Nos dias 10 e 11 de maio a região serrana do Estado do Rio de Janeiro recebeu o Seminário Serrano de Economia Criativa, realizado no Teatro Municipal de Nova Friburgo. Estiveram presentes empreendedores, autoridades e diversos representantes da sociedade civil de toda a região, que somaram mais de 300 pessoas. No primeiro dia, o público pôde receber informações valiosas sobre os conceitos da economia criativa e sua aplicabilidade, por meio de palestras de renomados profissionais de diversas áreas de atuação. No segundo dia foram ministradas duas oficinas e um Workshop.
A abertura do evento foi realizada por Michelyne Silveira, do Instituto Serrano de Economia Criativa (Isec), que explicou ao público o objetivo do evento: o Seminário Serrano de Economia Criativa é o primeiro passo em busca do cumprimento da missão do Isec em direção ao campo visionário de soluções e caminhos que levem ao desenvolvimento econômico da Região Serrana. A prova de que é possível a criação de um distrito econômico capaz de superar as suas diferenças, dinamizar suas ações e promover o desenvolvimento urbano, com consequências diretas na economia, é a representatividade política que se viu no dia do evento. Michelyne destacou ainda que não há desenvolvimento sem educação, e que, mesmo com muita criatividade, são necessários conhecimentos técnicos, práticos e teóricos para permitir avanços e crescimento em todos os setores.
Para abrir o primeiro dia de palestras, foi formada uma mesa composta por Vicente Bastos (Firjan Nova Friburgo), Heliana Marinho (Sebrae Rio de Janeiro), Elizabeth Maldonado (Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho/Energisa), Cristiano Braga (Apex Brasil), Marcos André (Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro), David Massena (Secretaria Municipal de Cultura), Claudia Leitão (Secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura), com apresentação de Thiago Mello, da Lausanne/Isec.
Para o Isec, que busca a valorização do indivíduo através da qualificação profissional, disseminação do conhecimento e a promoção de valores e vocações que possibilitem o desenvolvimento humano e social, é possível a união dos municípios da Região Serrana para a construção de um cenário estratégico para a aplicação de políticas públicas que permitam o fortalecimento de um novo bloco econômico no interior do Estado do Rio de Janeiro.
O Seminário Serrano de Economia Criativa é uma resposta natural da região, pensada de maneira articulada, com diversos municípios, e tem iniciativa pautada tanto pelo movimento da sociedade civil como pelos governos, e que enxergam na cultura e nos setores criativos uma resposta concreta da possibilidade de criação de um eixo de desenvolvimento sustentável e uma proposta concreta de resposta às crises que a região vem passando. O presidente (na ocasião) da Firjan Regional Nova Friburgo, Vicente Bastos, destacou que o Seminário é fundamental para a Região Serrana: “Temos uma geografia peculiar, não tem como trazermos, por exemplo, uma indústria de automóveis, então, a nossa vocação é para indústria tecnológica, do conhecimento, com o desenvolvimento de um espaço agradável, equilibrado ecologicamente, que possa atrair valores de destaque na Economia Criativa”, enalteceu Vicente Bastos.
É possível observar que os municípios da Região Serrana estão prontos para estabelecer novos modelos de governança. E é essa a aposta do Seminário, que propõe a criação de um consórcio em um período futuro, para que se consiga construir efetivamente novos modelos de desenvolvimento, que sejam sustentáveis, e não sejam baseados em um modelo predatório. Por isso o Seminário é fundamental para despertar os corações e mentes das pessoas. A criatividade é um importante ativo econômico, fomentador da diversidade, que pode subsidiar um cálcio efetivo para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para uma região, que deve observar o novo modelo de desenvolvimento ligado ao século XXI. Assim, é preciso transformar criatividade em inovação, inovação em riqueza, e riqueza que se transforma em qualidade de vida, distribuição de renda e menos desigualdade regional.
Para que o evento se realizasse, o Instituto Serrano de Economia Criativa e Lausanne contaram com os patrocínios da Apex Brasil, Sebrae-RJ e Concessionária Energisa, e com os apoios da Prefeitura de Nova Friburgo, Acianf, Aciat, Aciacor, Aciacan, Firjan, Codenf e Universidade Estácio de Sá.
Palestras despertaram corações e mentes
O ciclo de palestras do primeiro dia foi aberto pela assessora em Economia Criativa para a ONU (Organização das Nações Unidas), Ana Carla Fonseca Reis, com o tema “Economia Criativa e cidades criativas—Buscando novos caminhos”. A consultora e conferencista internacional explicou que uma cidade sozinha, isolada, não consegue se desenvolver com primazia, e que a tônica proposta pela Economia Criativa é da união.
Com a palestra Mega Trends Primavera Verão 2013, a especialista em moda e tendências, Camila Toledo, levou ao público o seu olhar certeiro sobre as influências internacionais que ainda irão chegar ao Brasil. Para a próxima temporada, Camila apresentou quatro grandes temas: Claridade (cores pastéis, azuis, rosas, amarelos e laranja pêssego, com tecidos transparentes, em camadas, com estampas delicadas, aplicação de plastificados e tendências orientais), Cinzas (para jeans, alfaiataria, aviamentos e bijuterias), Nutopia (com cartela de cor solar, com amarelos, nudes, verdes e azuis naturais, com linho, algodão e ráfia) e Subnation (tendência dos novos punks, com cinzas que lembram o asfalto, azul do céu, verde mato, e vermelho sangue, com elementos do hip hop e esportes).
A chefe de cozinha brasileira Roberta Sudbrack, reconhecida internacionalmente, e amplamente premiada como uma das melhores da culinária brasileira, trouxe à Região Serrana, em sua palestra “Culinária Regional e sua força globalizante”, o conceito da combinação de alta gastronomia e cultura alimentar popular. “Temos que buscar a essência da nossa cultura, não podemos deixar que ela se perca. Devemos resgatar todos esses tesouros que nós temos, em cada canto do Brasil.”
O publicitário e vice-presidente criativo da agência WMcCann no Brasil, Guime Davidson, levou ao público do Seminário a palestra “Desenvolvimento e suas marcas”. Em sua exposição, Guime explicou que a busca pelo novo não deve ser feita, pois é uma corrida romântica e não real. “O novo não nasce, ele só existe no campo das ideias. A busca pelo novo é só uma busca que nos direciona, que nos motiva a ir para frente”, ressaltou o publicitário, que tem uma vasta bagagem na criação de conceitos e marcas.
A palestra “Negócios Criativos: desenhos e estratégias criativas” foi apresentada pelo inglês David Parrish, que contou com a tradução simultânea para o português. O especialista britânico, que tem vasta experiência internacional no desenvolvimento da Economia Criativa, apresentou conceitos e histórias de sucesso no desenho do planejamento de Negócios Criativos. Parrish explicou que é necessário haver iniciativas de ordenamento governamental para a facilitação do crescimento das indústrias criativas.
“O quê que Paraty tem?” Esse foi o tema da palestra do secretário de Cultura da cidade de Paraty, Amaury Barbosa, que explicou aos presentes no Seminário como conseguiu criar o calendário de eventos da cidade de Paraty, que é considerada um caso de sucesso em Turismo, Negócios e Turismo Cultural. Amaury fez um vasto histórico da caminhada de Paraty até chegar ao patamar de ser uma das cidades mais visitadas do mundo.
O americano Steve Solot, que mora no Brasil há mais de 25 anos, apresentou a palestra “Mercado Audiovisual e potencial de negócios para TVs e produtoras”. Steve foi executivo da indústria cinematográfica dos EUA para a América Latina e hoje é presidente da Rio Film Commission, além de ter criado o Centro Latino-Americano de Treinamento e Assessoria Audiovisual (LATC), que trabalha na atração de produções e investimentos no Estado do Rio de Janeiro. Para Steve, o audiovisual conta com um importante fato: as leis brasileiras. Pois, conforme a legislação, para cada produção realizada, é necessária a parceria com um produtor local. Esse fato é muito positivo, mas, é preciso que os agentes audiovisuais se unam para projetar suas regiões no mundo audiovisual.
No encerramento do primeiro dia do Seminário, o público contou com a palestra “Novos modelos de produção e distribuição musical e do entretenimento”, realizada pela gerente de Economia Criativa do Sebrae-RJ, Heliana Marinho, que destacou: “Esse evento é importante porque ele traz questões econômicas diferenciadas. A Região Serrana é uma região importante, do ponto de vista de geração de negócios, de empregos, em setores que muitas vezes são considerados mais tradicionais, em função das características da Região Serrana, em função do tipo de talento que existe nessa região, é importante que a gente traga outros segmentos, e estimule novas economias, baseadas em conhecimento, em criatividade, em inovação, em tecnologias, como uma oportunidade para uma outra escolha de desenvolvimento”, explicou Heliana.
Oficinas
Os que estiveram no Seminário Serrano de Economia Criativa puderam colocar em prática o que aprenderam no primeiro dia do Seminário, nas palestras. As duas oficinas, “Software, novas Mídias e o futuro da cultura digital”, com Ricardo Graça, “Redes produtivas e a criação de um distrito Criativo”, com Cristina Sacchetto e o workshop “Designing Your Creative Business”, com David Parrih, contaram com expressiva participação, cerca de cem pessoas.
Para os organizadores, a busca pelas oficinas mostra o interesse dos empreendedores da região em aprender, em se capacitar. Além de empresários, muitos estudantes também participaram, entre eles Lívia Pyklein, aluna do curso de Publicidade e Propaganda. “O Seminário foi genial. Adorei o David Parrish, a Ana Carla e o Guime Davidson. E poder participar de uma oficina no dia seguinte é uma oportunidade rara para nós. Vou aproveitar tudo ao máximo”, disse a estudante, resumindo os comentários dos participantes durante um dos intervalos para o café no Hotel Dominguez Plaza, onde foram realizados o workshop e as oficinas no segundo dia do Seminário Serrano de Economia Criativa, em Nova Friburgo.
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