Supermercados de Friburgo começam a racionar mercadorias

Comércio já apresenta prateleiras vazias e limita vendas; postos continuam sem combustíveis
sexta-feira, 25 de maio de 2018
por Alerrandre Barros (alerrandre@avozdaserra.com.br)
Ovo, com venda limitada, já acabou no Cavalo Preto (Fotos: Alerrandre Barros)
Ovo, com venda limitada, já acabou no Cavalo Preto (Fotos: Alerrandre Barros)

O quinto dia de greve dos caminhoneiros no país levou supermercados de Nova Friburgo a limitar a compra de produtos por clientes. Por causa do aumento da procura, desde a última quinta-feira, 24, a Casa Friburgo espalhou pelas suas unidades, no Centro, cartazes (foto) limitando a venda a 10 kg de arroz, 5 kg feijão e açúcar e 2kg de carne. A rede de supermercados fez isso para “atender e beneficiar o maior número de clientes”.

Os grandes mercados da cidade têm produtos em estoque, mas começa a faltar, sobretudo, itens de hortifrutigranjeiro, como legumes, verduras, frutas e ovos. Pães de grandes marcas também. Já há gôndolas desses alimentos parcial ou totalmente vazias. Sacolões não abriram as portas nesta sexta.

No Extra também faltavam verduras (foto).

A Ceasa, em Conquista, informou que continuavam retidas, nesta sexta-feira, 25, cerca de 50 toneladas de produtos agrícolas nas estradas e que a previsão é que 80% desses alimentos estraguem neste fim de semana. A paralisação aumentou preços da caixa de produtos em até 400%. A batata inglesa, por exemplo, subiu de R$ 64 para R$ 320, mas na sexta já estava em falta, assim como outros itens.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio), Braulio Rezende, o comércio, cujas vendas já vinham apresentando quedas consecutivas, deve registrar desempenho ainda mais fraco neste mês, em função do desabastecimento. “Todos os setores do comércio vivem problemas sérios gerados pela greve. A cidade está sem movimento e a população está preocupada sem saber o desfecho dessa situação tão grave”.

Postos de combustíveis continuaram com as bombas zeradas e permaneceram fechados nesta sexta  (foto). A corrida desenfreada de motoristas para encher os tanques nos dias anteriores deixou postos às moscas. Alguns passaram a oferecer somente o serviço de lavagem de veículos. Frentistas foram vistos deitados nos postos, já que não havia o que fazer. Por conta disso, motoristas tiveram que deixar o carro em casa e alguns foram vistos andando de bicicleta pela cidade.

Escolas não abriram as portas

Sem combustível, escolas não abriram as portas, principalmente, no distrito de Campo do Coelho. “As diretoras tiveram autonomia para organizar os turnos, com ajuda dos servidores que moram próximo às unidades. Creches funcionaram no primeiro turno. As escolas Alcides Francisco Brantes, Vevey La Jolie e Cypriano Mendes da Veiga, Hermínia Condack, José Alves de Macedo e Rei Alberto I não funcionaram por falta de funcionários que não conseguiram chegar às unidades”, informou a Secretaria Municipal de Educação.

A prefeitura reiterou que o combustível está sendo usado prioritariamente em ambulâncias e outros veículos da Secretaria Municipal de Saúde para transporte pacientes para cirurgias, exames e tratamentos fora do domicílio, assim como para locomoção da Assistência Social e também dos ônibus escolares.

Menos ônibus no fim de semana

Também com óleo diesel a conta, empresas de ônibus mantiveram as viagens reduzidas. Para este sábado, 26, a Faol, que opera o transporte municipal, comunicou que vão circular somente as linhas Olaria - Conselheiro, Olaria - Terra Nova, Olaria - São Jorge, Catarcione, Jardim Califórnia, Alto do Floresta, Maria Teresa, Riograndina, Nova Suíça, Amparo, Cascatinha, Theodoro, São Pedro da Serra, Varginha, Conquista e São Geraldo.

O número de linhas em operação deve cair ainda mais no domingo, 27, chegando a 50%. Só devem circular os coletivos que fazem Conselheiro, Olaria - Terra Nova, Olaria - São Jorge, Jardim Califórnia, Riograndina, Nova Suíça, Amparo, Alto de Olaria, Cascatinha, Theodoro, São Pedro da Serra, Conquista, São Geraldo.

O transporte intermunicipal também vai operar com intervalos maiores. A Auto Viação 1001 informou que isso vai acontecer com a frota que liga as cidades de Nova Friburgo, Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu, Banquete, Macuco, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto e demais cidades do entorno. Linhas rodoviárias que partem dos terminais Sul e Norte, poderão ter algumas viagens alteradas ou canceladas.

“Estamos pedindo para que os passageiros se direcionem aos guichês para confirmarem possíveis alterações, conforme disponibilidade. Caso o cliente opte por não viajar, ele poderá fazer a remarcação de maneira gratuita, respeitando os seguintes períodos: rotas estaduais, até 30 dias, e rotas federais até um ano”, acrescentou a empresa.
 

Por conta do piquete, os caminhões de coleta seletiva da EBMA não saíram da empresa, no Córrego Dantas, nesta sexta-feira, 25. Pelas ruas da cidade, grande quantidade de lixo se acumulou nas calçadas (foto). A prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Serviços Públicos fará a coleta nos locais mais críticos até que a situação se normalize.

Durante o dia, manifestantes bloquearam a passagem de caminhões na RJ-130 (Friburgo-eresópolis) e na RJ-116 (Itaboraí-Macuco). Eles também realizaram paralisações no trevo de Duas Pedras, que conecta as duas rodovias estaduais, e no acesso ao bairro São Geraldo e à Estrada do Girassol, via alternativa para o distrito de Conselheiro Paulino (primeiro foto abaixo). No trevo de Mury, acesso à RJ-142 (Serramar), também houve barreiras para caminhões (segunda foto abaixo). No Paissandu, taxistas e motoboys realizaram um apitaço em apoio à greve.

Os caminhoneiros querem a redução e o fim da oscilação constante do preço do óleo diesel. Também pleiteiam isenção no pagamento de pedágios para caminhões vazios, uma política de preços mínimos para o frete e a criação de um marco regulatório.

Sem acordo

No início da tarde, o presidente Michel Temer autorizou o uso de forças federais de segurança para liberar as rodovias bloqueadas pelos caminhoneiros no país. Isso porque a paralisação da categoria continuou nesta sexta, apesar de no dia anterior, o governo ter anunciado acordo com parte dos manifestantes para suspensão dos protestos por 15 dias. Antes do fechamento desta edição, militares começaram a atuar nas principais rodovias do país.

 

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