Dalva Ventura
O jovem designer friburguense Thiago Miranda precisou sair de Nova Friburgo para ser reconhecido e se encontrar profissionalmente. Com apenas 23 anos, ele é o responsável pelo departamento de desenvolvimento e marketing da Torp, a quarta maior marca do país no segmento de meias e cuecas.
Nas horas vagas, porém, “brinca de ser ilustrador”, unindo a colagem com texturas diferentes à pop art, sempre levando o humor e as cores vibrantes dos anos 80 a uma boa pitada de nostalgia. As ilustrações de Thiago Marconi estão fazendo um tremendo sucesso.
O traço de Thiago pode ser facilmente reconhecido na ilustração que fez do Chacrinha, o Velho Guerreiro e da cantora Ellis Regina.
A mais conhecida, porém, é a de Carmen Miranda, que já foi exposta, inclusive, no centenário da cantora durante o São Paulo Fashion Week. Thiago já teve trabalhos expostos no centenário de Carmen Miranda, no São Paulo Fashion Week, no Festival de Jazz realizado na Cecília (Itália) e também na exposição comemorativa de 50 anos de bossa nova no Sesc Copacabana. Ele também já teve suas ilustrações publicadas na edição “Surrealismos e Cores”, da revista on-line “Idea Fixa”, no blog “Caligrafitte”, no caderno “Zona Sul Fashion”, blog da marca Espaço Fashion, no site ABC Designer e no jornal da “Plesad”.
Em entrevista por e-mail ao caderno Light, Thiago Marconi diz que uma das grandes peças que o destino lhe pregou é hoje trabalhar com moda íntima fora da capital da moda íntima. Isto porque, quando começou sua carreira, com 17 ou 18 anos, não queria de jeito algum trabalhar com moda íntima nem com moda feminina, e sim, com a masculina.
Aliás, foi por este motivo que ele se mudou para Petrópolis, onde atuou na Metal Carbono, marca do segmento alternativo, e na SW (Surf World). Ao mesmo tempo fazia coleções particulares para a Feira Moda Hype e, no meio dessas idas e vindas, entre Nova Friburgo, Rio, Petrópolis e trabalhos de produção fotográfica e direção de arte para o segmento de moda, uma marca de moda íntima o convidou para assinar sua coleção. Era a Delage, do Rio de Janeiro, que tem sua produção focada para exportação.
Autodidata, começou copiando desenhos de revistas em quadrinhos e personagens de desenhos animados durante as aulas. Nada, porém, lhe parecia suficientemente bom. Até que o dono de uma marca lhe encomendou uma ilustração de mulher para colocar num postal de sua loja. A partir daí, pessoas ligadas ao meio da moda começaram a botar pilha para que Thiago entrasse para valer neste universo.
Kalluma Miranda começava a nascer. Mas levou algum tempo até isso acontecer. Nos primeiros tempos ele assinava como Marconi, mas esta já era a assinatura de seu irmão, Guilherme, um ilustrador já bem conhecido no mercado. A comparação era inevitável, havendo até quem duvidasse se era realmente Thiago quem executava aqueles trabalhos.
Durante algum tempo foi Thiago Miranda, pela simples homenagem à Carmen Miranda, mas havia um cantor com este nome no mercado. Finalmente veio “Kalluma”, expressão latina que significa tecido ou véu que cobre a cabeça, seguida de Miranda, sobrenome da mulher que o levou a gostar de moda.
Foi Carmem Miranda, a pequena notável, criadora de tantos modelos e de sapatos até hoje usados quem fez Thiago gostar de moda e entrar neste segmento. “Ela foi a Lady Gaga de sua década, pois fugiu completamente do padrão de moda para o seu tempo, virou ícone e ditou moda e até hoje é base de inspiração”, declara.
“Minha carreira
em Nova Friburgo
nunca aconteceu”
Thiago estudou no Colégio Estadual Rui Barbosa, em Conselheiro Paulino, e depois no Jamil El-Jaick, mas nunca fez faculdade alguma, apenas um curso técnico, de duração bem curta. Porém, tanto sua avó materna como a paterna costuravam e ele via as duas a modelar todo o processo de costura. Já a linha de produção em alta escala ele aprendeu com uma tia.
“Tudo foi muito complicado”, diz. Thiago trabalhou muito com a família numa confecção de fundo de quintal, mas não deu certo. Depois disso, tentou o mercado local, mas Nova Friburgo “só da valor à grama verde do vizinho”, diz. Reconhece, porém, que sua pouca idade também atrapalhou. Fez poucos trabalhos que, aliás, nunca recebeu. “Nem o dinheiro nem o prestígio. Na época, até pensei em desistir”, continua. Até que acabou conhecendo o dono da marca petropolitana Metalcarbono. Foi quando sua carreira na moda de fato começou.
O artista já teve trabalhos expostos em Nova Friburgo, mas dentro de exposições de seu irmão, Guilherme Marconi, que não leva tanto em consideração. Mas garante que tentou e ainda tenta expor seus trabalhos em Nova Friburgo. E arrisca: “Quem sabe depois desta matéria no jornal...” Até porque, no curto tempo em que está em Juiz de Fora já tem uma exposição marcada. Justamente dentro do projeto “Kiss of Life”, que era para acontecer em Nova Friburgo, no início de 2010.
Um de seus sonhos é um dia voltar para Nova Friburgo, pois se confessa apaixonado pela cidade, para trabalhar com moda íntima nas áreas de marketing e consultoria de estilo, que se tornaram sua especialidade.
Contatos com Thiago Marconi pelo e-mail marconi@torp.ind.br.
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