NA MANHÃ DE segunda-feira, 9, logo que recebeu a informação de que o presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, anulara a votação do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff tratou de pedir cautela à militância, já eufórica àquela hora. “Vivemos uma conjuntura de manhas e artimanhas”, advertiu a presidente.
A CONFISSÃO DE ignorância sobre o que está por trás das idas e vindas em Brasília, embora possa parecer insincera por parte de Dilma, só expõe a falta de espírito republicano entre as forças políticas que brigam pelo poder. De um lado, governistas apelam aos 54 milhões de votos recebidos em 2014 para fugir de um processo de deposição conduzido no Congresso. De outro, encastelada no Palácio do Jaburu, a oposição articula incessantemente com vistas ao futuro governo de Michel Temer.
O EFEITO “Maranhão” sobre a economia é exatamente o oposto do que o país precisa. A sociedade brasileira está farta de comportamentos desastrados e inconsequentes arquitetados pelo governo e que têm causado sérios danos às finanças da nação. No cenário atual, protelar o processo do impeachment só vai contribuir para piorar a conjuntura econômica. O país precisa rapidamente voltar à normalidade institucional e esse caminho passa pela ágil conclusão do processo de impeachment.
HOJE, MAIS um capítulo dessa novela entristecedora estará sendo encenado com a discussão do impeachment da presidente Dilma no plenário do Senado. O resultado é previsível e poderá dar um alento à combalida economia do país e à recuperação de nossas instituições políticas após um período de conflitos ideológicos que penalizaram toda a sociedade. A hora é de recomeçar.
COM O FRACASSO da bizarra tentativa de governistas em tumultuar o rito, a votação da admissibilidade do processo de impeachment deve acontecer em clima tenso, porém, dentro da normalidade constitucional. Isso não significa, entretanto, que novas investidas surreais deixarão de ser tentadas. Há a possibilidade de o governo recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), num derradeiro esforço para atrasar o processo.
NO MEIO DESTE jogo de “manhas e artimanhas”, resta um país em recessão, com desemprego em alta e, por estas circunstâncias, pouco atraente para investimentos no setor produtivo. Seria de bom tom que as pessoas públicas, ainda que legitimamente envolvidas na dinâmica política do momento, refletissem sobre os efeitos desta instabilidade jurídico-institucional na vida dos brasileiros.
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