Sem pagamento, tutores do Cederj fazem paralisação neste sábado em Friburgo

Profissionais não recebem a bolsa-auxílio desde dezembro do ano passado
sexta-feira, 04 de março de 2016
por Alerrandre Barros
O polo de Nova Friburgo funciona no Ciep 124 Licínio Teixeira, em Olaria (Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)
O polo de Nova Friburgo funciona no Ciep 124 Licínio Teixeira, em Olaria (Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)

A crise fiscal no estado voltou a afetar os tutores do Cederj. Há pelo menos três meses, professores dos cursos de graduação à distância e do pré-vestibular social não recebem o pagamento da bolsa-auxílio. Isso já havia acontecido no início do ano passado. Neste sábado, 5, os profissionais que atuam no polo de Nova Friburgo farão uma paralisação parcial das atividades em protesto contra o governo.

“O atraso começou em novembro do ano passado e se já se estendeu ao mês de fevereiro deste ano. A bolsa de novembro, porém, foi paga na semana após o carnaval, mas nós ainda não recebemos o pagamento de dezembro, janeiro e fevereiro”, conta a professora Érika Guimarães Ferreira. “Eu tenho outra fonte de renda porque trabalho também para o município, mas a maioria dos tutores tem nessa bolsa sua principal fonte de renda”, diz a professora, que orienta alunos nos cursos de Pedagogia e Tecnologia em Segurança Pública no polo do Cederj, no bairro Olaria.    

O contrato assinado entre os tutores e a Fundação Cederj, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, não dá direito à benefícios de alimentação, saúde, transporte e nem décimo terceiro salário. Eles recebem R$ 275 por mês para dar 2 horas/aula por semana, incluindo ainda a obrigatoriedade da correção das provas online e presenciais e as reuniões periódicas. Os pagamentos são feitos por dois órgãos governamentais: o Cederj e a Universidade Aberta do Brasil (UAB), órgão ligado ao governo federal. Só os tutores que recebem pelo estado estão com as bolsas atrasadas.

“Aqui em Nova Friburgo, dos 53 tutores, menos de 10% possuem somente a graduação. Os demais são especialistas, mestres ou doutores. Tutores excelentes estão deixando o Cederj. Desacreditados, eles estão optando por deixar o barco”, diz Érika.

A paralisação deste sábado, 5, pode provocar uma greve dos tutores não só no polo de Nova Friburgo, mas em todo o estado. Para a estudante do curso de Ciências Biológicas, Tatiane Araújo, além de afetar a aprendizado, o atraso no pagamento das bolsas pode afetar a formação dos alunos. “A tutoria presencial é primordial para o aproveitamento de disciplinas práticas. Sem o tutor é praticamente impossível desenvolver atividades nos laboratórios”, explica a estudante, que ainda é bolsista do programa de iniciação à docência (Pibid).

No ano passado, tutores também ficaram meses sem receber do estado. O deputado Comte Bittencourt, presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), vem acompanhando o caso e disse que vai cobrar a regularização do pagamento das bolsas e também vai propor a criação de carreira própria para os tutores.

“É inadmissível os tutores do Cederj estarem há três meses sem receber bolsa-auxílio. São esses profissionais estratégicos para o estado que garantem a formação de professores no interior  e que suprem a falta de pessoal concursado. Precisamos investir em uma política para quem quer pensar em uma alternativa além do óleo e gás. Não há outro caminho que não seja a inovação, a pesquisa e a inteligência”, diz o parlamentar.

Além do pré-vestibular social, oferecido a alunos e baixa-renda, cerca de 45 mil estudantes fazem 13 cursos de graduação à distância no Cederj, por meio de oito instituições públicas do estado - Cefet, IFF, Uenf, Uerj, UFF, UFRJ, UFRRJ e Unirio. São 32 polos espalhados por todas as regiões do estado. O polo Cederj Nova Friburgo oferece os cursos de licenciatura em Pedagogia, Letras, Geografia, Ciências Biológicas, Química e o Tecnólogo em Segurança Pública e Social.

Em nota, o Cederj confirmou que há atraso no pagamento das bolsas dos tutores, fruto da situação econômica pela qual passa todo o estado. “A partir de março as bolsas serão pagas no sétimo dia útil do mês, junto com o salário dos servidores do estado. O atraso de dois meses será recuperado com o pagamento de duas bolsas em julho e duas bolsas em agosto”, informa a nota.

Greve na educação estadual

Na tarde desta sexta-feira, 4, mais de cinquenta alunos e professores da rede estadual de ensino voltaram a ocupar a Avenida Alberto Braune, no centro de Nova Friburgo, em protesto contra o atraso no pagamento de salários dos profissionais terceirizados e de servidores da educação. As escolas estão sem porteiros, limpeza e até a merenda foi afetada pelos cortes no repasse das verbas. Desde o início da semana, professores do ensino fundamental e médio estão em greve, mas a paralisação também já chegou ao ensino superior estadual. No próximo dia 7, os professores e técnicos administrativos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) também cruzarão os braços.

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TAGS: Educação | Greve | Cederj
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