Substituição no Colégio Anchieta: sai Padre Gilberto, entra Padre Guy

terça-feira, 22 de maio de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Substituição no Colégio Anchieta: sai Padre Gilberto, entra Padre Guy
Substituição no Colégio Anchieta: sai Padre Gilberto, entra Padre Guy

José Duarte

O padre Gilberto Versiani está deixando a reitoria do Colégio Anchieta. Como determina o princípio da Companhia de Jesus, um jesuíta tem missão transformadora, que deve ser realizada onde a província julgar importante para o projeto de evangelização da igreja católica. No lugar do padre Gilberto, a Província Centro Leste da Companhia de Jesus enviou o padre Guy Ruffier, conhecido dos friburguenses por já ter trabalhado aqui durante 12 anos. Alegre, carismático e empreendedor, padre Guy concedeu sua primeira entrevista para o jornal A VOZ DA SERRA e falou de como será sua gestão à frente do maior colégio católico da cidade.

Ele é o nono filho de uma família de quatro padres, sendo todos jesuítas: Guy, Mauricio, Paulo e João. O novo reitor, que é gaúcho, esclarece: “Acham que me chamo Guilherme, mas é um equívoco. Tenho origem francesa e assim como existe, por exemplo, o Guy de Montpellier e tantos outros, eu sou Guy Ruffier. Mas estou muito feliz por retornar a Nova Friburgo, estou voltando para as minhas origens, porque cada canto desta casa me lembra um fato: os quadros, a escadaria, as pessoas, tudo me leva a outro período. Eu gosto muito daqui, sempre gostei, não só pelo clima, mas pelo jeito do friburguense, que é muito familiar, acolhedor”, disse o padre.

A família – Padre Guy tem oito irmãos. Os três que são padres jesuítas são: padre Maurício, que já foi professor de física no Colégio Anchieta; padre João, que nunca trabalhou no Anchieta mas sempre que pôde esteve aqui; e padre Paulo, que trabalhou no Anchieta na área musical e no escotismo.

O apostólico – Quando ainda apostólico, antes de se ordenar, padre Guy ficou 12 anos em Nova Friburgo. Fez toda formação até o fim do magistério: noviciado, juniorado, humanidades, filosofia e magistério. “Fiz magistério com os internos e externos, e deve ter muito ex-aluno que deve se lembrar de mim. Foram três anos cuidando da criançada, levando para recreio, organizando jogos de futebol, corrigindo cadernos, essas coisas”, lembrou.

Depois desta primeira formação jesuítica, ele foi enviado para Roma para fazer Teologia, onde estudou durante quatro anos na melhor faculdade de teologia da Companhia de Jesus, a Gregoriana; depois, mais um ano de espiritualidade denominada 3° aprovação; e um ano de pastoral superior no curso Lumen Vitae, em Bruxelas (Bélgica).

Depois de ordenado, foi chamado de volta ao Brasil para trabalhar: “Só trabalhei com educação, em escolas. Foram 12 anos no Colégio Santo Inácio (RJ), oito anos no São Luiz (SP), oito anos em Salvador (BA), seis anos no Colégio Loyola (MG), e cinco anos em Juiz de Fora (MG). Quando estive na Bahia, fui presidente nacional da Associação de Educação Católica (AEC) e também fui diretor executivo do Centro Pedagógico, no Rio de Janeiro, que é o órgão que coordena todas as atividades dos colégios da província. Depois, o provincial me destinou para ser secretário dele”, listou o reitor, explicando:

“Eu estava já pendurando as chuteiras, em Santa Rita do Sapucaí (MG), quando o padre Raul Laranjeiras Mendonça, que já foi reitor aqui, morreu, e o provincial achou que, pela minha experiência em colégios, me enviou para lá”, disse o padre.

O retorno – O padre Guy reafirmou seu compromisso de servir. Como o provincial precisava de uma pessoa no Anchieta, o chamou para a missão de ser reitor do colégio. “Ele disse que, como eu já tinha ‘cancha’ para isso, o cargo era meu. Então, aqui estou, voltando para as minhas origens.”

Projetos – Ele cita um provérbio que diz “caminante, no ha camino, si hai camino ao caminar”. Para o novo reitor, uma espécie de dinâmica de provisórios. “Se eu venho a um lugar que eu ainda não tomei as rédeas, eu primeiro observo, ouço, observo novamente, ouço novamente e faço tudo para não pisar na bola, porque cada casa tem o direito da sua tradição e eu gosto de preservar as tradições mas não sou tradicionalista. Pelo contrário, sou profundamente inovador. Inovador, não da primeira ideia que surge, mas inovador dentro do projeto que a gente tem de educação”, afirma.

E sendo assim, por enquanto ele vai analisar tudo e procurar ser fiel e renovador naquilo que a companhia tem como educação que data de 1590. O padre Guy afirma ainda que o Colégio Anchieta já tem uma organização modernizada que inclusive segue o que determina a província, que também evoluiu nesse setor. “Eu tenho certeza que vou ter apoio de uma equipe que já percebi é acolhedora. Já fiz vários conselhos de classe desde que cheguei, e escola é escola, os processos não mudam muito, o que muda são os tipos de pessoas e, por isso, vamos procurar que a orquestra se afine dentro da pauta do projeto educativo jesuítico”, finaliza padre Guy Ruffier.

O Padre Gilberto Versiani, em despedida, envia a seguinte mensagem para os pais, alunos, amigos e demais friburguenses:

“Estimados pais e alunos, paz no Senhor!

Estou me despedindo do Anchieta e, acreditem, com o coração cheio de gratidão. Tantas vezes foram vocês, pais e alunos, que me levaram a buscar forças para as grandes realizações que precisavam acontecer: cuidar do nosso patrimônio que eram, primeiro, as vidas humanas dos que aqui experimentam a formação da Companhia de Jesus; depois, deste portentoso prédio que não pode esconder a sua beleza e, do seu entorno, a exuberante mata até o Morro da Cruz. Continuemos exercitando o cuidado com todo este conjunto que nos faz tão bem.

Completando o meu tempo por estas plagas e agora partindo para outra missão é que confirmo com vocês a estima e consideração que sempre me dedicaram, até mesmo no silêncio de vocês demonstrando que compreendiam que “a obra era gigante e não poderíamos parar”. Bem sabemos o que significou para toda a nossa região todos os dias de 2011!

Com os educadores—funcionários, professores, fornecedores, benfeitores—, com o estimado EPC—Encontro de Pais com Cristo, movimento de casais do Anchieta, do qual tive a graça de ser dirigente espiritual desde 2008 até 2011, com a Equipe de Nossa Senhora, grupo de casais com os quais também pude conviver nestes últimos anos—, aprendi muito e saboreava todos os momentos sabendo bem que eles passam mas deixam marcas lá no fundo do coração, tornando-se, então, importantes.

Estimados, o Colégio alcançou o equilíbrio necessário para a realização de outros grandes projetos. Organizado e com seus 1092 alunos, a casa é viva e continua atraindo mais jovens para fortalecer a missão da Companhia de Jesus nesta Cidade querida, que acaba de completar 194 anos. Parabéns, Nova Friburgo!

Concluo com a Oração de Nossa Senhora da Estrada, tão querida de Santo Inácio de Loyola:

‘Ó, doce Maria Nossa Mãe Celeste, sê guia dos nossos passos nas Estradas muitas vezes pedregosas de nossa vida, e quando esta chegar ao seu fim, sê para nós porta do céu e mostra-nos o fruto Bendito do Teu Ventre, Jesus’ (Papa Pio XII).

Fraternalmente,

P. Gilberto Oliveira Versiani, sj.

Colégio Anchieta

‘Deus é que me sabe’ (José Guimarães Rosa)”

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