Saúde para todos sem demagogia

quarta-feira, 26 de maio de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Mais uma eleição se aproxima, mais um festival de sandices, mentiras e besteiras ameaçam cair sobre a cabeça dos brasileiros. E aqui podemos dividir o povo em três categorias: a) os que vão levar vantagem, b) os indiferentes e c) os trouxas que acreditam em tudo o que ouvem dos candidatos.

A saúde, como sempre, estará em evidência e antes dos votos serem computados será fruto de promessas e realizações que nos darão a impressão que viveremos num mar de rosas. Claro está que nenhum candidato dirá que a saúde da população é dever de todos e que não deveria ser motivo de campanha, pois a obrigação do eleito é trabalhar para que o cidadão tenha o mínimo de atendimento, a altura dos impostos que paga.

Na última eleição em Friburgo falou-se em mutirão da saúde, onde em três meses as consultas seriam colocadas em dia e o verdinho, o cartão de atendimento do século passado seria a solução para aqueles que não têm plano de saúde privado. Pois bem, na última reunião do Conselho Municipal de Saúde, em 17 de maio, a maioria dos conselheiros externou o seu cansaço com o desprezo das autoridades para com este órgão e aventou a hipótese de abandonar o barco. A situação chegou a tal ponto que os representantes dos conselhos estadual e federal, presentes no evento, decidiram realizar uma auditoria no município.

Mas essa situação não é privilégio de Nova Friburgo, pois os problemas enfrentados pela população brasileira, de baixa renda, são semelhantes de norte a sul e de leste a oeste do país. Verba é o que não falta, pois o dinheiro arrecadado pelo SUS é suficiente para dar um atendimento digno à população. O problema é que a verba da saúde vai parar na Secretaria de Fazenda para depois ser repassada para a Secretaria de Saúde. É nessa passagem que ela se transforma, mais parecendo um egresso de um campo de concentração nazista.

Presidentes, governadores, prefeitos, senadores, deputados, vereadores vivem no reino da fantasia, com ótimos salários e uma mordomia digna das mil e uma noites. No entanto, o pessoal da saúde, desde o médico até o servente, todos de importância fundamental nessa engrenagem, são desprezados, com proventos muito abaixo da importância que merecem. Votos são comprados com a maior cara de pau; diplomas e certificados de cursos são fruto de anos e anos de estudos. No caso do médico, em particular, seu aprimoramento passa por seminários e congressos cujas despesas, na maioria das vezes, corre por sua própria conta. É raro o médico ir para Nova York participar de eventos pagos pelo erário, como é frequente acontecer com os eleitos de Brasília e do resto do país. Eu mesmo já dei de cara com edis de Friburgo, passeando na orla de Natal, com a desculpa de que estavam num curso para vereador.

É digno de pena ver um governador de estado cobrar trabalho dos plantonistas dos hospitais sob sua jurisdição, quando esse mesmo alcaide paga uma remuneração inicial de R$ 1459 por mês, de acordo com a convenção coletiva do sindicato dos médicos do estado do rio. O que falar da remuneração dos médicos da maioria dos municípios fluminenses?

E ainda querem ressuscitar a finada CPMF, sob o argumento que ela se faz necessária para resolver o problema da saúde nacional. Me engana que eu gosto.

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