Baixa audiência, novos formatos e poucas
novidades marcaram o ano de 2008
Definitivamente, 2008 foi um ano ruim para a teledramaturgia. Afinal, o fantasma da baixa audiência rondou grande parte das produções. Na Globo, novelas foram encurtadas e outras registraram o pior Ibope da tevê nos últimos anos. Para se ter uma ideia, “A Favorita”, de João Emanuel Carneiro, estreou no dia 2 de junho, com média de 35 pontos e 39 de pico. Tal índice é considerado morno para o horário nobre da emissora, que, na década de 90, registrava uma média de 60 pontos. Apesar de a estreia não ter sido das melhores, no decorrer dos meses a trama se recuperou e chegou a uma média de 48 pontos no dia 16 de dezembro. A média atual é de 40 pontos.
Enquanto na teledramaturgia a audiência, especialmente a da Globo, andou “mal das pernas”, na linha de shows o público “usou e abusou” do controle remoto. E não perdeu as novidades dos outros canais. Tanto que o “CQC”, que estreou no dia 17 de março na Band com apenas 2 pontos, registra agora média de 5 pontos e 7 de pico nas noites de segunda, bons números para a emissora. Outra estreia em 2008 que não passou despercebida foi o “Sábado Animado”, do SBT. Apresentado pela pequena Maisa Silva, de 6 anos, o programa – que vai ao ar aos sábados das 7h às 12h45 – chegou a empatar com a Globo no primeiro lugar do Ibope em agosto. Tudo por conta da menina prodígio e suas tiradas excepcionais.
Como vem acontecendo há quatro anos, em 2008 a Record continuou a investir pesado em novelas. Não à toa, no meio do ano a emissora estreou duas: “Os Mutantes – Caminhos do Coração”, no dia 3 de junho; e “Chamas da Vida”, no dia 8 de julho. A primeira continuou – afinal, é a continuação de “Caminhos do Coração” – a apostar nos mais variados mutantes: de feras e vampiros a lobisomens e serpentes. E, por incrível que pareça, registrou 14,3 pontos – média considerada mais do que favorável para o horário das oito, que compete diretamente com o tradicional “Jornal Nacional”, da Globo.
Nesta emissora a audiência aquém do esperado não foi “mérito” apenas de “A Favorita”. Lançada com a missão quase impossível de reerguer a malfadada audiência das seis da tarde, “Negócio da China”, de Miguel Falabella, conseguiu obter um desempenho abaixo do de sua antecessora, “Ciranda de Pedra”. Na estreia da trama, no dia 6 de outubro, e nas três semanas seguintes, os números não foram nada satisfatórios: a novela registrou média de 21 pontos. Mesmo tendo como casal de protagonistas os populares Grazi Massafera e Fábio Assunção, o folhetim não caiu nas graças do público.
Como se não bastasse a ínfima adesão inicial dos telespectadores à história, a audiência sofreu outro baque com a saída de Fábio Assunção. Alegando problemas de saúde, o galã pediu para sair do folhetim no dia 13 de novembro. Ou seja, um mês e sete dias após a estreia. Grazi Massafera, a doce Lívia, teve de segurar as pontas sozinha. E sua mocinha mudou de rumo, se envolvendo mais seriamente com o padeiro João, de Ricardo Pereira.
Mas, se 2008 foi de azar para algumas produções dramatúrgicas, para outras uma onda de sorte falou mais alto. É o caso da produção “teen” “Malhação”. A novelinha – que chegou a ter a temporada deste ano antecipada por conta da má audiência de 2007 –, conseguiu arrebatar crianças e adolescentes apostando no amor entre a pobre Angelina, de Sophie Charlotte, e o riquinho Gustavo, de Rafael Almeida. E chegou a marcar, em novembro, 27 pontos de média – índice superior ao da atual trama das seis.
Para o telejornalismo, o ano foi de muito trabalho. Das Olimpíadas na China, em agosto, às eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro, os telejornais não perderam um detalhe. Afinal, quase todas as emissoras enviaram suas equipes jornalísticas aos dois países.
Como se vê, 2008 teve pouquíssimas novidades. Apesar de uma quantidade grande de estreias, nenhuma fugiu ao formato tradicional. Talvez por isso os telespectadores tenham perdido o interesse pela tevê. Afinal, nada mais sem graça do que dar atenção aos modelos de sempre.
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