Segurança em Nova Friburgo ganha plano e debate especial

terça-feira, 28 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra
Segurança em Nova Friburgo ganha plano e debate especial
Segurança em Nova Friburgo ganha plano e debate especial

A sociedade de Nova Friburgo começa a se conscientizar de que tem papel fundamental no combate à violência e de que o caminho para a paz passa, necessariamente, pela educação. No último sábado, 25, o teatro da Casa Suíça de Nova Friburgo, em Conquista, ficou lotado para a I Conferência Municipal de Segurança Pública do município, que reuniu, durante mais de dez horas, autoridades federais, estaduais e municipais. No evento, o coronel Hudson de Aguiar Miranda, comandante da Força Tarefa de Ordem Urbana, apresentou o 1° Plano Municipal de Prevenção da Violência e Promoção da Paz de Nova Friburgo.

Destacaram-se as presenças, como palestrantes, do comandante geral da PM, coronel Mário Sergio de Brito Duarte; de representantes do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope), do Serviço de Inteligência e do Instituto de Segurança Pública; da assessora do Ministério da Justiça, socióloga Luciane Patrício; de jornalistas de O Globo, O Dia, Folha de São Paulo; sociólogos e antropólogos atuantes na área de segurança e ligados a organismos como Viva Rio e Observatório Urbano; e acadêmicos da Universidade Federal Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Candido Mendes.

Compondo a mesa de abertura do evento e assistindo às palestras, entre outras autoridades, estiveram o prefeito Heródoto Bento de Mello; o vice-prefeito Dermeval Barboza Moreira; o secretário de Governo, Braulio Rezende Filho; o pró-reitor de Coordenação e Expansão da Universidade Candido Mendes, professor Alexandre Gazé, os deputados estaduais Rogério Cabral e Olney Botelho; os vereadores Manoel Martins, Marcelo Verly e Professor Pierre; os secretários municipais de Cultura, Roosevelt Concy, e de Comunicação Social, Girlan Guilland; além de representantes de associações e entidades da sociedade civil organizada, como o Conseg e o CCS 11.

A Comuniseg foi aberta oficialmente às 9h30, pelo prefeito Heródoto Bento de Mello, que evidenciou em seu discurso a necessidade de que todos participem dos debates sobre o tema. Afirmou que é necessário discutir as raízes da violência, apontando para a deterioração do comportamento humano e da perda do rigor e solidez moral da sociedade. O prefeito alertou para a responsabilidade das classes sociais mais abastadas, que sustentam o comércio de drogas, e afirmou ser equivocada a noção de que o problema tem origem nas classes pobres e modestas. “A segurança pública é um problema que atinge a todos os países. E a violência é um problema de todos nós, cidadãos. Todos acham que é preciso prender, condenar e fazer justiça. Mas a polícia é o último degrau a que devemos recorrer. Se hoje temos uma desordem urbana é porque há uma desordem moral, toda a sociedade acaba contaminada. Devemos hoje sair daqui pensando no que cada um de nós tem que fazer para resolver este problema, não apenas a polícia, mas cada cidadão”, afirmou.

O prefeito ainda explicou os motivos que o levaram a criar a Força-Tarefa de Ordem Urbana, e o lema por ele adotado e incorporado pelo coronel Hudson de Aguiar Miranda: “Disciplina com ternura”. Segundo ele, a educação deve ser um processo lento, não se deve puxar pela orelha, mas pelo braço. E isso vem sendo feito nas iniciativas de conscientização de toda a população no combate à desordem urbana.

HOMENAGEM

O coronel Hudson de Aguiar Miranda entregou uma placa de agradecimento ao pró-reitor Alexandre Gazé, primeiro a incentivar e patrocinar a I Comuniseg de Nova Friburgo. O professor Gazé disse que aquela placa pertencia ao povo de Nova Friburgo, destacando as palavras do prefeito Heródoto Bento de Mello no sentido de que, sem educação, não há como resolver o problema da violência. E explicou por que a Universidade Candido Mendes foi uma das grandes incentivadoras da conferência: “Entendo que a educação tem que estar ligada ao serviço municipal. Ninguém transforma nada neste país se não for através da educação. Nós temos que nos educar, o momento é muito sério, não podemos mais ficar em casa, esperando nossa vez de morrer. Todos nós somos um Conrado. Todos nós vamos ao correio, vamos ao banco; vamos sair deste auditório, pegar um carro, ir ao restaurante... Todos nós somos um Conrado. E foi por isso que a Universidade Candido Mendes decidiu que sempre apoiará eventos desta natureza. A Candido Mendes sai da sala de aula e passa a agir em apoio a estas iniciativas. Em vez de gastar dinheiro com anúncio de vestibular, vamos investir na educação e na defesa de nosso povo, de nossa gente”, frisou.

O pró-reitor Alexandre Gazé lembrou que a Comuniseg terá efeitos posteriores, como a captação de recursos federais para projetos que possam melhorar efetivamente a segurança pública no município. E alertou aos vereadores presentes à conferência para a necessidade de dar total apoio às medidas do governo, no sentido de acelerar a votação e aprovação dos projetos na área, citados no plano de prevenção à violência, que estava sendo lançado naquele momento.

PLANO DE PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA

O coronel Hudson de Aguiar Miranda apresentou aos participantes da conferência o 1° Plano Municipal de Prevenção da Violência e Promoção da Paz de Nova Friburgo. Antes, agradeceu o apoio que a Força-Tarefa de Ordem Urbana vem recebendo de todas as secretarias municipais e, em especial, do próprio prefeito Heródoto Bento de Mello. Mencionou também o apoio dos legislativos estadual e municipal e destacou o projeto de monitoramento por câmeras em Nova Friburgo, já com verba garantida através da Assembléia Legislativa do estado do Rio.

O coronel Hudson afirmou que a segurança pública é dever do Estado, mas lembrou que também deve ser vista como direito e responsabilidade de toda a população. Destacou que a tarefa é difícil, mas disse estar convicto de que a conquista da paz é uma realidade em Nova Friburgo, através da integração entre governo e cidadãos. Falou sobre o Gabinete Municipal de Gestão Integrada em Segurança, em fase de criação no município, que ficará responsável por fiscalizar a aplicação do Plano de Prevenção.

O coronel Hudson explicou aos presentes de que forma o município pode contribuir para o combate à violência, detalhando os 20 compromissos do governo municipal, através de suas diversas secretarias. “Nossa visão tem que ser sistêmica não só na questão da segurança pública, mas de todo o município, por isso temos que atuar em parceria com todas as secretarias”, lembrou, mencionando um projeto integrado com a Secretaria de Educação, que levará o ensino das regras de trânsito a todos os alunos da rede pública municipal.

Entre os itens mencionados pelo coronel Hudson destacam-se o combate à sensação de insegurança, com o apoio da imprensa, soluções para índices alarmantes de suicídios na região, banir a cultura da violência e incentivar a cultura da paz, o desarmamento, colaborar nas ações de combate ao tráfico de drogas, combater a violência intrafamiliar, oferecer cultura, esporte e valorização profissional dos jovens, garantir o respeito à diversidade, criar novos canais de comunicação com a sociedade civil organizada, investir e valorizar a Autarquia de Trânsito, a Guarda Municipal, a Defesa Civil; atuar no combate à criminalidade com estatísticas, monitoramentos, plano de metas e diagnóstico de resultados; garantir a implantação urgente do novo Código de Posturas.

Engenheiro da Autran assassinado em assalto recebeu homenagem

Logo no início da conferência, um momento emocionou a todos. O consultor de ordem urbana André Luís dos Santos, em nome de toda a equipe comandada pelo coronel Hudson de Aguiar Miranda, prestou homenagem ao diretor da Autarquia Municipal de Trânsito (Autran), Conrado Sichel, morto em tentativa de assalto cinco dias antes da conferência. Um banner com a foto de Conrado foi aberto no palco e, depois que André Luis leu um texto sobre o amigo, uma calorosa e longa salva de palmas levou muitos presentes às lágrimas.

Na plateia, amigos e parentes de Conrado. Entre eles, a esposa e juíza Hevelise Scheer, coordenadora de Direito da Universidade Candido Mendes, na qual Conrado havia acabado de concluir o curso. O coordenador acadêmico da instituição, professor Francisco Assis Barbosa, ao lado de doutora Hevelise, também estava bastante emocionado. O professor Alexandre Gazé falou do amigo e aluno da Ucam, dizendo à viúva do engenheiro que cada membro da sociedade é um Conrado, ou seja, uma vítima em potencial.

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