Alexandra Richter se divide entre o teatro e as gravações de Passione
Para alguns atores, fazer comédia é algo premeditado, onde o tempo das piadas é estudado e as risadas do público acontecem na hora certa. Não é este o caso de Alexandra Richter. Para a atriz, fazer humor é algo natural, tanto na vida quanto no trabalho. “Tenho um compromisso com alegria. Sempre fui a engraçada do grupo, até quando conto uma tragédia, todo mundo ri”, dispara. Dona de olhos azuis vivos, sempre falante e extrovertida, é com satisfação que ela encara o atual momento profissional, onde se divide entre o trabalho na novela Passione, da Globo, e a encenação do espetáculo A História de Nós 2. “É complicado conciliar o pesado roteiro de gravações de uma novela das oito e cinco sessões da peça por semana, mas não reclamo. Sinto que este é o momento mais certo para viver isso”, analisa a atriz, que no folhetim de Sílvio de Abreu, dirigido por Denise Saraceni, dá vida a ambiciosa Jaqueline. Já nos palcos, conta a história de Lena, que, em cena, se divide em ser uma ‘mammy’, uma mulher sexy e uma profissional bem-sucedida na comédia escrita por Lícia Manzo, com direção de Ernesto Piccolo.
Enquanto na TV Jaqueline quer sabotar o casamento de Clô e Olavo, personagens de Irene Ravache e Francisco Cuoco, no teatro, Lena tenta salvar seu casamento com Edu, papel de Marcelo Valle. O ponto em comum entre os dois trabalhos é o humor tão comum na carreira de Alexandra, que neste ano completa 20 anos de serviços prestados ao gênero. E não sente receio algum em ficar limitada a papéis cômicos. “Não perco um minuto pensando nisso. Algumas atrizes de comédia têm a necessidade de fazer logo um drama, apenas para corresponder às cobranças da mídia, mas não ligo para isso”, avisa. Mesmo que, a curto prazo, um trabalho dramático não esteja nos seus planos, a atriz sabe que no dia em que sentir vontade de fazer algo diferente, terá condições e ‘jogo de cintura’ para produzir o espetáculo. “Passei por algumas dificuldades na carreira e essas experiências me ajudaram a ter autonomia, comecei a criar as minhas oportunidades e isso fez toda a diferença”, garante.
A História de Nós 2 também é fruto da visão empreendedora da atriz e nasceu do desejo de continuar a parceria de sucesso com Ernesto Piccolo e Marcelo Valle, surgida no espetáculo Divã, de 2005. Para levar a peça aos palcos, a atriz juntou-se aos amigos, a autora da história e ao diretor de produção Gustavo Nunes e criou uma cooperativa. “Somos sócios e muito amigos, todas as decisões são tomadas em conjunto e as coisas funcionam muito bem. Queríamos fazer uma peça sobre casais e fomos atrás de patrocínio”, lembra. O espetáculo fala sobre relacionamentos a partir de uma perspectiva simples e de fácil identificação com o público. “Os casais se cutucam o tempo inteiro”, revela, aos risos. “Uma das polêmicas da peça é a questão do sexo depois do casamento. Para onde vai? As pessoas morrem de rir, mas se veem nessas situações”, completa.
Para compor a personagem, Alexandra não fez nenhuma pesquisa específica, apenas passou a observar com mais afinco as relações a sua volta e seu próprio casamento. “Tenho 13 anos de casada e sei das dificuldades e das delícias de uma relação. Não só eu, mas minhas amigas também se enxergam muito na Lena”, admite. Para a atriz, as mulheres ainda carregam um peso maior na sociedade, pois acumulam muitas funções. “É preciso se dividir em várias todos os dias. E ainda precisamos estar sempre lindas”, brinca.
A peça comemora em agosto o sucesso de um ano e quatro meses de temporada. Para Alexandra, cada apresentação é única e a relação com a plateia é sempre surpreendente. “No teatro você percebe as reações imediatas. Gosto deste contato com o público”, conta a atriz, que não segue nenhum ritual excêntrico para entrar em cena, mas tem seus segredos. “Chego sempre cedo, acendo uma vela para os meus santos protetores, escovo os dentes, me maquio, visto o figurino e pronto”, conclui.
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