Sem conexão

quinta-feira, 09 de junho de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Sem conexão

O USO DO telefone celular para acessar a internet ultrapassou o do computador pela primeira vez no Brasil. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais da metade dos 67 milhões de domicílios brasileiros passaram a ter acesso à internet em 2014 (54,9%). Em 2013, esse percentual era 48%, por exemplo. Mais de 60% dessas casas estavam na área urbana. Pelo menos 29,6 milhões das 36,8 milhões de casas conectadas dispõem de um telefone móvel para se conectar, o que representa 80,4% do total.

O BRASIL é o país com o maior número de telefones celulares, segundo pesquisa feita entre dez países da América Latina. Temos 256,4 milhões de linhas de telefonia móvel (base abril 2016) e seremos uma das nove nações que concentrarão quase a metade dos telefones celulares do planeta, uma prova inquestionável da aceitação do aparelho como de “utilidade pública”, um bem imprescindível hoje em dia.

O CELULAR era um bem pessoal para 93,4% dos estudantes da rede privada de ensino e para 66,8% dos da rede pública, que representavam 74,3% dos estudantes brasileiros em 2014. Em 2013, esses percentuais eram 92,8% e 62,6%, respectivamente. A proporção de pessoas com esse equipamento com 11 a 14 anos de estudo foi de 93,6% e de 96,8% com 15 anos ou mais de estudo. Os maiores crescimentos no período ocorreram nos grupos de um a três anos de estudo, que passou de 46,9% para 51,5% e quatro a sete anos de estudo (de 67,4% para 71,1%).

MAIS DA metade da população rural passou a contar com telefone celular em 2014 (52,4%), após aumento de 4,6 ponto percentual em relação a 2013. A maioria dos celulares está na área urbana (82,3%), mas em todas as regiões a diferença entre as proporções do uso do celular nas áreas urbanas e rurais diminuiu.

NA CONTRAMÃO dos números das pesquisas nacionais, Nova Friburgo ainda não é uma cidade “incluída”, do ponto de vista digital. Embora possua milhares de aparelhos celulares, parcelas da população não receberam as benesses da era eletrônica. Um exemplo significativo é a ausência da telefonia na localidade de Vargem Alta, a região que concentra boa parte da floricultura do estado do Rio e do país, conforme apurou A VOZ DA SERRA em recente reportagem. Lá, eles são os excluídos das telecomunicações.

O TELEFONE, instrumento indispensável naquela localidade, não presta nenhum serviço de utilidade pública. Sem ele, torna-se difícil manter contatos comerciais com os centros consumidores, deixando aquela comunidade sem comunicação  com a cidade e com o resto do mundo. É lamentável constatar que até agora as operadoras não se pronunciam, promovendo a devida instalação de telefones em Vargem Alta.

SE O SIMPLES telefone não existe, a internet vai no mesmo descompasso. Desconectados da rede mundial de computadores, crianças, jovens e adultos são privados da maior rede de informação do planeta, transformando-se em “excluídos digitais”. Uma ferida aberta na democratização das telecomunicações e uma ausência de liderança política capaz de solucionar este problema a nível estadual ou federal.

O FUTURO governo, e até mesmo a atual gestão do prefeito Rogério Cabral — cujas raízes estão na área rural friburguense — não devem permitir que uma parcela responsável da economia rural do município fique sem as mínimas condições de comunicação. Corrigindo este erro, poderia estender os benefícios também às demais comunidades que ainda não se beneficiam dos avanços tecnológicos, melhorando a vida de todos.

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