Sucessão apostólica

sexta-feira, 12 de março de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Neste sábado, 13, Dom Edney Gouvêa Mattoso assume a Diocese de Nova Friburgo, em substituição a Dom Rafael Llano Cifuentes, que esteve à frente nos últimos seis anos e apresentou sua renúncia ao santo padre Bento XVI, por limite de idade, conforme estabelece o Código de Direito Canônico.

De acordo com Santo Inácio de Antioquia, “onde se encontra o bispo, aí está a igreja. Da mesma forma, onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja Católica.” Por isso, dentro do espírito do ano sacerdotal e no dia em que se celebra os 31 anos de falecimento do monsenhor Caetano Antonio Mielli, que juntamente com o monsenhor Teixeira e demais lideranças foi o pioneiro na criação e instalação da Diocese de Nova Friburgo, ganha-se agora um novo bispo.

Vale lembrar ainda que no próximo dia 26 de março a Diocese completa 50 anos de criação pelo Papa João XXIII. Foi através de sua bula, Quandoquidem Verbis, que o pontífice desmembrou a atual Diocese de Nova Friburgo da Arquidiocese de Niterói e das dioceses de Campos e Valença, sendo o núncio apostólico (representante do papa), na época, Dom Armando Lombardi.

O primeiro bispo da Diocese friburguense foi Dom Clemente José Carlos Isnard (1960-1994); o segundo, Dom Alano Maria Pena (1994-2003) e o terceiro, Dom Rafael Llano Cifuentes (2004-2010). A Diocese de Nova Friburgo limita-se com a Arquidiocese de Niterói e as dioceses de Campos, Valença, Petrópolis e Leopoldina (MG) e integra, além de Nova Friburgo, Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu, Cantagalo, Carapebus, Carmo, Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu, Cordeiro, Duas Barras, Itaocara, Macaé, Macuco, Quissamã, Rio das Ostras, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Sumidouro e Trajano de Moraes, com área de 9.815 km² e população de 705.439 habitantes, segundo o último censo do IBGE.

A nomeação e o início da missão do novo bispo proporcionam reflexões sobre a fé católica. Recorda-nos o Colégio Apostólico, ao qual, tendo Pedro como cabeça, confiou Cristo sua Igreja. Os tempos passam, mudam as pessoas, mas a missão é permanente. O pastor é outro; contudo, permanece o rebanho a ser orientado e defendido, conforme os mandamentos do Senhor. Os homens são substituídos por alcançarem determinada idade ou outras razões, como a morte e enfermidades. Perdura, no entanto, o que é simbolizado pela cátedra e pelo báculo que orientam a Igreja.

Elementos ricos e essenciais para um novo pastor assumir o rebanho de Cristo são explicados pelo papa Bento XVI na audiência geral de 10 de maio de 2006: “A sucessão na função episcopal apresenta-se como continuidade do ministério apostólico, garantia da perseverança na tradição, palavra e vida, que o Senhor nos confiou. O vínculo entre o colégio dos Bispos e a comunidade originária dos Apóstolos deve ser compreendido antes de tudo na linha de continuidade histórica”, finaliza o papa.

O Concílio Vaticano II, no decreto para os bispos, traça a grande linha para a beleza do ofício e para imenso desafio que o episcopado significa para a vida do pastor: os bispos não são de um partido, nem de uma tendência particular ou de um grupo de interesses secundários na Igreja, mas ao seu múnus apostólico.

O projeto divino que Jesus colocou na função dos apóstolos e dos bispos é tão grande que a santa oração de toda a comunidade diocesana, a sincera amizade do clero e a admirável generosidade das pessoas consagradas são ajuda fundamental para o bispo. Bem afirmava recentemente o arcebispo emérito do Rio, cardeal Dom Eugênio Sales: “Diante da divina grandeza desta tarefa, é evidente que nenhum bispo deve e nem pode pregar a si mesmo, mas sim, a santa verdade revelada. Por isso compreende-se a importância de profunda comunhão na Igreja. Não é pela maioria dos votos, nem por algum privilégio pessoal, que o pastor deve dirigir a Igreja, mas na obediência da fé e na comunhão com todos os bispos que, portadores deste ministério, agem “no espírito santo que lhes foi dado. Pela consagração sacramental o bispo pertence a este Colégio Episcopal, devendo agir sob a autoridade do sumo pontífice”.

Em toda transição há sempre algo de traumático. Por isso faz-se necessário insistentes preces pelo novo pastor, que também sofre por deixar a sua Cidade Maravilhosa, onde sempre viveu e trabalhou. Dentro do espírito da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, procuremos ser uma igreja discípula e missionária de Jesus. Rezemos, pois, pedindo que a luz da fé nos faça acolher com alegria a vontade de Deus, manifestada na decisão do santo padre e expressa no lema do novo pastor – FIAT VOLUNTAS TUA –, que manifesta os desejos de realizar plenamente a vontade de Deus, no seu apostolado. Louvemos ao Senhor.

Padre Roberto José Pinto é administrador paroquial da Paróquia São José, em São José do Ribeirão, Bom Jardim/ RJ

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