As negociações para a viabilização do trem suspenso em Nova Friburgo receberam um forte aliado. O projeto, carro-chefe da campanha do prefeito Heródoto Bento de Mello, surpreendeu o presidente da companhia de Schwebebahnen (trem suspenso) de Wuppertal, Alemanha. Michael Malicke, que comanda todo o sistema metroviário de superfície e presta consultoria a diversos países, acatou o projeto, apresentado em alemão pelo emissário do governo municipal, o empresário Irving Paul Sauer, em sua visita à cidade europeia em dezembro último.
Malicke e sua equipe agendaram visita a Nova Friburgo para março e pretendem estender sua estada por 15 dias na cidade, cumprindo um extenso roteiro de reuniões e vistorias. Wuppertal, cujo trem inspirou o arquiteto e diretor superintendente da Empresa Municipal de Habitação e Saneamento (EMHA-NF), Luiz Cláudio Ferreira, a desenvolver a ideia, possui, segundo estudos preliminares, as mesmas dimensões e características de Nova Friburgo. “As semelhanças entre as cidades possibilitam um estreitamento ainda maior das relações com a Alemanha. A iniciativa de se empreender o projeto, que agora ganha um poderoso aliado, partiu de um desejo mútuo dos idealizadores do movimento Nova Friburgo 200 Anos. O empreendimento faz parte de um planejamento macro da cidade para as próximas décadas”, avaliou Luiz Cláudio.
Em carta enviada ao prefeito Heródoto, Malicke destaca as qualidades do projeto e se diz surpreendido com a precisão dos dados apresentados, ressaltando o caráter “inovador e descritivo do empreendimento”. A visita da equipe alemã à cidade marca o primeiro grande passo para o desenvolvimento e concretização do projeto metroviário. “Além da resolução dos problemas relacionados ao tráfego, o trem nos dará uma projeção nacional, que elevará o turismo externo e atuará na captação de recursos para outros projetos”, ressaltou o prefeito e engenheiro Heródoto.
O presidente da companhia do trem suspenso de Wuppertal, além de atuar como consultor, trará consigo duas empresas especializadas na construção e planejamento de estruturas e sistemas conexos à realização do projeto. A parceria público-privada sustentará o aporte de recursos e tecnologia, viabilizando todas as etapas do empreendimento.
A princípio, o poder público investiria na infraestrutura e a iniciativa privada concluiria os planos elétrico, mecânico e eletrônico do projeto, assumindo, posteriormente, a gerência dos serviços, através de concessão.
Futuro promissor
A estrutura desenhada pela equipe friburguense ganhou elogios dos alemães. A ideia foi descrita como “ousada e elegante”. Malicke, presidente da companhia de Wuppertal, garante que o esforço de engenharia e arquitetura despendidos ao empreendimento, além da organização operacional, como a criação da companhia de trem suspenso de Nova Friburgo, serão decisivos para o futuro do projeto.
Segundo o arquiteto Luiz Cláudio, haverá em abril a primeira de uma série de licitações acerca da viabilização do trem. A primeira delas tratará do projeto ferroviário, que definirá a construção da linha principal, que une Olaria a Conselheiro Paulino. Em seguida será definido o tipo de sistema a ser adotado, que se assemelha ao do metrô subterrâneo, e as instalações das estações de embarque.
Pelo projeto alemão, o trem suspenso, que seguirá acima do curso do Rio Bengalas, sustentado em estruturas metálicas, terá três vagões, com capacidade para 360 pessoas (120 em cada), viajando a cerca de 40 km/h. O intervalo para o embarque de passageiros será de dois a três minutos nas duas linhas, que contará com 12 estações, construídas a uma distância de 750 metros entre si.
A linha principal, que une Olaria a Conselheiro Paulino, terá nove quilômetros de extensão e o percurso será feito em no máximo 20 minutos, metade do tempo utilizado pelos ônibus. O trem contará com um sistema elétrico que possibilitará um trânsito quase inaudível e uma operacionalidade simples e não poluente, totalmente automatizada – ou seja, sem utilizar condutores humanos. O sistema será completamente controlado por computadores.
O custo total do projeto e a tarifa de embarque ainda passarão por avaliações e cálculos mais precisos, de acordo com os valores contratuais a serem licitados.
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