presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Paulo Rizzo. “Foi um mês de tentativas de negociação com o governo, com o Ministério da Educação (MEC) assumindo os cortes e não apresentando propostas para os professores, no que diz respeito às verbas e as condições de trabalho, e nem disposição para manter o orçamento das instituições e resolver os graves problemas enfrentado por elas.”

Na página do sindicato, Rizzo também comentou a resposta apresentada pelo secretário de Relações de Trabalho do Mpog (SRT/Mpog), Sérgio Mendonça, em reunião realizada no dia 25 de junho, com o Fórum dos Servidores Públicos Federais (SPF) e outras entidades sindicais, para apresentar solução à pauta de reivindicações dos SPF. “No que diz respeito à situação salarial e de carreira, o Ministério do Planejamento apresentou ao conjunto de servidores uma proposta insustentável, abaixo da inflação. Ele quis um compromisso das entidades para assinar um acordo, por quatro anos, que significaria um confisco salarial para os servidores”, contou Rizzo, que ressaltou o posicionamento dos SPF em não aceitar esta proposta do governo.

  • Cartazes em frente ao campus da universidade destacam a união dos grevistas

    Cartazes em frente ao campus da universidade destacam a união dos grevistas

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    Cartazes em frente ao campus da universidade destacam a união dos grevistas

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