Tradição e modernidade: os limites do balé da Euterpe Lumiarense

terça-feira, 02 de março de 2010
por Jornal A Voz da Serra

A Sociedade Musical Euterpe Lumiarense (Smel) realizou no último sábado, 27, sua aula inaugural de 2010, apresentando à comunidade local e a convidados as atividades que vem realizando e os projetos que pretende desenvolver no sentido de reativar a banda que esteve presente na vida da região a partir de 1891.

Na ocasião, Deidi Mozer, pedagoga e diretora financeira da entidade, explicou as atividades culturais da Smel comparando-as com a agricultura, que dominava a região até muito recentemente. Deide lembrou que nas plantações e nas atividades culturais há uma semelhança: é preciso que haja o cultivo, da terra, no primeiro caso, e do povo, no segundo. Falou na importância da fé, em um e outro caso, da crença no trabalho e nas possibilidades de seus resultados. Assim, inhame, aipim, música e dança são igualmente produtos da aplicação humana e requerem, “observação e cuidado” como disse a pedagoga.

Entre as práticas da Euterpe Lumiarense, complementares à reativação da banda, estão as aulas de balé, ministradas em parceria com o Núcleo de Artes e Dança Estúdio 3, de Nova Friburgo, dirigido por Iani Rocha. O balé foi uma reivindicação da comunidade como atividade complementar à banda de música e tem a ver com a procura da Smel em dar continuidade à revitalização do xote de roda. Trata-se de uma dança tradicional muito comum na região, que algumas pessoas mais velhas praticavam. A Oficina Escola as Mãos de Luz, outro movimento cultural de Lumiar, também tem pesquisado sobre o xote de roda, a partir das memórias dos moradores, já tendo inclusive realizado apresentações da dança.

Na aula inaugural da Euterpe, jovens bailarinas do Estúdio 3 representaram uma versão dançada da música Mulheres de Atenas, de Chico Buarque.

O balé, juntamente com as explicações de Deidi Mozer, sugeriram a ideia de que a Euterpe Lumiarense tem realizado uma espécie de dança em que se alternam as antigas tradições culturais da região de Lumiar, com as necessidades da atualidade, com todas as revoluções na comunicação, principalmente as propiciadas pela internet, e pelas profundas mudanças na economia que reduziram muito a importância da agricultura na região, alterando definitivamente o modo de vida do povo local. Pois é este o ambiente em que a Smel enfrenta o seu desafio de trabalhar a inclusão social e a apresentação de perspectivas para a juventude, através da revitalização da banda com suas atividades complementares. O trabalho em direção à meta de revitalização da centenária banda de música é como um bailado marcado pela alternância entre o tradicional e o atual.

Além do balé, também o teatro do professor Gomes esteve em pauta na aula inaugural, assim como as aulas de piano e o coral, conduzidos por Phílip Gutwein, como outras possibilidades culturais oferecidas pela Smel.

Lilian Barreto, da Secretaria Municipal de Cultura, representando o secretário Roosevelt Concy, parabenizou a Euterpe Lumiarense pelo trabalho que realiza, classificando o que viu como uma “imagem ímpar do esforço coletivo” realizado por seus diretores e parceiros, afirmando que a Secretaria está à disposição da entidade. Girlan Guillan, secretário de Comunicação Social da Prefeitura, também esteve na aula inaugural da Smel, mas na condição de pai de Ilana Guillan, uma das bailarinas do Estúdio 3.

Foi distribuída no evento a segunda edição de Euterpe, o boletim da Smel, que vem se firmando como um veículo de divulgação de assuntos culturais de interesse da comunidade, inclusive a agenda e os horários de atendimento na sede.

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