TELEVISÃO - Panos, adereços e personalidade

Raquel Galvão adota estilo elegante sem seguir cartilhas de moda
sexta-feira, 08 de agosto de 2008
por Jornal A Voz da Serra
TELEVISÃO - Panos, adereços e personalidade
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Quando questionada sobre quem considera um exemplo de elegância, Raquel Galvão não hesita: Agostinho Carrara, o taxista suburbano vivido por Pedro Cardoso em “A Grande Família”. Por aí, dá para perceber que a intérprete da Melissa – uma das “meninas” do bordel de Cilene, vivida por Elizângela – em “A Favorita” não é lá muito adepta de padrões estéticos tradicionais. Ao contrário. Nascida em Afogados da Ingazeira, sertão de Pernambuco, ela conta que, antes de sair de lá para seguir carreira de modelo em São Paulo, já gostava de chocar. “Eu ia para o forró de meia-calça e blusa preta, saia lilás, maquiagem carregada e com uns dreads no cabelo. Sentia-me confortável na minha estranheza”, diverte-se, durante sessão de fotos realizada no Clube Marapendi, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Mas o estilo “único” não impede que Raquel siga determinados padrões. A linha “básica”, por exemplo, ela adora. Tanto que a atriz, que nunca dispensou xadrez e estampas variadas, está numa fase em que prefere cores mais sóbrias, como o preto e o branco. “Também estou aprendendo a gostar de dourado, que até pouco tempo considerava cafona”, acrescenta. Peças que explorem a feminilidade também estão em alta em seu guarda-roupa. Antes adepta de bonés e calça comprida, ela vem aderindo às saias e decotes, além dos inseparáveis saltos, que ela jura se equilibrar tranqüilamente pelo tempo que for preciso. “Tinha um estilo meio ‘menino’. Vergonha de usar decote, saia... Agora estou mais mulher, menos ‘menininha’”, avalia.

Nada fiel a grandes marcas, a atriz de 21 anos também adora garimpar peças em brechós e supermercados. Ela conta que há tempos procurava um blazer preto de determinado modelo e nunca encontrava. Até que, enquanto fazia compras em um hipermercado, deparou-se com o “perfeito”. Na época em que trabalhou como modelo na África do Sul, por exemplo, ela jura ter encontrado peças “incríveis” em brechós. “Até uso roupas de marca, mas não ligo para isso. Dá para encontrar coisas lindas em lugares alternativos”, ensina ela, que tira qualquer maquiagem ou penteado de letra. “Também sei fazer as unhas, me depilar... Me viro numa boa, e é bom porque fica do meu jeito”, garante.

Como o guarda-roupa muitas vezes denuncia a personalidade, dá para perceber que o que não falta a Raquel é atitude. Não é à toa que, aos 15 anos, ela resolveu sair de sua cidade natal e ir para Recife atrás do sonho de ser modelo. Algumas decepções depois, ela conseguiu contato com uma agência então recém-inaugurada de São Paulo que a escalou para seu “casting”. Em um mês, estava em Milão. Mas odiou a experiência. “É muito difícil ficar longe de todo mundo, num país que não fala a sua língua”, explica. Na volta, estava decidida a largar tudo quando surgiram oportunidades de trabalho na África do Sul. Aí sim, valeu a experiência. “Só reforçou a minha paixão pela moda. Adoro tudo, principalmente fotografar”, aponta.

A estréia na tevê aconteceu após Raquel ser aprovada no teste para a Oficina de Atores da Globo, em agosto de 2007. Em março deste ano, ela teve a notícia de que estava no elenco de “A Favorita”. E adorou. “Descobri o quão maravilhosa é a interpretação. Poder liberar emoções sem compromisso é fascinante”, pontua. Na pele de uma prostituta, ela conta que conversou com várias profissionais do ramo e surpreendeu-se com tal universo. “Elas sofrem preconceito, mas não são encucadas. São felizes e falam de tudo sem pudor”, conta, fazendo um paralelo à personagem que interpreta. “Ela é prostituta, hippie e nordestina. Uma comédia só, e acho o máximo ser um núcleo engraçado e nada apelativo”, encerra, com sotaque para lá de carregado.

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