A reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) adiou em mais uma semana o início das aulas do segundo semestre de 2016, agora, para o próximo dia 30. Em meio a uma das maiores crises da história da instituição, o Fórum de Diretores, incluindo o Instituto Politécnico, em Nova Friburgo (IPRJ), decidiu nesta quinta-feira, 19, que a universidade não pode começar as atividades sem recursos para manutenção e custeio, com atrasos nos pagamentos de salários e de bolsas de alunos e pesquisadores.
“Os prazos previstos no calendário acadêmico serão alvo de permanente reavaliação, de modo a não prejudicar a vida acadêmica, como um todo, e nossos estudantes. Esta decisão continua pautada no senso de responsabilidade, que se espera de todo órgão público perante a comunidade universitária e a população do estado do Rio de Janeiro no cumprimento de sua missão”, informa a nota. O Fórum de Diretores volta a se reunir no próximo dia 27 para reavaliar a situação.
O segundo semestre de 2016, que, por causa da greve do ano passado está atrasado, começaria no último dia 17, depois foi adiado para a próxima segunda-feira, 23, e agora deve começar somente no dia 30. A Uerj tem uma dívida de R$ 360 milhões com servidores, cujos salários de dezembro e o 13º salário ainda não foram pagos, além dos fornecedores e empresas que prestam serviços de limpeza, manutenção e vigilância.
Em Nova Friburgo, técnicos-administrativos e professores do Instituto Politécnico estão em estado de greve. Os técnicos estão trabalhando em meio expediente. O atendimento é feito somente das 10h às 12h. Desde o início da semana, a fachada do prédio da unidade, no bairro Vila Amélia, está com faixas pretas e cartazes afixados em sinal de luto.
Por causa das dificuldades financeiras, o IPRJ não consegue pagar as contas de água e energia elétrica em dia, e já soma uma dívida com as concessionárias que passou dos R$ 100 mil. O atraso nos repasses também estão impedindo o pagamento de bolsas de iniciação científica, de mestrado e doutorado e, portanto, prejudicando projetos de pesquisa no instituto. Os terceirizados, porém, estão com salários em dia.
Na última quarta-feira, 23, servidores apresentaram ao deputado estadual Wanderson Nogueira (Psol) os problemas no Instituto Politécnico. Um carta foi encaminhada aos demais parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “Além de nos colocar à disposição da luta de resistência da Uerj, decidimos realizar novas edições do Supera Rio, sendo o primeiro com a Uerj, onde criaremos medidas e soluções para a crise e para que a universidade resista”, disse o deputado.
Nas redes sociais, alunos, ex-alunos e professores continuam se mobilizando com a hastag #UerjResiste em protesto contra a situação de abandono da universidade. No Rio, cerca de dois mil estudantes e servidores, incluindo caravanas de Nova Friburgo, vestidos de azul, cor predominante no brasão da universidade, deram um abraço simbólico, na sede da instituição, no bairro Maracanã, na tarde desta quinta-feira, 19.
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