Sérgio Madureira - 6 de setembro

sexta-feira, 05 de setembro de 2008
por Jornal A Voz da Serra
Sérgio Madureira - 6 de setembro
Sérgio Madureira - 6 de setembro

O mais bem-humorado ator brasileiro, ELIAS GLEIZER, foi dar um bordejo na praia, quando escutou, ao longe, uma voz: “Oh, gordo, gordo, espere aí que quero falar com você”. E aí se aproximou uma senhora, gorda de fato, apresentando-se com o nome de Marinete: “Seu gordo, o senhor pode me dar um autógrafo?”. Com o sorriso de sempre e seu jeito cativante, o ator lascou: “Pois não, dona magra”.

Após um pequeno silêncio, dona Marinete insistiu: “Seu gordo, onde estão o papel e a caneta? E ele: “Dona magra, eu é que pergunto, onde estão o papel e a caneta? E ela: “Como o senhor, que trabalha na Globo, vem para a praia e não traz papel e caneta para dar autógrafo?”

E o nosso Elias, agora bravo, apanhou um galho de árvore e rabiscou na areia: “Para Dona Marinete, do seu muito fã. Elias”.

E complementou: “Agora a senhora arrume papel e caneta e copie”...

Há até algum tempo, os atores almoçavam ou jantavam junto com a equipe. Como normalmente se atrasavam muito, a produção achou por bem montar um bufê na sala de estar dos atores. Mas o serviço não deu certo, porque os figurantes e a própria equipe invadiam o local, devorando tudo.

Com a instalação de algumas lanchonetes próximas aos estúdios ficou resolvido que os atores telefonariam para as respectivas lanchonetes, solicitando seus lanches ou mesmo refeições rápidas. No fim do mês a produção quitava as despesas.

Alguns atores, quando têm intervalos entre uma cena e outra, preferem ir até o local, aproveitando para dar uma volta e lanchar. ANTONIO FAGUNDES é um dos que preferem comer na lanchonete. Chegando lá, depois de trocar algumas palavras com GIOVANNA ANTONELLI, caminhou até o balcão e fez o seu pedido, que foi prontamente atendido. Terminado o lanche, o atendente – um baixinho careca – foi em direção ao ator, de caderno na mão, com o valor das despesas, para pendurar a conta em nome da produção. Mandou:

– Por favor, o seu nome?

– Como?

– É que eu preciso colocar o seu nome na conta.

Fagundes deu uma gargalhada.

– Você não sabe o meu nome?

– Não.

Fagundes, sorrindo, colocou a mão sobre o ombro do rapaz.

– É um absurdo você não saber o meu nome, mas tudo bem, eu compreendo. Sou o FLORIANO PEIXOTO...

– O senhor me desculpa, seu Floriano. Muito obrigado.

Floriano, que estava lanchando ao lado, ficou só rindo...

Quando WALTER AVANCINI, um dos diretores mais temperamentais da história da televisão brasileira, entrava num estúdio, as paredes tremiam. Avancini não admitia que nenhum ator entrasse com o script na mão sem antes ter decorado cada vírgula, e muito menos que esse ator chegasse atrasado, por um minuto que fosse.

Qualquer contrariedade, Avancini cancelava a gravação e fechava o estúdio. Era um gênio, no sentido pessoal. Mas, claro, no genial também.

Estrelas como REGINA DUARTE, FRANCISCO CUOCO, BRUNA LOMBARDI, TARCÍSIO MEIRA e MIGUEL FALABELLA, entre centenas de outras, já saíram correndo de gravações, aos prantos, em meio a broncas e gritos do diretor.

Mas as então temperamentais atrizes CHRISTIANE TORLONE e MARIA ZILDA BETHLEM resolveram desafiar o leão. Era Selva de Pedra (1986), fomos gravar em uma mansão na Gávea. Tudo marcado para as 9h em ponto. Às 9h02, um enfurecido Avancini já começava a gritar: “Madureira, traz a Maria Zilda e a Torlone agora, que já vai começar”.

Imediatamente, voei até o camarim improvisado, batendo à porta. A camareira me diz que ambas estão nuas, ainda colocando os figurinos de suas personagens. Voltei ao set:

– Walter, elas ainda não...

– Eu quero elas aqui, agora! – enfatizava Avancini.

– Mas elas estão nuas... – tentei explicar.

– Eu gravo com elas nuas!

Voltei ao camarim atrás das atrizes, e já prevenindo:

– Zilda, Cris, o Avancini mandou vocês irem gravar agora, do jeito que estiverem.

– Ele tá bem? – perguntou Torlone.

– Tá normal. – disse, já que pra boa entendedora um eufemismo bastaria: Walter Avancini normal era Walter Avancini assim.

As duas resolveram não deixar barato. Desafiando o mestre, foram para o set seminuas, esperando que o diretor fosse ficar louco ou cancelar a gravação, ou finalmente compreender que elas ainda precisavam trocar de roupa direito. Mas Avancini nunca perdeu o rebolado e, se dirigindo aos câmeras, mandou seu grito de guerra: “CUSTÓDIO, PELICANO: gravando!”.

As atrizes, apavoradas, voltaram para o camarim com as mãos sobre os seios, chorando...

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