Na última quinta-feira, 11, o Nova Friburgo Country Clube recebeu mais uma grande atração, parte da programação do Sesi Cultural. A cantora e compositora Tulipa Ruiz fez um show memorável, com músicas de seus dois discos. Destaque para as interpretações performáticas de "Da Maior Importância”, de Caetano Veloso, e "Víbora”, parceria da cantora com Criolo, Caio Lopes, Gustavo Ruiz e Luiz Chagas.
Em entrevista exclusiva ao jornal A VOZ DA SERRA, a cantora falou de sua carreira, suas influências e projetos.
Você costuma chamar seu trabalho de "pop florestal”. Como você definiria esse estilo?
Na verdade isso foi uma brincadeira pro meu primeiro disco. A gente colocou pop florestal como gênero, porque precisava catalogá-lo e estava em dúvida em que gênero colocar.
Hoje em dia eu acho que chamar meu trabalho de pop é a coisa mais democrática que posso fazer, ele está mais pra pop do que qualquer outra coisa. O pop abocanha todos os outros estilos.
Seu pai foi guitarrista da banda Isca de Polícia. Como o trabalho dos artistas da Vanguarda Paulista influencia o seu trabalho?
A Vanguarda Paulista me influencia absoluta e diretamente. Eu cresci ouvindo esses discos. Eu sou muito influenciada por esses artistas, principalmente pelo Grupo Rumo. Eles me influenciam não só musicalmente como plasticamente. Sou encantada pela performance de todos eles. Então é uma coisa que realmente faz parte da minha formação e do meu alfabeto artístico.
Tem algum disco da Vanguarda que é o seu preferido?
Eu me sinto culpada de ter que escolher um só. Teve épocas que eu ouvi mais o Itamar, outras que eu ouvia mais Grupo Rumo. Tem o primeiro do Rumo, outro deles que é o Caprichoso, o Beleléu, Leléu e Eu do Itamar, o Clara Crocodilo do Arrigo Barnabé... Eu acho que cada um deles é uma viagem e eu tenho muitas fases.
Como veio a ideia de ter familiares na sua banda?
Eu e meu irmão Gustavo [Ruiz, guitarrista] temos uma diferença de idade muito pequena, a gente cresceu ouvindo os mesmos discos, com os mesmos amigos, então a gente é muito parceiro.
Eu cresci com pai guitarrista, ele sempre tocou. Todas as bandas que lançavam era ele que me mostrava, então acho que pelo fato de eles serem os músicos da casa, eu me associar a eles acaba sendo um desmembramento da nossa relação.
Como foi o período entre sua decisão de se dedicar à música e a gravação de Efêmera?
Eu trabalhava em uma agência de comunicação e fazia música nas horas vagas. De repente não deu mais pra conciliar as duas coisas; eu tive que optar. Então em 2009 eu montei uma banda pra tocar um repertório novo, para experimentar e exercitar minhas músicas, e em 2010 eu gravei o Efêmera.
A gente tocou bastante esse repertório, ele estava muito definido. Então gravar o disco foi uma consequência de uma história que eu já tinha iniciado no palco.
Na sua opinião, qual a maior mudança que ocorreu entre Efêmera e Tudo Tanto?
Acho que foi a estrada. Entre esses dois discos a gente tocou muito, fez muitos shows do Efêmera. Eu sinto que o Tudo Tanto é um disco muito de banda, da minha relação com os meninos que tocam comigo.
Você fez diversos shows no exterior, em países da Europa e América. Como está a recepção de novos artistas brasileiros lá?
A recepção varia muito. Tem lugares que as pessoas são muito conectadas em música brasileira. Por exemplo, você chega ao Japão e o público vai conhecendo todo o seu trabalho e já viu todos os seus vídeos no YouTube. Em Londres as pessoas não são necessariamente ligadas a música brasileira, mas são bastante curiosas.
Varia muito, mas a nossa música é muito respeitada, então as pessoas já chegam pressupondo que será um show bom. Isso é muito importante.
De onde veio a ideia do compacto Tulipa Remixes?
Eu sempre admirei muito o trabalho do Daniel Ganjaman e do Rica Amabis, dos remixes que fazem e da banda deles, o Instituto.
Ter releituras das minhas músicas foi algo que eu sempre tive vontade, ver o que outra pessoa vai fazer com uma composição minha. Juntou essa curiosidade e o fato de eu ser fã deles, então eu entreguei uma música para cada um e falei: "Façam o que vocês quiserem, meninos”.
Além disso, você gravou com o cantor Emicida. O hip hop e os ritmos eletrônicos influenciam seu trabalho?
Sim, me influenciam bastante. Eu acompanho muito esse pessoal lá em São Paulo. Eu já cantei com o Kamau, gravei com o Emicida, tenho uma ligação com o Criolo, eles me influenciam também.
Matéria produzida pelo estagiário Lucas Vieira sob supervisão da chefia de redação.
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