Torcedores lançam oficialmente movimento 'Abrace o Botafogo'

Projeto visa reunir amigos antigos e contribuir para a reestruturação do clube
quarta-feira, 15 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Torcedores lançam oficialmente movimento 'Abrace o Botafogo'

Um sábado para ficar marcado na vida dos botafoguenses de Nova Friburgo. Todas as características que o alvinegro mais preza compuseram o cenário do evento Abrace o Botafogo: reunião entre amigos, muita festa e a presença de um grande ídolo. Foi desta forma que o movimento iniciou uma série de ações, que será expandida também aos municípios da região. O objetivo é atrair novos sócios torcedores para o Botafogo, sem fins lucrativos ou qualquer relação oficial com a diretoria do clube. Um verdadeiro exemplo de amor incondicional ao time de coração.

“O nosso objetivo é exatamente esse. Ajudar o Botafogo, sem pedir nada em troca. É um movimento para tentar colaborar com a reestruturação do clube. Essa nova diretoria parece séria, e precisamos dar a nossa parcela de contribuição. E os eventos são válidos porque também conseguimos reunir amigos antigos, rever pessoas”, avalia Rafael Faustino, um dos idealizadores do movimento. 

Com este objetivo e ambiente familiar, o movimento Abrace o Botafogo conseguiu reunir pouco mais de 200 torcedores no último sábado, 11, no Clube Filó. Desde o início da tarde o grupo pôde relembrar histórias, reviver alguns momentos marcantes da história do glorioso e aproveitar toda a programação. O ápice aconteceu quando Maurício, um dos grandes ídolos da história alvinegra, chegou ao evento. Recebido com muita festa, o autor do gol do título do carioca de 1989 atendeu a todos os fãs de forma atenciosa, e até mesmo se arriscou a cantar com o grupo de pagode.

“É uma honra estar aqui com os botafoguenses de Nova Friburgo. Quando fui convidado, logo me prontifiquei a vir e permiti que associassem a minha imagem ao movimento. É uma ideia muito legal, exemplar, que merece ser ampliada para todo o país”, declarou.

Apenas no último sábado, 21 pessoas fizeram o cadastro no programa “Sou Botafogo”. A partir de agora a intenção é ampliar essa corrente para outros municípios da região.

“Estamos bem encaminhados para realizar o próximo evento, em Sumidouro, e não vai parar por aí. O objetivo é ajudar o Botafogo, que é a nossa grande paixão. O Maurício Assumpção [presidente da gestão anterior] foi uma grande decepção, mas estamos confiantes no trabalho do Carlos Eduardo Pereira [atual presidente]”, avalia Max Bill, idealizador e coordenador do Abrace o Botafogo.

Atualmente, o alvinegro carioca possui pouco mais de 12 mil contribuintes, número bastante aquém dos mais de 100 mil de Internacional e Palmeiras, recordistas no Brasil. No Rio de Janeiro, o Vasco possui algo em torno de 15 mil, enquanto o Fluminense possui pouco mais de 30 mil e o Flamengo cerca de 60 mil.
A importância do ídolo

Maurício elogia projeto e destaca o carinho dos alvinegros

É fácil observar a importância de um ídolo para o torcedor. A simples presença do ex-jogador Maurício foi capaz de tirar lágrimas dos olhos de alvinegros das mais variadas gerações durante o evento Abrace o Botafogo. Atencioso, atendeu a todos os fãs, um por um, distribuindo autógrafos, abraços e simpatia. Foram dezenas de fotografias por toda a tarde, que certamente vão compor o acervo de recordações de cada botafoguense que pôde registrar o encontro com o atacante.

“Às vezes o jogador não consegue mensurar a importância dele na vida do torcedor. São pessoas apaixonadas pelo clube, que fazem de tudo mesmo e depositam no atleta a confiança para ter uma alegria. É algo fantástico, e curto muito tudo isso, mesmo 26 anos depois.”

O período a que Maurício se refere diz respeito a um dos títulos mais importantes da história do alvinegro de General Severiano. Talvez não pelo peso, e sim, pela representatividade. Botafogo e Flamengo decidiram o Campeonato Carioca de 1989, onde o Glorioso vence o rubro-negro por 1 a 0, com o gol de Maurício. Naquela ocasião, o Fogão encerrava um jejum de 21 anos sem títulos sobre o maior rival — que tinha em seu plantel alguns craques como Zico.

As coincidências tornaram aquela conquista ainda mais especial. O jogo foi disputado no dia 21, e o gol marcado aos 12 minutos do segundo tempo (21 ao contrário). O time também utilizou 12 jogadores na partida. A bola do gol foi cruzada por Mazolinha, no vigésimo primeiro cruzamento dado à área pelo time, e chutada por Maurício. Os números das camisas deles eram, respectivamente, 14 e 7, que somados dão 21. A temperatura no estádio do Maracanã marcava 21°C. Ou seja, tudo levava ao número 21, e para todos os botafoguenses, bastante supersticiosos, aquilo era um sinal de que aquele era o grande dia. O time, que começara desacreditado, era campeão carioca invicto.

“Todo esse significado torna a conquista ainda mais especial. Mesmo a nova geração sabe muito sobre esse título pela importância. Nós tínhamos vários jogadores que poderiam ter feito o gol, mas Deus me iluminou. Muita gente fala que eu fiz falta, mas o choro é livre. O título já está na história”, brinca.

Primeira vez em Nova Friburgo

Dentre tantas histórias, Maurício recorda com mais carinho do encontro com Nilton Santos — bicampeão mundial com a Seleção Brasileira em 1958 e 1962 — nos vestiários do Maracanã, no intervalo da decisão contra o Flamengo. O atacante era dúvida para a partida, e sem conseguir render o esperado, pediu para sair no intervalo. Nilton Santos, no entanto, havia dito que ele faria o gol do título naquela decisão. O então técnico Valdir Espinosa também havia sonhado com o tento do atacante e o manteve em campo. Aos 12 minutos da etapa final, Maurício escorou o cruzamento de Mazolinha para as redes e fez a festa da torcida alvinegra.

“Sempre quando lembro eu fico emocionado. Pelo fato de eu usar a camisa sete, o Nilton Santos me disse que Garrincha me iluminaria dos céus. E assim aconteceu.”

Homenageado pela primeira vez em Nova Friburgo, Maurício elogiou a recepção e a cidade. Atualmente, o ex-jogador trabalha como empresário e cuida de um projeto social esportivo na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Cerca de 10 crianças são atendidas. 

“Hoje trabalho fora do esporte, mas mantenho esse projeto. Às vezes sou convidado para eventos de torcedores, e esta é a minha primeira vez em Nova Friburgo. Gostei muito da cidade, da recepção e do carinho das pessoas. O projeto é muito legal, e merece ser ampliado. Por isso deixei associar a minha imagem ao evento, e que venham os próximos.”

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