Uma campanha com uma vitória, três empates e quatro derrotas. O Friburguense chegou a sustentar uma invencibilidade de quatro jogos na Copa Rio de 2015, e manteve as chances de classificação no grupo A. No entanto, não conseguiu ficar com uma das duas vagas da chave para a fase seguinte. Tudo isso depois de um longo período de inatividade, ocasionado por um calendário que privilegia apenas 100 dos mais de 600 clubes existentes em todo o país. Uma realidade que é capaz de agravar ainda mais qualquer insucesso dentro de campo.
Ao fazer um balanço da campanha da temporada passada, o gerente de futebol do clube José Siqueira cita exatamente o grande período de inatividade entre o campeonato carioca e a Copa Rio. Com um detalhe: o Frizão corre o mesmo risco este ano, caso não consiga uma vaga na série D do Campeonato Brasileiro. Este ano a competição estadual não dará nenhuma vaga para torneios nacionais, e por esse motivo, tornou-se opcional para os clubes no segundo semestre.
"Eu sei que é difícil para o torcedor entender. Ano passado nós tivemos um campeonato carioca que começou no dia 3 de fevereiro e terminou em 10 de abril. Ou seja, dois meses de competição. Depois paramos até o final de agosto. Foram cinco meses sem atividades. Eu vi comentários sobre times como América, Portuguesa e Gonçalense, mas eles tiveram uma segunda divisão que começou em março e terminou praticamente junto ao início da Copa Rio. São times que estavam em atividade, e eliminaram os mais tradicionais da primeira divisão exatamente por isso", observa Siqueira.
O formato de torneio da Copa Rio é outro ponto discutido por Siqueira. Na avaliação do dirigente, um tropeço pode comprometer toda a campanha, assim como aconteceu com o Friburguense na primeira rodada da competição. Em conseguir a vaga na quarta divisão nacional através do estadual, o Tricolor da Serra esteve ainda mais pressionado para conseguir os resultados.
"Por mais que a gente treine e faça amistosos é muito diferente. Como a Copa Rio é um torneio, qualquer tropeço compromete. Perdemos o jogo para o Bangu, e esse é o ponto fora da curva. Por ser um torneio, um grupo de cinco times onde passam dois, complica. Perdemos o primeiro em casa e o segundo fora. Perder fora de casa não é anormal. Vencemos o Resende, saímos para dois jogos e empatamos. Em qualquer campeonato seria excelente, pois estávamos numa crescente. Mas quando abriu o segundo turno e empatamos com o Bangu, ficamos em situação delicada exatamente por ser um torneio", enumerou Siqueira.
Em meio à avaliação do desempenho da equipe na competição propriamente dita, José Siqueira faz uma análise mais ampla sobre a realidade do Friburguense. O dirigente destaca que o atual calendário do futebol brasileiro dificulta qualquer tipo de planejamento e a busca por recursos.
"Viramos um time que disputa dois meses de estadual, e pode ser que a gente jogue apenas um mês e meio na Copa Rio. Como sustentar isso? Não é desculpa, mas não dá para trabalhar com um calendário desses, sem competição. Em qualquer lugar que há campeonato organizado existem times melhores. É difícil fazer uma programação, uma projeção. Ficar fora da Copa Rio na primeira fase atrapalha o planejamento para o estadual. É um torneio de dois meses, onde a gente precisa começar bem. Se perdermos a primeira partida, já temos que ganhar o próximo. Essa é a nossa realidade", complementa o gerente de futebol do Frizão.
Há alguns anos, o Tricolor da Serra aposta em um trabalho prolongado. Geralmente o time inicia o período de treinos para as competições de forma antecipada, na comparação com os demais adversários. De acordo com Siqueira, essa é uma estratégia para manter os jogadores em atividade, e desta forma, criar um diferencial que compense a disparidade estrutural e financeira em relação a outros clubes do mesmo porte no estado.
"A diferença do Friburguense para outros pequenos, até por causa da estrutura, é grande. Temos que buscar formas para pelo menos se igualar aos outros. O Macaé, por exemplo, não disputa campeonatos infantil e juvenil. Nós jogamos todas as categorias. Mas eles possuem estrutura financeira, e podem contratar os melhores jogadores do estadual. O Tigres, o Nova Iguaçu, por exemplo, possuem uma estrutura enorme. Nós temos um estádio para treinar e jogar. Tentamos trabalhar o ano todo e manter uma base, uma identidade. É o que segura a gente na primeira divisão. Num grupo de 30, se elimina quatro ou cinco e mantém o resto. Num momento difícil, como atravessamos no carioca de 2015, os jogadores dão a vida pelo clube. Até que se pinte uma fórmula nova ou uma espécie de ajuda aos pequenos é o que precisamos fazer. Pode parecer pouco, mas ficar na primeira divisão, para nós, é fantástico. A partir daí, tentaremos o passo para a série D, C e tudo o mais. Mas com as limitações que temos leva tempo", acredita Siqueira.
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