Secretaria de Educação reabre 121 unidades e recebe 18.500 crianças nas salas de aula

sexta-feira, 18 de março de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Secretaria de Educação reabre 121 unidades e recebe 18.500 crianças nas salas de aula
Secretaria de Educação reabre 121 unidades e recebe 18.500 crianças nas salas de aula

No calendário escolar de 2011, 7 de fevereiro era a data assinalada para o início do ano letivo de Nova Friburgo. Mas, na madrugada de 12 de janeiro, uma tragédia climática desfigurou a cidade e alterou o cronograma da pasta de Educação. Uma série de desabamentos, soterramentos, enchentes e alagamentos, seguidos da morte de 432 pessoas e quase 200 desaparecidos, enlutou a população friburguense. Das 133 unidades de ensino, 94 foram atingidas, sendo três, destruídas, e mais seis condenadas pela Defesa Civil.

Outras oito unidades serviram de abrigo para cerca de 1.300 pessoas, número reduzido atualmente para 40 abrigados em quatro unidades, aproximadamente. À medida que a dimensão da catástrofe se materializava diante de uma comunidade atordoada - composta por quase 180 mil habitantes - e em meio ao caos e à dor de centenas de famílias, crescia a solidariedade e o compromisso de uns para com os outros.

O prefeito Dermeval Moreira Neto tomou as providências cabíveis para o momento – como decretar o estado de calamidade pública e contatar as autoridades estaduais e federais. Instruiu seu secretariado a colocar toda a infraestrutura municipal à disposição da população, e ajudarem-se mutuamente.

Na área da Educação, o secretário Marcelo Verly, autorizado pelo prefeito, cedeu veículos da rede escolar para a Secretaria de Saúde, para ajudar a transportar pacientes de hemodiálise impedidos de continuar seus tratamentos no Hospital Raul Sertã pelos danos ocorridos no setor de Nefrologia. E orientou que as unidades de ensino recebessem os desabrigados e desalojados.

Simultaneamente, Verly reuniu-se com diretores, professores e funcionários para traçar metas e pôr em prática um plano de ação. Ouviu de tudo: sobre as perdas de vidas humanas de parentes, colegas e alunos, sobre as condições físicas de cada unidade, e o que fazer para retomar o ano letivo. A partir desta reunião, e após muitas outras, encaminhou o resultado para a Secretaria de Obras, que deu início aos trabalhos de recuperação das unidades. As reformas foram realizadas por empreiteiras contratadas pela Emop e coube à Defesa Civil vistoriar os prédios e emitir laudos liberando ou sugerindo pequenos acertos, de acordo com os critérios de segurança exigidos pelo órgão.

Enquanto as reformas prosseguiam, um novo cronograma foi elaborado com a definição das seguintes datas para o reinício das aulas: 21 e 28/02, e 14/03. Hoje, das 133 escolas e creches, alcançou-se o número de 121 unidades abertas e cerca de 18.500 alunos frequentando-as, faltando ainda restabelecer o pleno funcionamento de mais 12 unidades, de forma a receber com segurança mais 1.500 – totalizando, então, 100% da rede em funcionamento.

Balanço e recomeço

– Foram retiradas toneladas de lama e entulhos, realizadas obras de reparos em alvenaria, reconstrução de paredes e muros, consertos nas redes elétrica e hidráulica, higienização, pintura, análise da qualidade da água, entre outros cuidados, finalizados com a vistoria da Defesa Civil. Sofremos perdas irreparáveis, de vidas humanas. E perdas significativas de equipamentos como computadores, eletrodomésticos e materiais didáticos – listou Verly.

Segundo ele, a secretaria estruturou licitações para recolocar essas perdas materiais em quantidade suficiente para atender a todas as unidades, com o que há de melhor.

– Solicitamos também apoio financeiro ao MEC, já que não tínhamos previsão orçamentária original para tantas aquisições. Espero que dentro de 60 dias esteja tudo normalizado. Por enquanto, estamos transferindo materiais e equipamentos de unidades que ainda não iniciaram o ano letivo para aquelas que já começaram, bem como recebendo bens específicos de licitações que já haviam sido feitas anteriormente – esclareceu.

Marcelo Verly revelou também que tem conversado diariamente com o prefeito e outros secretários sobre várias questões.

– Uma delas, que me preocupa bastante, é o déficit de 750 profissionais. Faltam cerca de 250 professores, mais 500 servidores para outras funções. Individualmente, nossas direções de escolas e creches solicitam a contratação de mais quatro, cinco ou seis novos funcionários. Multiplicando pelas 133 unidades, chegamos ao número apontado como déficit. Como temos os cadastros dos concursos de 1999 e 2007, está na hora de bater o martelo e chamar esse pessoal para trabalhar.

Ainda de acordo com ele, a Câmara deverá aprovar projeto de lei majorando as subvenções para a Creche Colmeia do Senhor, GPH e Creche Berçário São José, “visando criação de mais 190 vagas para creches e pré-escola, as quais seriam inicialmente destinadas para ampliação da oferta de vagas, mas que absorverão prioritariamente crianças de unidades destruídas ou condenadas” acrescentou.

Por fim, Marcelo Verly comemorou a informação recebida diretamente do prefeito Dermeval Neto:

– Ele enviou à Câmara um projeto propondo transformar todo o quadro de funcionários da Prefeitura em regime único estatutário, o que, além de garantir estabilidade, propiciará economia de encargos fiscais. Esta economia poderá ser investida na contratação de novos profissionais para a educação municipal”.

Unidades pendentes

A Escola Estação do Rio Grande, localizada no centro de Riograndina, e que conta com mais de 500 alunos, encontra-se interditada pela Defesa Civil (DC). Uma empreiteira recupera a unidade, mas trincas identificadas no piso vão requerer a realização de testes especializados de carga, o que ocorrerá dentro dos próximos dez dias. Os alunos deverão voltar às aulas provisoriamente em salas cedidas pela Secretaria Estadual de Educação em duas de suas unidades: Colégio Emília Roschemant, em Riograndina, e Ciep Luiz Carlos Veronese, em Conselheiro Paulino.

A Escola Adezir Almeida Garcia e a Creche Bachini, em Córrego Dantas, foram interditadas pela DC por estarem em área de risco identificada por geólogos da CPRM. Os alunos da Adezir iniciarão o ano letivo provisoriamente na Escola Hermínia Condack, em Campo do Coelho, enquanto se busca alternativa para a Creche Bachini. A Secretaria Municipal de Educação está interessada na aquisição das instalações da antiga ADSAT (Sistema Adventista de Comunicação), que poderia abrigar as duas unidades de Córrego Dantas. Tanto os alunos de Riograndina, quanto de Córrego Dantas, contarão com transporte escolar fornecido pela Secretaria.

A Escola JK, em Varginha, está sendo recuperada por empreiteira contratada emergencialmente, devendo começar o ano letivo no início da próxima semana, colocando mais 500 crianças em sala de aula.

As crianças da Creche Sebastiana, interditada pela DC devido a problemas estruturais, que estão em processo de análise técnica por empreiteira contratada pela Emop, foram transferidas para a Creche (conveniada) Colmeia do Senhor, graças à ampliação da subvenção viabilizada pelo governo municipal.

Já os alunos do Colégio Tiradentes, no Amparo, cujas obras de recuperação já deveriam ter sido iniciadas no primeiro semestre de 2010, estão sendo realocados para espaço alugado no centro de Amparo, que já foi utilizado quando a Escola Hermenegildo Gripp era reconstruída, ao mesmo tempo em que a Secretaria de Educação acelera a retomada das obras no espaço original do Colégio Tiradentes.

A Creche Carmen Rodrigues, no bairro Bela Vista, em Olaria, está sendo reavaliada pela DC. A Creche Emília, em Varginha, está em vias de ser relocalizada para outro espaço, pois a DC condenou sua localização atual por ser encostada num barranco além de diversos outros problemas. A Secretaria busca também novo espaço para a relocalização da Creche Valladares, no Debossan.

Uma das dificuldades enfrentadas na locação de novos espaços para realocação de unidades consiste na diferença entre a proposta do proprietário do imóvel e o valor definido pela comissão de avaliação de bens imóveis da Prefeitura. Parte das crianças da Creche Isabel Jovelina, do Rui Sanglard, destruída na tragédia, foi transferida para salas da Escola Rui Sanglard, enquanto se busca a locação de algum imóvel nos próximos dias.

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