A volta da conexão e as panelas argentinas!
Finalmente, depois de longo hiato, volto a cunhar neste tradicional jornal minhas considerações jornalísticas, através desta nossa Superfree, ou poderia ser SuperFri, já que quando esta coluna foi batizada por mim, com o aval da editora Angela Pedretti, a sacada do nome tinha o intuito de fazer uma alusão à cidade de Nova Friburgo e também sugerir uma conotação de liberdade de expressão, que não limitasse este espaço a nenhuma editoria específica.
E, curiosamente, em minha estréia na Superfree dediquei uma coluna inteira ao programa de tevê Manhattan Conexion, do canal GNT, e não é que justamente agora, neste momento que volto a colaborar com este jornal, vejo no embalo das comemorações dos 15 anos do programa comandado por Lucas Mendes, que o M.C. está mais em voga do que nunca?
Méritos também, é claro, para os outros três cavalheiros da mística bancada – Caio Blinder, Ricardo Amorim e Diogo Mainardi –, que são mesmo “obrigatórios”, além, é claro, da diva do jornalismo cultural, Lúcia Guimarães.
Gostaria de deixar claro que, como ninguém vive sem a influência da mídia, o tipo de jornalismo feito no Brasil deveria ter mais a cara do Conexão, no sentido de não se ter medo de opinar, de ser crítico, mas com bom senso, pois devemos mesmo nos indignar com tudo o que segue errado no Brasil e no mundo e, se possível, ter a característica que mais me encanta nos membros do programa: a fina ironia, que faz mais uma vez grandiosa a máxima de que na tevê é possível informar e divertir ao mesmo tempo, aliás, a proposta central também do Pop Mix!
O concreto já rachou
Já na era Pop Mix Grão Café, vejo por esses últimos tempos, após mais um panelaço na Argentina (salve a capacidade de indignação dos portenhos!), que uma das grandes opiniões disparadas ainda em 2007, no Manhattan Conexion, faz um belo link com um recente protesto na terra de Charly Garcia. Seu autor, Diogo Mainardi.
Se o colunista da Veja tem sempre razão é outra discussão, mas, em um dos programas (que sempre vai ao ar nas noites de domingo, às 23h), ele afirmou que se a capital do Brasil fosse em SP ou no RJ, por exemplo, seria mais fácil “vigiar” os políticos, já que eles devem andar na linha em benefício do povo brasileiro e, segundo Diogo, em Brasília é mais fácil que certas mazelas passem despercebidas. Mainardi me fez lembrar de Herbert Vianna na canção 300 picaretas, que trazia os seguintes versos: “Brasília é uma ilha/eu falo porque eu sei/uma cidade que fabrica sua própria lei/onde se vive mais ou menos como na Disneylândia/Se essa palhaçada fosse na Cinelândia/Ia juntar muita gente pra pegar na saída”...
Existem especialistas que acreditam, inclusive, que para Brasília seria melhor deixar de ser a capital, assim a cidade teria vida própria mais interessante, do que sempre “presa” como é ao universo político e, sob o ponto de vista cultural, talvez com a saída do pessoal do Congresso, Brasília pudesse até desenvolver uma vocação cult e virar uma boa opção para a classe artística. Quem sabe se de DF a cidade não vira algo como a Seattle brasileira?
O fato é que, com tantas barbaridades acontecendo no cotidiano brasileiro, algo de muito importante precisa ser mudado. Não sei se a capital propriamente, mas pergunte a algum argentino se ele não acha que Cristina Kirschner e Cia. ficam mais comportados em Buenos Aires, ali pertinho das panelas?
Vitor Diniz é editor no
UOL Música do site
www.popmix.com.br
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