Troféu de Mérito Lojista: solenidade homenageia dois importantes comerciantes de Nova Friburgo

terça-feira, 19 de julho de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Troféu de Mérito Lojista: solenidade homenageia dois importantes comerciantes de Nova Friburgo
Troféu de Mérito Lojista: solenidade homenageia dois importantes comerciantes de Nova Friburgo

Bruno Pedretti

A noite de sábado, 16, foi repleta de emoções para comerciantes do município. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Nova Friburgo promoveu pela 15º vez a edição do Troféu de Mérito Lojista, em seu auditório, e homenageou dois importantes comerciantes da cidade. Os homenageados de 2011 foram Geraldo Perrut dos Santos e Vanderlei de Oliveira Souza, que emocionaram os presentes com suas belas histórias de vida.

A mesa foi composta pelo comerciante Antônio Américo Pecly Ventura, o conhecido Toni, Ludy Diegues, Norival Siqueira, além do tenente da Marinha, Bittencourt. O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, Braulio Rezende, deu início à solenidade lendo uma carta do diretor social da CDL, Teófilo Rodrigues Pinto Neto, que por motivos de saúde não pôde comparecer ao evento. Após citar algumas autoridades e personalidades presentes, Braulio Rezende comentou a importância do comércio para Nova Friburgo. “O comércio é fundamental para o desenvolvimento do nosso país. A cada ano o comércio amplia seu papel de gerador de rendas, mas em 2011, especialmente, é necessário ressaltar ainda mais os comerciantes locais”, disse o presidente da CDL, relembrando a catástrofe ocorrida em 12 de janeiro na Região Serrana do Estado.

Na sequência da solenidade, Braulio Rezende fez questão de destacar a Distribuidora Ventura Chocolates, do empresário Toni Ventura, que conquistou o primeiro lugar no ranking de avaliação anual de desempenho da multinacional Nestlé.

O ponto alto do evento foi quando Braulio revelou os nomes dos homenageados da noite. O Troféu de Mérito Lojista de 2011 ficou com o diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas e vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Nova Friburgo, Vanderlei de Oliveira Souza, e com o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Nova Friburgo, Geraldo Perrut dos Santos, escolhidos pelas histórias de superação de ambos. Braulio Rezende leu uma breve história de vida dos dois homenageados que, visivelmente emocionados, receberam placas, e suas esposas flores. Após a solenidade, um coquetel foi oferecido aos convidados.

OS HOMENAGEADOS

VANDERLEI DE OLIVEIRA SOUZA nasceu em Manhumirim, Minas Gerais, em 22 de outubro de 1952, segundo dos três filhos da dona de casa Almerita e do lavrador de café João de Oliveira Souza. Veio para Nova Friburgo em 1960, aos 8 anos de idade, porque já tinha familiares morando na cidade e os pais achavam que aqui encontrariam melhores condições de vida.

Cedo Oliveira começou a ajudar o pai. Recebia a tarefa de buscar hóspedes na estação de trem e, como era muito franzino, ia arrastando as malas no caminho até o hotel. Além de ganhar trocados dos hóspedes, passou a vender na estação balas e outros doces, entre os quais o famoso biscoito “japonês”, fabricado pelo senhor Neném.

Quando fez 10 anos, Oliveira passou a ajudar também a mãe, que trabalhava então como lavadeira e incumbiu o filho de fazer a entrega das trouxas de roupas aos clientes. Aos 11 anos viajava ao Centro do Rio de Janeiro e trazia esmaltes para revender. Trabalhou ainda em feira, foi camelô e engraxate. Estudou nos colégios Galdino do Valle e João Bazet.

Com 14 anos de idade Oliveira procurou Angel Dieguez, dono da tradicional Loja Dieguez, de roupas masculinas, para pedir emprego fixo. Em plena época da Jovem Guarda, com cabelos compridos, ouviu do empresário que ele não empregava cabeludos. No dia seguinte, voltou à loja praticamente careca e conseguiu a carteira assinada como office boy. Oliveira passou a ser vendedor da Loja Dieguez tempos depois. Com 21 anos foi promovido a gerente-comprador. Aos 26, convicto de que já tinha experiência para abrir seu próprio negócio, resolveu enfrentar o desafio.

Dieguez novamente lhe deu provas de afeto: pagou todos os direitos trabalhistas e ainda ofereceu uma gratificação ao funcionário, que havia lhe servido por 12 anos. Inspirado na marca Renner, Oliveira criou o nome Renver e inaugurou a primeira loja em 1978, na Avenida Alberto Braune 100, junto com Josué, que também trabalhava na Dieguez e continua seu sócio até hoje. Já no primeiro ano a empresa deslanchou.

Em 1986 abriu a Renver Calçados; em 88, a Renver Jeans; em 94, a Classic; em 98, a Bullock, e mais duas no Cadima Shopping, Classic e Calçados; em 2007, a Burnier. São, ao todo, oito lojas, às quais ele se dedica diariamente.

Vanderlei adora viajar, mas não consegue se desligar do trabalho em nenhum lugar onde esteja. É casado há 15 anos com Marge, que trabalha no comércio desde os 13 e atualmente ajuda o marido nas empresas, participa das compras e comparece a todas as feiras do setor.

Um dos orgulhos de Oliveira foi conseguir, com o esforço do seu trabalho, dar aos filhos e à afilhada o que ele nunca teve na infância: educação, conforto e lazer. Vanderlei é diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas e vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Nova Friburgo.

Geraldo Perrut dos Santos nasceu em Santa Rita da Floresta, distrito de Cantagalo, em 9 de outubro de 1950, penúltimo dos dez filhos da dona de casa Florentina e do comerciante Joaquim Perrut dos Santos. As crianças foram criadas na comunidade de Quilombo, município do Carmo, onde o pai mantinha um armazém na Fazenda de São Pio. O comerciante morreu aos 42 anos, deixando a viúva grávida de sua última filha. Sem alternativa para continuar na localidade, dona Florentina se mudou para Nova Friburgo, trazendo seis filhos.

O menino plantou arroz, entregou leite e fez outros pequenos serviços até os 11 anos de idade. Geraldo foi morar com a mãe e os irmãos num cômodo, numa rua nos fundos de onde hoje fica o Hospital Raul Sertã. Estudou no Instituto de Educação de Nova Friburgo. Amigos da mãe, donos de uma barbearia na Praça Getúlio Vargas, área do atual Shopping Castelinho, o presentearam com uma caixa de engraxate, e ele começou a trabalhar no local.

Não demorou a se tornar amigo dos barbeiros, que até remédios compravam para ele, e encantar dona Olga e seu Alfredo, proprietários da Sapataria Principal. Dona Olga passava para Geraldo incumbências como fazer compras na rua, arrumar estoque, e logo o admitiu na sapataria. Das pequenas tarefas para a função de vendedor foi um pulo. Convincente, conquistou boa freguesia e permaneceu na Sapataria Principal até os 21 anos.

Foi então chamado pelo irmão João, que morava em São Paulo, para trabalhar numa fábrica como tecelão. Geraldo resolveu arriscar, mas, apesar de ganhar bom salário, não se acostumou à vida na capital paulista. Um ano e meio depois, voltou para Nova Friburgo. Aqui, pensando em aproveitar a experiência anterior, fez testes para a Filó e a Ypu, que se interessaram imediatamente pelo seu currículo. Às vésperas de optar por uma das duas fábricas, Geraldo encontrou na rua com Amil, dono da sapataria que levava seu nome e ficava perto do atual Supermercado ABC, e pediu a ele um emprego. Amil não deu resposta na hora, mas Geraldo não se intimidou. Em alguns minutos estava dentro da Beto Calçados, sapataria em que Amil era sócio de Norival Siqueira, e reiterou seu pedido. A insistência deu certo: era uma sexta-feira e, na segunda-feira seguinte, Geraldo estava com a carteira assinada como estoquista da Beto Calçados.

A sociedade entre Amil e Norival se desfez, mas Geraldo continuou na sapataria e rapidamente se tornou vendedor. Passados cerca de três anos, foi promovido a gerente e contratou como vendedor Guarani, que havia trabalhado na Foccus Calçados, vizinha à Sapataria Principal.

Foi Guarani quem, tempos depois, o convidou a investir numa empresa própria. Geraldo não queria abandonar Norival e não dispunha de capital para o negócio, mas acabou convencido por Guarani, que conseguiu um terceiro sócio, um amigo do Rio, para entrar na empreitada com o dinheiro.

Em 12 de agosto de 1983 é inaugurada a Bruno’s Calçados, na Avenida Alberto Braune, onde hoje fica o Bazar Opção. Três anos depois, em 1986, a loja se muda para o endereço atual, no número 44 da Alberto Braune, esquina com Rua Augusto Cardoso.

Em 1991, Guarani decide sair do negócio, que já não contava com o terceiro sócio. Geraldo recorre de novo a Amil. O empresário não aceita entrar na sociedade, mas sugere uma troca de imóveis, que possibilita a Geraldo arrematar a parte de Guarani na empresa. Os momentos posteriores foram de extrema dificuldade. Com dívidas a pagar e sem patrimônio, Gerado só superou os problemas com o apoio da família.

A esposa, Guida, e a filha Jenaína, à época com 15 anos, passaram a dar expediente na loja, acompanhadas depois por Bruno, que entrou com 14 anos. Os filhos tiveram que largar o curso de inglês e mudar o turno da escola para a noite. Até a irmã de Guida colaborou, cedendo a extensão do telefone de sua casa para a empresa.

Em pouco mais de dois anos Geraldo conseguiu estabilizar o negócio. Em 1994 a Bruno’s Calçados engrenou e, dali em diante, os negócios prosperaram. Em 1997 Geraldo abriu a Bambina de Olaria; em 98, a Eleganzza; em 2000, a Mala e Cia.; e, em 2004, a Moda Mix.

Apesar de hoje cuidar mais do escritório que administra as lojas, Geraldo não abandona seus clientes. Alguns só aceitam ser atendidos por ele — e Geraldo larga o que estiver fazendo para buscar no estoque os modelos que mais se adaptam aos seus pés.

Aos funcionários, procura dar a ajuda que um dia recebeu. Recentemente emprestou apartamentos a dois deles, como Norival Siqueira fez num período em que ele próprio, recém-casado, tinha o orçamento doméstico sobrecarregado com o aluguel.

Geraldo é casado há 37 anos com Guida, sua parceira também nos negócios. Os dois filhos seguem os passos do pai no comércio e dividem as responsabilidades nas empresas. Ele é diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Nova Friburgo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade