Centenário de nascimento de Agnes Gonxha Bojaxhiu (1910-1997), albanesa nascida na Macedônia em Skopje (Capital), Beata Teresa em 2003, por ato da Igreja Católica; freira da congregação missionária que fundou. “Santa das Sarjetas”, “Santa da Escuridão”, “Santa dos Pobres”, Prêmio Nobel da Paz em 1979, simplesmente, Teresa de Calcutá. “Estou grata por receber o Prêmio Nobel em nome dos famintos, dos que estão nus, dos aleijados, dos cegos, dos leprosos, de todos que se sentem indesejáveis, não amados, abandonados, pessoas que se tomaram um fardo e são desprezadas por todos”.
Partiu desse país balcânico, sem saída para o mar, que até 1991 fazia parte da Iugoslávia socialista e onde estão os mais tradicionais seguidores do cristianismo ortodoxo, para penetrar na Ásia, como um braço “desarmado”, feito incomum, uma vez que, tradicionalmente, as missões cristãs foram sempre acompanhadas do “conquistador colonizador”, na Índia, particularmente.
Rastros de amor estão a seguir, compulsados: “O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso”. “Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona. Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação”. “Se você amar até doer, não poderá haver mais dor. Somente amor”. “Nesta vida não podemos realizar grandes coisas. Podemos apenas fazer pequenas coisas com um grande amor”.
No mais, como falar dessa Teresa? Morte, vida, esperança nossa. Testemunho de uma experiência humana. A menina que aos 12 anos decidiu ser freira, “ir pelo mundo afora distribuindo o amor de Cristo”. Aos 17 anos entra para a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, na Irlanda. Monja aos 21, chega a Calcutá, Índia, onde funda uma escola. Aos 30 cria uma congregação – Congregação das Missionárias da Caridade – trabalhando na alfabetização e ensinando noções de higiene a crianças abandonadas e moradores de rua. Amor simples e puro, sem restrições, amor sem limites. ,
Certa vez, Teresa encontra uma mulher agonizando na rua, os pés praticamente devorados por ratos, corpo em chagas coberto de vermes. Enfrenta sérios obstáculos para interná-la em hospitais e resolve abrir o primeiro dos vários de seus lares para moribundos e o chamou de Coração Puro. A empreitada prosperou. O “chamado” aconteceu numa viagem de trem à cidade de Darjeling, com vagões transportando uma multidão de miseráveis e famintos. Entendeu como um chamado de Cristo. Adotou o hábito branco de algodão debruado de azul: o mais simples, o mais barato, o mais pobre, pois não precisa sequer ser passado a ferro.
Leprosos, tuberculosos, aidéticos, famintos: cuidar deles era uma alegria.
Conseguiu Teresa, com beneplácito da Igreja Católica, estender sua atuação humanitária a outros países na construção de orfanatos, escolas, creches e reabilitação de presidiários.
“Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso”. Isto ela provou.
(*) – Jornalista e escritor, reside em Brasília
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