Setembro já contabiliza 56 queimadas em Nova Friburgo

Número chega a ser 124% maior do que o registrado no mesmo mês de 2016
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
por Karine Knust
Setembro já contabiliza 56  queimadas em Nova Friburgo

A segunda quinzena de setembro mal começou e já está superando o número de incêndios registrados em todo o mês de 2016. De acordo com um levantamento divulgado pelo Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo, até a última quarta-feira, 13, o grupamento já havia atendido 56 ocorrências relacionadas a fogo em vegetação. Quantidade 124% maior do que o contabilizado nos 30 dias de setembro do ano passado, 25 casos.

Para se ter uma ideia, só na última terça-feira, 12, foram registrados 10 focos na cidade. O maior deles aconteceu no loteamento Parada Folly, em Amparo. Segundo o comandante do 6ºGBM, tenente-coronel Fábio Gonçalves, a estimativa é de que, apenas nesta ocorrência, o fogo tenha destruído uma área equivalente a 100 campos de futebol.

O incêndio foi tão grande que na quarta-feira, 13, em visita a localidade, a equipe de A VOZ DA SERRA encontrou alguns muros marcados pela fuligem. No Condomínio Nova Opção, por exemplo, a funcionária pública Roseli Torres, de 57 anos, por exemplo, precisou usar uma mangueira de jardim para tentar conter o fogo que, por pouco, não invadiu a casa. “Foi questão de poucos minutos para o fogo vir parar aqui do lado de casa. Quando começamos a ver as chamas se aproximando nós pegamos uma mangueira e baldes e começamos a tentar molhar a vegetação em volta da casa. Ficamos fazendo isso por mais de duas horas, até que o bombeiro conseguisse chegar a esse ponto do loteamento para apagar o fogo”, disse ela na ocasião.

As outras localidades que sofreram com os focos de incêndio na terça foram Estrada Girassol, Amparo, Catarcione, Cascatinha, Lumiar e São Pedro da Serra. Na quinta-feira, 14, uma área verde equivalente a três campos de futebol, na Ponte da Saudade, também foi devastada pelas chamas. Já nesta última sexta-feira, 15, os bombeiros identificaram mais outros três focos de incêndio em vegetação nos bairros Maria Teresa, Riograndina e no Caledônia.

Reforço aéreo

Para auxiliar no combate a tantos incêndios, o Corpo de Bombeiros da cidade recebeu reforços. O helicóptero do Grupamento Operacional Aéreo (GOA), do Rio de Janeiro, sobrevoou diversas localidades nos últimos dias. Na sexta-feira, 15, segundo o comando do 6º GBM, a ação contava com a participação de 15 bombeiros.

Além de Nova Friburgo, o Corpo de Bombeiros atende outros 11 municípios da região. Nesta última semana, o GOA também sobrevoou o município de Bom Jardim. A cidade vem registrando diversos incêndios desde o dia 8. Só nos bairros Fátima, Banquete e o distrito de São José do Ribeirão foi consumida uma área total de 4 mil hectares, equivalente a 4 mil campos de futebol, segundo os bombeiros.

Estiagem tardia

O crescimento no número de queimadas neste mês de setembro é alarmante. Mas o levantamento divulgado pelo Corpo de Bombeiros chama a atenção por outra questão. De acordo com os dados divulgados pelo grupamento, os incêndios em vegetação registrados de janeiro a agosto de 2017 representam quase a metade do que foi contabilizado em 2016. Exatamente. Nos primeiros oito meses do ano passado, o 6º GBM combateu 188 queimadas no município. No mesmo período deste ano, foram 99 ocorrências.

Para o tenente-coronel Fábio Gonçalves, a mudança pode ser atribuída às alterações climáticas. “O período de estiagem varia bastante de ano a ano. Ano passado, por exemplo, o período de estiagem já começou com queimadas, esse ano os incêndios em vegetação estão sendo tardios exatamente porque os dias secos demoraram a chegar. Fatores como umidade e temperatura fazem culminar no aumento ou diminuição do índice de fogo em vegetação”, explica ele.

Em Nova Friburgo, não chove há 40 dias. Segundo o site de previsões Climatempo, a estimativa é de que o clima permaneça seco por, pelo menos, duas semanas. As temperaturas devem variar entre 15 e 30 graus.

Criando um monstro

Não há dúvidas, a maioria dos incêndios em vegetação é causado pelo homem. De acordo com Fábio, 90% dos casos registrados na cidade foram provocados. A queimada de entulhos e vegetação seca é uma ação ainda muito comum na cidade. A chamada “limpeza de terreno” é um dos métodos que provocam boa parte das queimadas. Além de causar transtornos para quem mora nas redondezas, com a intensa fumaça e fuligem, o incêndio desse tipo pode sair do controle e provocar grandes estragos.

Por isso, não realizar queimadas próximo a residências e matas, carregar todo tipo de lixo (plásticos, papéis, restos de comida, etc) até encontrar uma lixeira apropriada para depositá-los e não jogar pontas de cigarros nem fósforos no chão são atitudes que podem evitar que o pior aconteça.

Vale lembrar que, além de causar danos à flora, fauna e a saúde humana, provocar queimadas é crime previsto pelo artigo 38 do Código Florestal Brasileiro. Quem for pego causando incêndio em mata ou floresta pode pagar pena de reclusão de dois a quatros anos e além disso uma multa. Se o crime for considerado culposo, a pena é reduzida de seis meses a um ano, incluindo a multa.

As denúncias de queimada podem ser feitas direto com as autoridades responsáveis, como o Corpo de Bombeiros ou serviços florestais.

Consequências

O incêndio em vegetação pode ser muito mais prejudicial do que se imagina. Destruir quilômetros de área verde é apenas um dos danos que as queimadas causam ao meio ambiente. Dentre outras consequências igualmente graves estão o aumento da liberação de dióxido de carbono na atmosfera - uma das principais causas do aquecimento global; destruição de habitats naturais; extinção de espécies (fauna e flora); erosão no solo; aumento do buraco na camada de ozônio; perda da absorção do solo, aumentando os índices de inundações; poluição de nascentes, águas subterrâneas e rios por meio das cinzas.

 

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