Sofrimento sem fim... Moradores da Vila Amélia espalham faixas pelo bairro demonstrando insatisfação pela demora na reconstrução

quinta-feira, 07 de abril de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Sofrimento sem fim... Moradores da Vila Amélia espalham faixas pelo bairro demonstrando insatisfação pela demora na reconstrução
Sofrimento sem fim... Moradores da Vila Amélia espalham faixas pelo bairro demonstrando insatisfação pela demora na reconstrução

Bruno Pedretti

Se existe um fato que está incomodando os moradores da Vila Amélia é a demora na reconstrução do bairro após a catástrofe de 12 de janeiro. Ninguém esperava que o local seria afetado duramente pelas chuvas, mas os moradores da Vila Amélia sofreram e ainda sofrem bastante com as consequências da tragédia. Esgoto correndo a céu aberto, buracos espalhados por todos os lados, barreira ainda não retirada, aterro contaminado pela lama da chuva, entulhos acumulados, demora na liberação de uma das pistas... E por aí vai. Estes são alguns dos problemas demonstrados em faixas retratando a indignação e tristeza daquela comunidade diante da morosidade do poder público na reconstrução do bairro.

Até para chegar ao bairro é preciso atenção, pois irregularidades no calçamento põem em risco motoristas e pedestres. A quadra, um dos poucos pontos de lazer do local, ficou completamente deteriorada com as chuvas. De acordo com a moradora do bloco 4 do Conjunto Habitacional da Vila Amélia, Camila Ribeiro, também não há iluminação em frente a seu apartamento. “Existem dois postes por aqui e os dois estão sem luz, o que atrapalha todo mundo. Além de ser perigoso para nós, prejudica uma vendedora ambulante, que tira seu sustento de uma barraca de hambúrguer próxima à quadra”, afirma Camila.

É válido ressaltar que a 151ª Delegacia de Polícia situa-se no bairro e a rua que dá acesso à unidade policial já foi destruída duas vezes este ano: a primeira com a tragédia de 12 de janeiro; depois por uma forte chuva no dia 28 de fevereiro, gerando grandes transtornos aos moradores da Rua Vereador Geraldo Pinheiro.

O mau cheiro e os buracos na principal artéria da Vila Amélia, a Rua Teresópolis, também incomodam demais os residentes. “Na subida da rua da DP existem vários buracos seguidos. Se passamos de carro acabamos com o amortecedor, se vamos caminhando sentimos um cheiro horrível de esgoto e ainda corremos o risco de sermos molhados pelas poças de esgoto com a passagem de outros carros. É complicado”, disse um morador.

Um dos principais protestos dos moradores da Vila Amélia é com o Córrego dos Relógios, que passa pela Rua Teresópolis. Antes da catástrofe, uma calçada cobria o córrego, mas, por conta das fortes chuvas o encanamento que passava sob a calçada arrebentou, deixando o esgoto a céu aberto, exalando um odor nada agradável, dia e noite.

Diante desta situação, os moradores da Vila Amélia decidiram seguir o exemplo de comunidades de outros bairros e espalharam cartazes e faixas queixando-se da demora na reconstrução do bairro, com mensagens do tipo “Vila Amélia pede socorro”, “Esgoto a céu aberto, contaminação e destruição. Políticos, assumam seu papel”.

Chegando ao final da Rua Teresópolis é possível observar a quantidade de terra retirada após a catástrofe. O tradicional Clube do Filó serviu emergencialmente para abrigar a terra retirada das ruas, mas os moradores reclamam da demora para limpar o local. “Está dando muito mosquito, o mau cheiro incomoda demais, existem muitas pessoas que moram nesse condomínio. Não conseguimos manter nossos apartamentos limpos por conta da poeira que sobe, está difícil”, disse Carlos José Brum, morador do Condomínio Bom Pastor.

Na Rua Bonfim, uma barreira de grande porte deslizou e ainda não foi retirada. Por conta disso, moradores que deixavam seus veículos na parte de trás da garagem do Condomínio Bom Pastor estão tendo que encontrar alternativas para estacionar os carros. Além disso, o tráfego de veículos não vem fluindo bem na Rua Teresópolis, que em determinado ponto está em meia-pista.

Prefeitura se manifesta quanto aos protestos

A reportagem de A VOZ DA SERRA contatou a Secretaria Municipal de Comunicação Social sobre as diversas reclamações dos moradores da Vila Amélia. O secretário de Obras, Hélio Corrêa, falou sobre alguns problemas apontados pela comunidade.

Uma das insatisfações principais dos moradores é com o Córrego dos Relógios, que está a céu aberto desde 12 de janeiro. “O córrego é resultado da mudança geográfica do local e foi estudado por geólogos, que desenvolveram projeto específico para sua canalização. Numa parceria com o Sesi, através de sua gerência local, a instituição fornecerá as manilhas e, a Prefeitura, a mão de obra, para que a obra possa ser realizada”, disse o secretário.

Quanto à grande quantidade de terra depositada em caráter de urgência no campo, e que lá permanece, Helinho afirmou que “a Secretaria de Obras está buscando um local para depositar o material e a retirada da terra ocorrerá o mais breve possível”.

A pergunta frequente feita por moradores à reportagem de A VOZ DA SERRA foi: quando a Prefeitura cobrirá os buracos nas ruas e calçadas? O secretário de Obras também falou sobre a questão. “Será preciso retirar primeiro a terra, esta é a prioridade. No entanto, a operação utilizará caminhões de 15 a 20 toneladas, o que poderá comprometer a pavimentação da rua. Tão logo a terra seja retirada, será iniciada a limpeza, recuperação e pavimentação da rua.”

Sobre a barreira na Rua Bonfim, que também foi alvo de reclamações, o secretário informou que “foi analisada por engenheiros e o laudo determina que só sejam tomadas quaisquer providências quando ocorrer estiagem e forem iniciadas as obras de contenção, projeto este já entregue à Prefeitura por técnicos da Emop, pois a rua de cima está escorada pelo barranco”.

A situação da Rua Teresópolis também foi abordada com o secretário, que esclareceu: “As águas da parte alta da rua serão ligadas às galerias da parte baixa, segundo estudos já realizados. Quando esta obra estiver concluída, a pista será liberada com segurança. É importante que todos tenhamos a consciência de que não podemos repetir os erros do passado, com obras sem projetos e que apenas escondem os riscos à população. Para construirmos a cidade que tanto queremos precisamos de planejamento e responsabilidade para com os munícipes. Entendemos o desconforto dos moradores da região, mas estamos trabalhando com afinco e determinação para atendermos a todas as comunidades atingidas pela tragédia de janeiro”, assegurou.

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