Secretaria municipal de Educação realiza II seminário de educação integral.

terça-feira, 04 de setembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

Nos dias 30 e 31 de agosto e 1º de setembro, a Secretaria Municipal de Educação promoveu o II Seminário Regional de Educação Integral. Representantes de 15 municípios do Rio de Janeiro se reuniram para abordar a necessidade de elaborar e executar urgentemente políticas públicas educacionais, que contemplem o horário integral em 50% das unidades escolares até 2015 como prevê o Plano Municipal de Educação.

A abertura do evento teve lugar no Sesc de Nova Friburgo, parceiro na organização do evento, às 18h do dia 30 de agosto, quando a proposta de trabalho do seminário foi apresentada. Gesuína Leclerc, consultora Unesco em Desenvolvimento Social e consultora de Educação Integral no Ministério da Educação, foi a convidada da noite, que contou ainda com a bela apresentação de dança dos alunos do projeto Mais Educação.

O espetáculo foi criado e produzido coletivamente pelos monitores das escolas Messias de Moraes Teixeira, Hermínia Santos Silva, Miguel Bittencourt, Patrícia Jonas de Sant’Anna e Helena Coutinho—coreógrafos Corina Mourão, Haroldo Vieira, Mateus Costa, André de Moraes, Lucas Ramos e Érika Coimbra.

Em seu discurso de abertura do evento, o secretário municipal de Educação, Ricardo Lengruber, falou da responsabilidade de uma escola de horário integral, onde o aluno passa grande parte de seu dia, e, desta forma, caso a qualidade do ensino não seja adequada, o prejuízo para o aluno acaba sendo maior do que seria em uma escola de horário regular. Além disso, o secretário ressaltou que uma escola integral deve ser aquela que integre diversos saberes e que dê conta da integralidade do ser humano.

A coordenadora da Equipe de Gestão Integral da Secretaria, Flávia Raposo, destacou que o objetivo do seminário fora aprofundar os estudos e trocar experiências com municípios vizinhos e profissionais dedicados à área sobre o caminho da Educação Integral, e sua implantação efetiva na Educação Pública, através de construção de lei municipal específica, captação da verba do Fundeb para o estudante de horário integral e conclusão do projeto de lei de Educação Integral do nosso município.

Por uma escola íntegra, integrada e integral

Ricardo Lengruber Lobosco

A infância e a adolescência são etapas muito importantes no processo de formação das pessoas. O que se vive nesse período terá papel decisivo na personalidade dos indivíduos. Não concordo que somos, quando adultos, o resultado automático do que vivenciamos na infância; isso porque a vida é processo muito complexo de reelaboração constante das experiências. Mas, mesmo assim, não posso deixar de aceitar que a vida vivida na infância empresta um significado todo especial à personalidade amadurecida pelo tempo.

Sendo assim, há que se ter muito cuidado com o que se planeja em termos de educação. Nossa sociedade brasileira contemporânea conquistou como valor que lugar de criança é na escola, mas ainda não definiu bem o que pretende com sua escola e com sua política educacional.

Arrisco indicar umas poucas pistas sobre a questão e, para isso, lanço mão do conceito—tão amplo e controvertido—de Educação Integral.

Primeiramente, penso Educação Integral como tempo integral. Ou seja, um tempo que se estende para além das quatro horas diárias previstas em lei. Um tempo que ultrapassa os limites de um turno colegial (manhã, tarde ou noite) e avança pelas horas úteis de um dia de trabalho, estudo, lazer, entretenimento, esporte, cultura e—por que não?—uma boa dose de ociosidade criativa também! Uma escola que conceda à família a tranquilidade para o trabalho e a segurança de estarem os pequenos confiados a profissionais devidamente qualificados.

Penso, ainda, em Educação Integral como ensino integrado. Ou seja, como resultado de um projeto pedagógico que compreende o ato de educar como algo que se faz colegiadamente; como um processo que leva em consideração que o saber não se compartimenta; como uma ação integrada entre muitos e diferentes saberes e práticas que se entrelaçam e se tensionam mutuamente. Educação Integrada que tem como princípio a ideia de que tudo tem relação com tudo, como numa rede em que o todo está na parte e cada parte se revela no todo. Professores precisam dialogar mais e promoverem mais diálogo entre seus estudantes também.

Por fim, entendo Educação Integral como formação integral do indivíduo. Já deve ser passado o tempo em que se limitou o processo educacional ao simples ato de transmissão de saberes. Óbvio está que o aspecto racional é elemento central na formação, mas não é único, tampouco o mais importante. Somos mais que cérebro! Somos coração e mãos. Somos valores e gestos. Uma escola hoje deve ter clara sua vocação como promovedora da cultura da paz e da tolerância e, acima de tudo, como cultivadora da ética e da cidadania.

Há muito ainda a ser feito, mas estamos muito mais perto do que já estivemos. Por uma escola de tempo estendido, formação integrada e educação integral: eis o desafio de nosso tempo!

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