Tempo de crise, tempo de empreender

Momentos difíceis geram grandes ideias
domingo, 24 de maio de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Tempo de crise, tempo de empreender

Num primeiro momento, a deflagração de uma crise assusta. Mas é certo também que, passado o susto, vem uma sensação de fortalecimento que impulsiona. Hoje, crise está associada a mudança, a tomada de atitude, a renovação. O indivíduo fica mais atento, com os sentidos aguçados. Ele supera o medo e a insegurança e se prepara para enfrentar desafios. Quando as oportunidades surgem, o candidato a empreendedor está pronto. Negócio fechado é tempo de arregaçar as mangas, ter paciência e persistência, para, depois de um tempo, fazer um balanço. É grande a expectativa pelos resultados, mas principalmente pela consolidação de uma marca. Pode levar alguns anos. Mas nada impede que se vá saboreando o sucesso, aos pouquinhos, dia a dia. 

Uma crise pode ser vista como uma ocasião de crescimento. A evolução favorável de uma crise conduz a um crescimento, à criação de novos equilíbrios, ao reforço da pessoa e da sua capacidade de reação a situações menos agradáveis. Assim, a crise evolui no sentido da regressão, quando a pessoa não consegue ultrapassá-la, ou no sentido do desenvolvimento, quando a crise é favoravelmente vivida.

Segundo José Dorneles, especialista em empreendedorismo, autor do livro ‘Empreendedorismo, transformando ideias em negócios’, essa questão sempre vem à tona quando o país precisa retomar o desenvolvimento econômico, “pois no sistema capitalista são os empreendedores e suas empresas que movem a economia, criam empregos, geram renda, pagam impostos, etc”.

Ele destaca que ao observar as iniciativas de promoção do empreendedorismo no Brasil nos últimos anos, muitas delas podem ser consideradas bem-sucedidas, principalmente as que se referem ao ensino do empreendedorismo nas universidades, algo já bem disseminado no país.

“Outras, porém, carecem de estudos mais profundos e de uma análise englobando longos períodos para poder ser bem avaliadas. O interessante é que várias iniciativas empreendedoras que desenvolvemos por aqui foram inspiradas em experiências americanas”, diz.

Dorneles cita um estudo recente publicado pela Fundação Kauffman nos EUA apresentando o que os pesquisadores consideram como linhas mestras para a promoção do empreendedorismo naquele país, com vistas a retomar o crescimento econômico por vários anos.

“Nossos governantes deveriam, no mínimo, ler o relatório, que traz alertas para as atividades de promoção do empreendedorismo que são perfeitamente aceitáveis aqui no Brasil. Algumas verdades tidas como “imexíveis” por aqui são confrontadas sem rodeios por lá”, reitera. 

Uma delas, de acordo com ele, é o estímulo às incubadoras de empresas. Historicamente, as incubadoras têm sido um modelo de promoção do empreendedorismo no Brasil, que foi inspirado na experiência americana, entre outras.

“Em tempos de recursos escassos, os pesquisadores americanos recomendam mais ações práticas, que promovam encontros com empreendedores em suas regiões e não necessariamente o investimento em infraestrutura para a instalação de startups”, finaliza Dorneles.

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