Na última quinta-feira, 25, todos os sindicatos de bancários do país optaram por iniciar nesta terça-feira, 30, uma paralisação por tempo indeterminado, uma vez que a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não corresponde ao pleito dos trabalhadores da categoria — 12,5% de reajuste salarial no piso. A federação, num primeiro momento, ofereceu 7,5% para reajuste salarial e chegou a aumentar essa proposta para 8% — valor ainda abaixo da reivindicação da categoria, o que fez com que o Comando Nacional dos Bancos mantivesse a opção pela paralisação. Em Nova Friburgo, serão cerca de 350 funcionários em greve, somando-se o contingente de todas as agências.
As reivindicações também incluem valor maior de PLR (Participação nos Lucros e Resultados), além de aumento nos benefícios de alimentação, auxílio-creche e refeição, bem como a elaboração de um novo plano de cargos para a categoria.
Max Bezerra, presidente do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo, que representa ainda outros 11 municípios da região — Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu, Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Duas Barras, Macuco, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Sumidouro e Trajano de Moraes — afirma que não só a questão salarial motivou a greve, mas sim um conjunto de diversos fatores. "Outras reivindicações nossas foram ignoradas pela Fenaban. Precisamos de melhores condições de trabalho. Na última assembleia, soubemos de casos de funcionários adoecidos, alguns, inclusive, tendo que ser afastados do trabalho. Calculamos que cerca de 10% dos bancários friburguenses sofram de algum problema de saúde, como estresse, LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e depressão. As metas exigidas pelos bancos são excessivamente altas. Além disso, os problemas já presentes no dia a dia são agravados em dias de maior movimento, como dias de pagamentos e pré-feriados. Há uma lei estadual que determina em no máximo 20 minutos o tempo de espera para atendimentos, mas se falta o contingente necessário para atender a população, não é possível cumprir essa determinação”, diz.
A lei a que o presidente se refere é a de n.º 4223/03, que determina que em todo o estado do Rio de Janeiro o atendimento nos bancos deve ser feito em até 20 minutos em dias normais e 30 minutos em vésperas e depois de feriados. Uma solução apresentada pela categoria seria a adoção de dois turnos de trabalho — das 9h às 14h e das 13h às 18h. Segundo Max, a divisão em dois turnos pode agilizar o processo de atendimento. Além do reajuste dos salários, o Comando busca uma redução — e até isenção — de determinadas tarifas. "Um cliente paga uma tarifa quando abre a conta, em seguida paga pela manutenção e, caso queira fechar esta conta, um novo valor será cobrado. Isso é uma prática abusiva, que os bancos cometem todos os dias”, ressalta Max, informando que a greve, além de tentar melhores condições para os funcionários, também busca melhorias para o próprio cliente.
Orientações aos clientes para a greve
O presidente do sindicato lembra que a greve não isenta o cidadão dos custos em caso de atraso no pagamento das faturas. Segundo ele, "os caixas eletrônicos continuam funcionando, realizando todas as operações de costume, e serão abastecidos com dinheiro normalmente. Serviços como saques, depósitos e pagamentos com código de barras podem ser feitos no autoatendimento das agências onde os clientes forem correntistas; já os atendimentos que necessitam do contato direto com o funcionário deverão esperar mesmo o fim da greve. Lotéricas, correspondentes bancários, como os Correios, e o internet banking também podem ser úteis em alguns casos”. Segundo o Programa Estadual de Defesa do Consumidor (Procon), caso nenhuma destas alternativas funcione, os clientes podem também entrar em contato com as empresas emissoras das contas e negociar uma nova data para a quitação da dívida, sem o acréscimo de multa.
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