Um cenário cruel e desafiador. A disputa de pênaltis, que poderia levar o Friburguense de volta ao cenário do futebol nacional no próximo ano, sentenciou o agravamento de dificuldades que já são imensas. Sem conseguir o sonhado retorno à primeira divisão do Campeonato Carioca ou a participação na Copa do Brasil, o clube volta a conviver com o recorrente problema das últimas temporadas, comum a centenas de clubes do futebol brasileiro: a falta de calendário.
“O sentimento é de tristeza, por não termos conseguido essa vaga. Mas principalmente pela luta, que é muito grande. A gente vê o que o Siqueira faz sem apoio nenhum da cidade. Ninguém mesmo ajuda o clube, e isso é muito complicado. Peço desculpas pelo desabafo, mas essa é a verdade”, declarou o volante Bidu, na saída do campo após o jogo contra o Itaboraí, na semana passada.
O jogador, que há anos defende o Tricolor da Serra é personagem em meio a toda essa história. Bidu, assim como outros milhares de atletas espalhados pelo território nacional, vive do futebol. Tem família, responsabilidades e objetivos. Mas após o fim dos compromissos oficiais em 2018, ainda não sabe quando calçará novamente as chuteiras para jogar profissionalmente. É exatamente o que acontecerá com a maior parte dos participantes da Série B1 do Campeonato Carioca, que passaram três meses e meio em campo para uma maratona de partidas, e agora vão experimentar o outro lado da moeda: o longo período afastado dos gramados.
Dos clubes que disputam ou disputaram a Segundona deste ano, quatro puderam seguir sonhando com o acesso até o final: Americano, America, Sampaio Corrêa e Audax, que chegaram às semifinais gerais. Friburguense e Itaboraí, que permaneceram vivos na Copa Rio, ainda tiveram mais algumas semanas de atividade – a Águia volta a campo duas vezes ainda no mês de outubro, para a disputa da decisão. Outros 14 times, entretanto, iniciaram o longo período de inatividade ainda na primeira quinzena de setembro.
Das equipes que já estavam paradas, 11 seguirão na Série B1 em 2019, enquanto outras três - Barcelona, Santa Cruz e Carapebus - foram rebaixadas à Série B2. A Segundona, na atual temporada, começou em maio, enquanto a Terceirona teve início no mês seguinte. Mantendo este cenário e levando em conta o calendário montado para este, serão pelo menos oito meses de inatividade, já que grande parte destes times entrou em campo pela última vez no dia 1º de setembro. A tendência é que a B1 do próximo ano comece também no mês de maio, devido a disputa da Copa América.
Essa lista ainda aumenta com as duas equipes eliminadas nas semifinais gerais, que ficam sem o acesso. Apenas os dois clubes que conquistarem as vagas na Série A terão pela frente a Seletiva, e um calendário igualmente incerto, sem a garantia de participação na fase principal do Carioca. Ao menos estarão novamente em ação já no início do próximo ano. “Fica a tristeza por não termos conseguido a classificação, mas vamos trabalhar para o ano que vem. Temos que recolocar o Friburguense na Série A do Carioca e em alguma competição nacional. Esse clube tem muita história, e não merece estar onde está agora”, avalia Vitinho.
Menos de quatro meses
A Série B1 começou em 19 de maio e teve a fase regular chegando ao fim em 1º de setembro. Ou seja: menos de quatro meses com bola rolando. Cada equipe disputou, ao menos, 19 jogos referentes às etapas classificatórias das Taças Santos Dumont e Corcovado - as que foram finalistas, ampliaram, de maneira variada, tal número.
Tendo 2018 como parâmetro, a Copa do Brasil começou em 31 de janeiro, enquanto a Série D teve pontapé inicial em 23 de abril. Neste caso, outro problema pode nascer: a necessidade de se formar um elenco mais cedo, mas para uma disputa que pode ser curta, enquanto a Segundona da próxima temporada deve mesmo começar em maio. A Série B2 segue em disputa até este mês de outubro, assim como a Série C. O cenário, entretanto, é praticamente o mesmo da B1. Quando as competições chegarem ao fim, os clubes terão que esperar um longo tempo até voltarem às quatro linhas. No caso da Terceirona, em 2018, a bola só rolou em junho. Na Quartona, a espera foi ainda maior, tendo começado no final de julho. Uma triste realidade para dezenas de clubes e milhares de profissionais, que dependem do futebol, direta ou indiretamente, no Estado do Rio de Janeiro.
Em recuperação, Dedé relembra lance e prevê retirada dos pontos em 15 dias
Uma das gratas surpresas do Friburguense para a temporada, o atacante Dedé se envolveu em um lance bastante forte no jogo contra o Itaboraí, na tarde desta quarta-feira, 19, no estádio Alzirão. O atacante acabou se chocando contra a moita existente no muro da linha de fundo, e um galho perfurou a coxa esquerda do jogador aos 27 minutos do primeiro tempo. A partida ficou paralisada por cerca de 12 minutos para atendimento ao jogador, retirado de campo pela ambulância.
Dedé foi encaminhado para um hospital próximo ao estádio e precisou levar 14 pontos. Segundo o relato do próprio atacante, a médica que o atendeu prevê a conclusão da primeira etapa de recuperação em no máximo duas semanas, com a retirada dos pontos. A orientação é cuidar da ferida, repousar e cumprir todos os procedimentos até a cicatrização completa.
"A rapaziada ficou preocupada mesmo, e alguns torcedores até mandaram mensagem pra mim. Eu estou bem e agradeço a preocupação de todos. Não foi nada grave, e eu creio que foi um livramento de Deus. Ele tem algo reservado pra mim. Foi uma bênção. Estou com a minha mãe, minha família e está tudo certo", disse o atleta, que é natural do município de Cachoeiras de Macacu.
Aos 24 anos de idade, Dedé fez a primeira temporada como atleta profissional. Aprovado em um teste no Friburguense, realizado no final de 2017, foi integrado ao elenco, ganhou espaço e se tornou titular da equipe comandada por Cadão. Foi autor de nove gols na Série B1 do Campeonato Carioca e balançou as redes uma vez na Copa Rio deste ano, além das diversas assistências.
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