Secretaria estadual de Saúde apresenta plano de ação contra tuberculose e aids

quinta-feira, 22 de agosto de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Doenças de contaminação e tratamentos distintos, a tuberculose e a aids andam mais juntas do que se imagina. As duas apresentam um cenário preocupante no estado do Rio de Janeiro e levam vítimas a dividir o estigma e o preconceito. Ao contrário do que muita gente pensa, a tuberculose não é uma doença do passado e ainda mata, todos os anos, cerca de 800 pessoas só no estado do Rio de janeiro. A aids, apesar de ter tratamento, não tem cura, e atinge a cada ano mais e mais jovens em todo o país. Cerca de 40% das mortes causadas pela doença poderiam ser evitadas se o diagnóstico fosse mais precoce. 

Entre as ações municipais estão o prazo de 15 dias para resultado dos exames de HIV e consultas em até sete dias para pacientes com resultado positivo da doença. No âmbito estadual, o governo do Rio ampliará acesso a ambulatórios para tratamento da aids e reformará o Hospital Estadual Santa Maria e o Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras, ambos referências no atendimento de pacientes com tuberculose. Este último também será referência para internação e atendimento ambulatorial de aids. As unidades ganharão leitos de UTI, passarão a realizar cirurgias torácicas e terão triplicados os leitos para pacientes com tuberculose multirresistente. "Por décadas o Rio de Janeiro não deu atenção ao problema da tuberculose e aids. Garantimos que tudo que está sendo pactuado aqui será cumprido. Vamos reformar os hospitais estaduais Ary Parreiras e Santa Maria para se tornarem referências no que há de mais moderno no tratamento de tuberculose e aids. Mas nada adiantará abrirmos leitos se não forem feitos investimentos na atenção básica”, frisou o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes.


Tuberculose em números

O estado do Rio de Janeiro apresenta hoje a maior incidência de tuberculose do país. De acordo com dados preliminares, o estado registrou 14.039 casos da doença em 2012 — em torno de 15% do total. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o 17º país com maior incidência de tuberculose entre os 22 de alta carga. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde, para considerar a tuberculose uma doença sob controle, a taxa de incidência não deve ultrapassar cinco casos em cada cem mil habitantes — atualmente, em todo o estado, a taxa é de 68,7 para cada cem mil habitantes*.

Das notificações realizadas no estado do Rio (14.039) em 2012, 11.149 ou 79, 41% se referem a casos novos da doença. Rio também concentra a maior parte dos casos em pacientes que apresentam resistência à medicação usada no tratamento. Entre os 14.039 casos de tuberculose estado, 954 se referem a pacientes que retomaram o tratamento depois de abandoná-lo. De 2009 a dezembro de 2012, 33 municípios fluminenses diagnosticaram 551 pacientes resistentes. 

Não por acaso que o estado é o que apresenta as maiores taxas de incidência da doença. Segundo o censo de 2010 realizado pelo IBGE, o RJ concentra 96% de sua população em áreas urbanas e tem densidade demográfica de 368 habitantes por km², quando no Brasil a média é de 22,4 habitantes por km². 


HIV/AIDS em números

Entre os pacientes soropositivos, a prevalência de tuberculose é de 15%. A doença respiratória já é a principal causa de 20% das mortes em pacientes portadores de HIV em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.

Ainda de acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que o Brasil tenha atualmente mais de 655 mil pessoas vivendo com HIV/aids. No estado do Rio de Janeiro foram registrados 92.178 casos de Aids no período entre 2000 e 2012. 

Em todo o estado, 30% das gestantes com a doença não usaram antirretrovirais no parto, o que poderia evitar a contaminação vertical, e 24% só souberam que eram soropositivas durante a gestação. Para incentivar a realização de exames, a Secretaria de Estado de Saúde, em parceria com a Associação Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH) — instituição financiada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) — criou o programa Quero Fazer. O projeto leva uma unidade móvel com testes rápidos contra aids a locais públicos e os exames ficam prontos na hora.

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