Quem se lembra dos memoráveis desfiles da Imperatriz de Olaria na Avenida Alberto Braune terá que se acostumar com a ideia de não vê-la em 2015. Sem dois dos principais patrocinadores, em consequência das denúncias de corrupção no resultado deste ano (em que a vermelho e branco nem tinha participação), entre outros fatores, ficou praticamente impossível preparar o desfile. O presidente André Gripp, advogado, lamenta toda essa situação e um possível afastamento de torcedores e simpatizantes, mas não quer entregar a escola para a próxima diretoria com dívidas. Ele deixa o cargo em março do ano que vem.
UMA SUCESSÃO DE FATORES – Assim o presidente classificou a situação que impede a vermelho e branco de desfilar. O primeiro deles é a suspeita de corrupção nos resultados do carnaval deste ano, que gerou um processo judicial, movido pela Unidos da Saudade contra a Liga das Escolas de Samba e Blocos de Enredo de Nova Friburgo (Liesbenf), que afetou também as demais escolas, tanto que seus diretores têm que prestar depoimento perante o juiz. Por ocasião dessa suspeita, André se manifestou pela anulação total do resultado do desfile deste ano.
A consequência foi que a Imperatriz — mesmo sem participação no episódio — acabou por perder dois grandes patrocinadores. A participação da iniciativa privada sustenta cerca de 60% das despesas. O presidente afirma que seria irresponsabilidade sua querer fazer um carnaval com os poucos recursos da escola, mais a subvenção da Prefeitura. Até porque o caso da suspeita de corrupção ainda não teve uma decisão, o que pode influenciar, inclusive, na questão do repasse da subvenção da Prefeitura. Está prevista uma audiência de conciliação do caso hoje, 3.
DECISÃO DEFINITIA – A ausência da Imperatriz no desfile do carnaval 2015 já estava decidida desde outubro passado, depois de algumas reuniões da diretoria, quando foram expostas as diversas situações. Inclusive a liberação da subvenção da Prefeitura somente 15 a 20 dias antes do desfile, o que impediria sua utilização antes, a fim de preparar um desfile mínimo. Afinal, os trabalhos se iniciam em maio ou junho visando o carnaval do ano seguinte.
Essa situação só seria resolvida mediante um empréstimo para ser quitado quando da liberação da subvenção. Outras situações chegaram a ser analisadas para o desfile, porém não se concretizaram.
Com a decisão tomada, André se julga frustrado. Afinal, um presidente procura fazer o melhor para a comunidade em geral. Como ele, todos os demais membros da diretoria são voluntários, não ganham nada para isso, e ainda têm prejuízos junto à família e ao aspecto profissional. Nos meses de janeiro e fevereiro a necessidade da presença é praticamente integral, são várias as viagens ao Rio, além do pós-carnaval. André considera essa parte a "mais sofrível”: o retorno dos carros alegóricos ao barracão, retorno das fantasias, separação, armazenamento e, por fim, a prestação de contas.
Mas o martelo está batido. Sem os recursos da iniciativa privada não há como a escola desfilar, não há como ter profissionais trabalhando na preparação do desfile. Ou a Imperatriz manteria o mesmo nível dos desfiles anteriores ou não desfilaria. Chegou a ser ventilada a possibilidade de a Imperatriz desfilar reaproveitando material, com o que a maioria dos diretores não concordou, por considerarem um retrocesso.
A AUSÊNCIA E OS TORCEDORES – A ausência de um ano da Imperatriz no carnaval, segundo o presidente, prejudica a participação da comunidade na escola. Afinal, são diversas pessoas de Olaria, Alto de Olaria e lugares adjacentes que frequentam a escola nos eventos realizados em sua quadra. E assim se animam a participar mais ativamente. Na opinião de André, com a ausência, essa participação tende a se reduzir.
Porém, em contrapartida, a decisão permite deixar para a próxima diretoria a receita da venda do material, como é feito todo ano. Segundo André, isso facilita um pouco a situação do próximo presidente para que ele inicie seus trabalhos. Embora o valor a ser deixado não seja suficiente para a realização do desfile de 2016, ele poderá, por exemplo, comprar algum material no Rio de Janeiro.
Dessa forma, o presidente afirma categoricamente que só os eventos promovidos na quadra o ano inteiro não são suficientes para o desfile da escola. Suprem por volta de 15% das necessidades. Mesmo assim há de se levar em conta que, das escolas de samba de Nova Friburgo, a Imperatriz foi a que empregou o menor valor. Por isso, a participação dos patrocinadores é fundamental. "É impossível fazer carnaval sem o apoio da iniciativa privada, somente com o valor que a Prefeitura repassa hoje de subvenção”, afirma.
Aos que gostam da Imperatriz, o presidente, entristecido com essa situação, salienta que foram fatos externos que motivaram a decisão da diretoria. A Imperatriz nem estava envolvida no caso de suspeita de corrupção no desfile deste ano. Porém, a repercussão do caso na cidade acabou afetando a escola diretamente. A pretensão de André Gripp e sua diretoria era estruturar a Imperatriz no seu primeiro ano de mandato e fazer um desfile muito melhor no segundo ano. Mas, infelizmente, com a perda de receita, tornou-se impossível essa missão. "Como eu disse, eu seria muito irresponsável em preparar um desfile e eventualmente deixar dívida para a próxima diretoria. Isso de forma alguma eu vou fazer”, finaliza André Gripp.
NÃO QUER DE NOVO – O mandato do atual presidente da Imperatriz segue até o dia 15 de março do próximo ano e ele não quer continuar. Inclusive devido a situações particulares que não o permitem.
Por outro lado, André cita que o desfile em si não o preocupa, e sim, o pós-carnaval, com poucos colaboradores, o retorno dos carros alegóricos, colocá-los de novo no barracão e, principalmente, honrar os pagamentos que seriam feitos com a segunda parcela dos patrocinadores. "Isso eu não quero de novo”, conclui.
Festival de Corais: o clima de Natal se consolidando
Pelo quinto ano consecutivo será realizado o Festival de Corais de Olaria, nas paróquias São Roque e Nossa Senhora das Graças. As apresentações começam no dia 6 e seguem até o dia 21, aos sábados e domingos.
No sábado, 6, às 20h, na Paróquia São Roque, o Coral Arautos do Evangelho Setor Feminino abre o festival, com regência de Cristiane Marques. No domingo, 7, também às 20h, na Paróquia N. S. das Graças, será a vez do Coral Santa Catarina de Labouré, com o regente Andréa Senna.
O festival continua com dois corais no domingo, 14. Na Paróquia São Roque, às 19h30, apresenta-se o Coral Imaculada Conceição, com o regente Marcos Antônio da Conceição. Na Paróquia N. S. das Graças, às 20h, apresenta-se o Coral Grêmio Português, sob regência de Lanúzia Pimentel.
No sábado, 20, outros dois corais participam do festival de Olaria. Na Paróquia São Roque, às 20h, apresenta-se o Coral Arautos do Evangelho Setor Masculino, regido por Roberto Ferronato, e na Paróquia Nossa Senhora das Graças, às 19h, o Coral Imaculada Conceição, sob a regência de Marcos Antônio da Conceição.
A quinta edição do Festival de Corais de Olaria será encerrada no domingo, 21, às 20h, com o Coro Lírico Acrópolis, regido por Ágni de Souza, na Paróquia Nossa Senhora das Graças.
Todas as apresentações são gratuitas e têm classificação livre (menores de 18 anos devem estar acompanhados dos pais ou responsável). A promoção é das paróquias São Roque e Nossa Senhora das Graças.
Deixe o seu comentário