Há muito tempo o Paissandu merecia uma alteração no trânsito não só ao redor da Praça Marcílio Dias, mas também em seus acessos. Há exatamente um mês a Autarquia Municipal de Trânsito de Nova Friburgo (Autran) implementou mudanças no local, com a inversão de mãos das ruas Leuenroth e Comandante Ribeiro de Barros e também da Rua Pastor Meyer, que agora tem o sentido de direção da praça para a ponte lateral à Igreja Luterana. Esta alteração permitiu ainda a implantação de um retorno para os motoristas que vêm da Avenida Galdino do Valle Filho e pretendem voltar ao centro da cidade. Com o retorno em frente ao Edifício Itália pode-se acessar as avenidas Padre Roberto Sabóia de Medeiros e Comte Bittencourt, sem a necessidade de contornar a Praça Marcílio Dias.
Com as alterações, a Autran e a Prefeitura de Nova Friburgo comemoram a melhor e tão esperada fluidez no trânsito – estima-se que circulem pelo Paissandu mais de 80 mil veículos por dia. Embora ainda sejam observadas retenções, principalmente nos horários de pico, no Viaduto Geremias de Mattos Fontes e na Avenida Conselheiro Julius Arp, o constante entroncamento de veículos ao redor da rotatória e seus acessos durante todo o dia já não acontece mais com tanta frequência, devido à retirada dos semáforos ao redor da praça. Mas, em compensação, a travessia dos pedestres virou uma missão quase impossível.
O aposentado Jessias Monteiro, 69 anos, reclama que depois da reforma da praça passou a frequentá-la com seu cãozinho Barroso, mas desde a implantação da mudança ele tem dificuldade em chegar até a praça. “Já fiquei aqui mais de dez minutos tentando atravessar onde era o sinal, na esquina da antiga Rua do Arco, e não consegui. Até que um guarda de trânsito me viu e parou os carros para eu passar. Tenho artrose e não consigo correr”, disse Jessias. Situação idêntica passou a doméstica Anecina Cristina Barbosa, 34 anos. Ela também sempre costumava atravessar neste antigo sinal da esquina para ir a um condomínio residencial e desde as mudanças não consegue mais. “Agora prefiro caminhar até a esquina do viaduto e atravessar no sinal”, conta a pedestre.
Já para os motoristas, as mudanças são motivos de comemorações. O taxista Alessandro Campos Motta, 26 anos, conta que agora está bem mais fácil passar pelo Paissandu. “Sem os sinais na rotatória, o tráfego já flui bem melhor, mas as retenções no viaduto agora são mais constantes”, observa ele. Já o motorista de ônibus Antônio Matias diz que a saída dos coletivos na Rua Leuenroth é um pouco dificultada, devido à via ser mais estreita que a antiga Rua do Arco, mas ele aprovou a mudança no tráfego. “Antes a rotatória era um ponto de congestionamento, agora o tráfego flui”, sustenta ele.
Superintendente da Autran comemora as melhorias
O superintendente da Autran, Hudson Miranda, está satisfeito com os resultados das mudanças no trânsito do Paissandu nesses 30 dias. Para ele o trânsito está fluindo melhor e este era o objetivo. Quanto à dificuldade dos pedestres em acessar o centro da Praça Marcílio Dias, o superintendente chama a atenção de que em lugar nenhum do mundo há travessia de pedestres em rotatórias e pede a compreensão das pessoas.
O fato de o trânsito ter ficado menos congestionado foi apontado por Hudson como uma boa notícia. Mas a solução definitiva para trânsito, não só no Paissandu, como em toda a cidade, está na construção da estrada do contorno, que tiraria do Centro principalmente o trânsito pesado, além de muitos outros veículos que, somados aos dos friburguenses - com média de dois por habitante -, chegam a um total apontado pelo superintendente da Autran como um grande problema.
TRAVESSIA FACILITADA
Hudson não vê problemas na travessia dos pedestres na rotatória, desde que obedecidos alguns critérios. “As pessoas têm que entender que têm que andar um pouquinho mais até a outra passagem de pedestres, porque, se a gente reativar o sinal na altura da banca do Marinho, o que vai acontecer é retenção de novo, é congestionamento de novo”. Também pode ser pedido ajuda para a travessia aos dois agentes de trânsito que estão na praça o dia inteiro.
AGENTES NA PRAÇA
Com as mudanças, a Autran atendeu à reclamação geral na cidade, que era a retenção em demasia do trânsito nas imediações do Paissandu, como, por exemplo, as filas que se formavam pela Avenida Conselheiro Julius Arp. Porém, Hudson voltou a frisar que as mudanças proporcionaram uma melhoria e não a solução do trânsito da cidade.
A presença de dois agentes diariamente no Paissandu está ajudando na fluidez do trânsito no local. Eles estão orientados, inclusive, a parar um pouco o trânsito da rotatória para fazer fluir mais o trânsito da Rua Leuenroth e Avenida Geremias de Mattos Fontes. “Isto tem dado um equilíbrio”, garante o superintendente da Autran, porque em determinados horários não há como as ruas da cidade absorverem tamanha quantidade de carros leves e pesados passando ao mesmo tempo. Nesses horários, outros pontos da cidade também contam com as orientações dos agentes da Autran, como a Ponte Branca, entre as avenidas Comte Bittencourt e Galdino do Valle Filho, fazendo fluir melhor o trânsito que sai da Rua Augusto Cardoso.
Hudson Miranda lembra que há 11 anos, desde que a Autran foi criada, não havia nenhuma mudança no trânsito friburguense. E a disposição de sua equipe foi proporcionar algo novo em termos de trânsito. “Ainda não é a solução. É melhoria”, salienta. O superintendente da Autran aposta em mais melhorias do trânsito de toda a cidade de modo geral com a chegada de um controlador de sinais, cedido pela concessionária Rota 116, que administra a rodovia estadual RJ-116, que corta a cidade. O equipamento já está na sede da Autran e deverá estabelecer a chamada onda verde, com a sincronia dos sinais.
CUIDADOS COM A PRAÇA
Hudson Miranda tranquiliza moradores do Paissandu quanto a uma possível ocupação da Praça Marcílio Dias por mendigos, viciados em drogas ou outras pessoas problemáticas, que poderiam ocupar o espaço deixado por eles devido às dificuldade de travessia. Como comandante da Força-Tarefa de Ordem Urbana, Hudson também tem a preocupação de que a praça não seja ocupada por mendigos, como estava a Praça Getúlio Vargas, que recebeu atenção nesse sentido, inclusive com pintura do coreto.
O que tem ocorrido na Marcílio Dias, segundo Hudson, principalmente nas madrugadas, é furto de plantas, o que contrasta com todo o cuidado que os jardins têm merecido do governo municipal. “Eu gostaria de contar com a população para nos ajudar, evitando que haja furtos de plantas dessa praça tão bonita” apela, observando que enquanto alguns se preocupam com sua preservação, outros gostam de depredar e destruir, o que tem de ser evitado.
“A nossa ideia é preservar a Praça Marcílio Dias sempre. Ela está muito bonita. Agora, todos têm que compreender que pelo Código Nacional de Trânsito não existe passagem de pedestre em rotatória. Porque a rotatória é justamente para que o trânsito não tenha interrupção. E aqui as pessoas querem isto. Eu peço a compreensão de todos para que nos ajudem nesse sentido e colaborem conosco para a melhoria desta cidade”, conclama Hudson Miranda.
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