Após permanecer em estado de greve por cerca de um mês, os docentes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) aprovaram na última quarta-feira, 27, nova paralisação da categoria. A votação foi decidida por 66 votos a favor e 42 contra. Marcada para começar a partir da próxima terça-feira, 3 de outubro, a greve reivindica o atraso no pagamento do salário de agosto, que deveria ter sido depositado no último dia 15, além da falta de previsão para o pagamento do 13º salário de 2016.
De acordo com a Associação dos Docentes da Uerj, Asduerj, “a decisão é uma resposta à quebra de isonomia com as outras categorias do servidor público imposta pelo governo Pezão, que trata os trabalhadores das universidades como a última prioridade, junto a aposentados, pensionistas e outros órgãos de pesquisa do estado, como o Iterj”.
Em Nova Friburgo, o Instituto Politécnico da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IPRJ-Uerj) deve aderir ao movimento. A última paralisação da Uerj começou no dia 1º de agosto. Na ocasião, os docentes também aprovaram a greve devido a atrasos nos salários. A greve seguiu até o pagamento correspondente aos meses de maio, junho e julho e as aulas recomeçaram ainda no fim de agosto. A próxima assembleia para decidir os rumos dessa nova paralisação acontecerá na quarta-feira, 4, às 14h, no Rio de Janeiro.
Limpeza também em greve
Outra categoria que declarou greve esta semana foi a dos trabalhadores da limpeza da instituição. Ainda sem os salários do mês de agosto, os funcionários do setor foram informados na última segunda-feira, 25, que não há previsão para o pagamento. Com essa informação, no mesmo dia, optou-se pela paralisação.
De acordo com a Asduerj, uma comissão de trabalhadores e um representante do Sindicato do Asseio foram recebidos pela reitoria da universidade, que responsabilizou o governo por não pagar as empresas terceirizadas. Uma das empresas prestadoras do serviço de limpeza, APPA, informou que nenhuma fatura foi paga em 2017 e que desde a efetivação do contrato, em agosto de 2016, eles só receberam uma única vez. Os terceirizados da segurança também estão com os salários atrasados. Apesar de também estarem com salários atrasados, em Nova Friburgo, até a última quinta-feira, 28, funcionários do IPRJ permaneciam trabalhando.
Apoio político
Esta semana, a Alerj voltou a demonstrar apoio aos docentes da Uerj. A Comissão de Educação do Legislativo Estadual recebeu representantes da universidade para debater as demandas da instituição apresentadas pela comunidade acadêmica. Na ocasião, o presidente do colegiado, o deputado estadual Comte Bittencourt, mostrou grande preocupação com a gravíssima crise que atinge a entidade, que só em 2016, deixou de receber do estado R$ 254 milhões. “A aplicação dos 25% constitucionais a serem destinados para a Educação não foram realizados e houve o comprometimento da Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE), uma vez que uma série de serviços como manutenção e segurança foram descontinuados ao longo dos últimos anos. Se somarmos de 2012 até o momento, o Executivo já deixou de aplicar cerca de R$ 800 milhões na Uerj”, afirmou Comte.
Na tentativa de garantir verba para a Uerj, no início do semestre, o presidente da Comissão de Educação apresentou uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) solicitando a destinação de, no mínimo, 6% das despesas líquidas tributárias para as universidades do estado. No entanto a emenda não foi aprovada no plenário.
Além dessa iniciativa, também foi apresentado na casa, o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 47/17, também de co-autoria do parlamentar, com o objetivo de garantir transferências de verbas mensalmente para as universidades, por meio de duodécimos. Comte garantiu, durante a reunião, que serão apresentadas emendas à Lei do Orçamento Anual com base nas demandas apresentadas pela instituição e reafirmou a importância das emendas para minimizar a crise que se agrava a cada dia.“Essa é a forma mais rápida para garantir verbas para a instituição. Lutaremos no plenário para aprovar esse aporte e garantir as condições mínimas para o funcionamento da universidade”, declarou Comte.
Excelência em meio à crise
Apesar de toda a confusão e incerteza que vem atingido a Uerj nos últimos anos, a universidade têm mostrado sua força e resistência. Um exemplo disso está na mais recente análise quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, divulgada na semana passada, que concedeu nota 6 ao programa de pós-graduação em modelagem computacional do Instituto Politécnico do Rio de Janeiro, o campus da Uerj em Nova Friburgo. A nota máxima da avaliação é 7.
Para se ter umas ideia, dos 4.175 programas avaliados apenas 465 tiveram nota seis ou sete. Ainda na Uerj, o Programa de Políticas Públicas e Formação Humana, também obteve nota 6.
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