por Carla Neves / PopTevê
O convite para “Ciranda de Pedra” deixou Ana Paula Arósio ressabiada. Afinal, a atriz, de 32 anos, interpretaria a mãe de três adolescentes, com idades para serem suas irmãs mais novas. “Já tinha feito mães. Mas era sempre mãe de criança. Não tinha uma personagem para contracenar como minha filha!”, estranha ela, que na trama é mãe de Anna Sophia Folch, Ariela Massotti e Tammy Di Calafiori, de 23, 24 e 19 anos, respectivamente. Mas, depois de pensar bem, a atriz conseguiu substituir o estranhamento inicial pela lógica dos anos 50, época em que a próxima novela das seis se passa. “Nessa época, as mulheres casavam muito cedo. Cheguei até a fazer as contas: a personagem deve ter casado com 15 anos e logo engravidou. Ela teria apenas três anos a mais do que eu”, teoriza, entre risos.
Na trama assinada por Alcides Nogueira e inspirada no romance “Ciranda de Pedra”, de Lygia Fagundes Telles, Laura, a personagem de Ana Paula Arósio, é casada com o pragmático advogado Natércio Silva Prado, vivido por Daniel Dantas, que vem de uma família quatrocentona de São Paulo. Reprimida pelo marido, ela sofre de sérios distúrbios mentais e acaba descobrindo o amor ao conhecer o neurologista Daniel, de Marcello Antony, médico contratado para tratar dela. “A Laura e o Daniel se apaixonam loucamente e ela acaba tendo uma filha com ele. A partir daí, a relação familiar dela fica muito difícil”, adianta.
Tudo se complica quando Natércio, ao constatar a traição, ameaça tirar a guarda das filhas de Laura – Bruna, Otávia e Virgínia, vividas, respectivamente, por Anna Sophia Folch, Ariela Massotti e Tammy Di Calafiori – caso ela o abandone. É aí que o trio – Natércio, Laura e Daniel – faz o seguinte pacto: para o escândalo ser abafado, a caçula é criada como uma Silva Prado, impedindo que o médico reconheça a paternidade da menina. “É uma situação muito delicada. Mas, quanto maior a dificuldade, mais gostoso e prazeroso é para o ator”, opina.
Para dar credibilidade à mãe das três garotas, Ana Paula fez uma profunda preparação corporal com Rossela Terranova. Tudo para criar uma relação de intimidade com as jovens atrizes que interpretam suas filhas na trama. “Afinal, é uma relação muito complicada, já que a vida da minha personagem foi entrar e sair em clínicas psiquiátricas”, constata. A atriz conta que, quando a personagem não está internada, fica em casa trancada, o que a afasta ainda mais das meninas. “A Laura criou as meninas, mas não as conhece bem. Tanto que, quando volta para casa depois de uma internação, se emociona ao ver pela primeira vez a filha mais nova com um vestido de festa”, conta a atriz, marcada por constantemente ser escalada para tramas de época.
Apesar de vira e mexe ser convidada para interpretar personagens de época, Ana Paula garante que não tem preferência pelas tramas históricas. “Na verdade, tenho preferência por personagens. Não me importo se eles são de época ou atuais. Tenho de gostar do personagem e ter segurança nas pessoas com as quais vou trabalhar”, assegura. Acostumada a viver mulheres à frente de seu tempo, Ana confessa que está particularmente encantada com Laura. “A Laura é a personagem mais de época que já fiz até hoje. Até porque ela não quer ser livre, virar uma libertadora feminista, nada disso. Ela só quer ficar com o homem que ama e com as filhas”, observa.
Para ter Daniel, o amor de sua vida, Ana Paula adianta que Laura vai abandonar o casamento de aparências e a linda casa no Jardim Europa para morar no humilde sobrado do médico, na Vila Mariana. O reencontro aparentemente feliz do casal, contudo, será interrompido pela morte de Laura, cuja doença vai ser alimentada à distância por Natércio. “No começo, ia morrer no capítulo 50. Agora passou para o 80. E o Alcides acabou de me dizer que está com dó de me matar. Não sei de mais nada”, diverte-se ela, que ainda vai aparecer em “flashbacks” até o fim da novela.
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