Após quase cinco meses de greve, professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) decidiram, na última semana, retomar as aulas no próximo dia 23, após o término das olimpíadas na capital fluminense. O novo calendário acadêmico vale também para o Instituto Politécnico, em Nova Friburgo, e foi aprovado assim que professores e técnico-administrativos suspenderam a paralisação, no fim do último mês, após acordo com o governo estadual.
“A greve foi temporariamente suspensa pelos professores e funcionários, isto é, eles continuam em estado de greve, por conta da votação de dois projetos de lei, no fim de julho, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que podem mudar regras de promoção e a estrutura da carreira das categorias. O governo também se comprometeu a discutir outras reivindicações dos profissionais e da universidade”, explicou o presidente do Centro Acadêmico do Instituto Politécnico (Caip), o estudante Arthur Moura.
Assim, de acordo com o novo calendário acadêmico proposto pelos professores à reitoria da Uerj, as aulas do primeiro semestre de 2016 recomeçarão no próximo dia 23 e terminarão em 22 de dezembro. Em seguida, haverá o recesso de fim de ano e também férias de 15 dias em janeiro. As aulas referentes ao segundo semestre de 2016 estão previstas para começar no dia 17 de janeiro de 2017 e devem terminar em 30 de maio do próximo ano.
Os estudantes aprovados no segundo exame do vestibular, que será aplicado em outubro, só começarão as aulas no dia 10 de julho de 2017. Os professores e demais funcionários da Uerj — com apoio de alunos — decidiram cruzar os braços a partir do dia 7 de março em prol de reajuste salarial, melhoria nas condições de trabalho, mas também devido aos atrasos nos repasses do governo às empresas terceirizadas, problemas de infraestrutura, além da falta de pagamento aos bolsistas e médicos residentes.
Os mais de quatro meses de paralisação atrasaram o início das aulas dos estudantes que entraram na universidade neste ano, mas também afetou a vida daqueles que se formariam no primeiro semestre deste ano. No último dia 30 de julho, quando a tocha olímpica passou por Nova Friburgo, cinco estudantes do Instituto Politécnico fizeram uma manifestação na Praça do Suspiro para cobrar uma solução para a greve.
“Entrei na faculdade em fevereiro deste ano e até hoje não tive uma aula sequer por causa da greve na Uerj. O corte de verbas deixou a universidade em situação precária, com atraso dos salários dos professores e técnicos, além dos funcionários terceirizados. Estamos protestando porque o governo estadual não tem compromisso com a educação”, disse na ocasião o estudante de engenharia da computação João Victor Barreto.
A paralisação atingiu milhares de alunos dos sete campi da Uerj espalhados pelo estado. Em Friburgo, em torno de 600 estudantes foram afetados pela paralisação no Instituto Politécnico. O estudante Mayron Sardou, de 24 anos, formando do curso de engenharia mecânica, considera a greve legítima, mas admite que as consequências da paralisação nos estudos tem comprometido sua vida.
“Deveria me formar em julho, mas, infelizmente, não deu. Essa é a maior greve que já presenciei como aluno e, por conta dessa incerteza quanto a formatura, já perdi oportunidade de trabalho. Mas entendo também que a situação da educação é bem precária. Tem funcionários que não recebem salários há meses e fica difícil trabalhar assim”, afirmou o estudante.
Os repasses para pagamento de salários atrasados de funcionários terceirizados, responsáveis pela limpeza, segurança e manutenção da Uerj, estão sendo, aos poucos, regularizados pelo governo. Em nota, a assessoria de imprensa da universidade informou que uma nova licitação para a empresa de limpeza está prevista para acontecer nos próximos dias. Os funcionários que cuidam da segurança e da manutenção estão com a situação regular em Friburgo.
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