Nova Friburgo está na 236ª posição do ranking de municípios do Brasil com maior número de registros de acidentes de trabalho. As estatísticas reúnem acidentes comunicados em 5.416 municípios, estando nas primeiras colocações São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Em Nova Friburgo, assim como no país, a saúde é o setor com maior número de acidentes. Entre os dez setores econômicos com mais notificações, a atividade responde por 18% dos casos, enquanto a confecção de moda íntima, que está entre os principais setores da economia friburguense, representa 5%, e a metalurgia não está nem listada.
Os dados estão disponíveis no Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, mantido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em cooperação com a Organização Internacional do Trabalho no âmbito do fórum Smartlab de Trabalho Decente. As estatísticas englobam as notificações entre os anos de 2012 e 2017.
As ocorrências ganharam destaque na campanha realizada pelo MPT em Nova Friburgo, lançada nesta sexta-feira, 27, Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho com o tema “O empregador e o trabalhador agem, a sociedade ganha e a vida continua”. A ação dedica uma mostra de painéis informativos para tentar conscientizar a população sobre a necessidade de prevenção. A mostra ficará em cartaz por duas semanas no Friburgo Shopping.
Nos cartazes, dados alarmantes sobre o número de acidentes. Os dados apresentados correspondem a região da Procuradoria do Trabalho, com sede no município, integrada por 13 municípios vizinhos. A campanha aborda as cinco áreas com o maior número de comunicações na área de abrangência do órgão: saúde, metalurgia, confecção, trabalho no campo e construção civil.
Um problema nacional
No discurso de lançamento, Fernando Pinaud de Oliveira Júnior, titular do 1º Ofício Geral da Procuradoria do Trabalho no Município de Nova Friburgo, também destacou que a situação dos acidentes do trabalho é um problema nacional: “No Brasil, temos um recorde muito ruim. Somos o 4º país no ranking mundial de acidentes de trabalho com morte de trabalhadores. São 2,5 mil casos por ano de acidentes com vítimas fatais e essas estatísticas ainda padecem do problema das subnotificações”, observou Pinaud.
Ele ainda ressaltou a relevância da campanha e a importância da prevenção: “O número de acidentes é realmente muito grande. Em se tratando de acidente de trabalho, a mera reparação pecuniária não é suficiente para tutelar os bens jurídicos protegidos, porque estamos falando da vida e da integridade física do trabalhador, são bens cujas indenizações somente não vão reparar. Por isso é necessário prevenir”, sustentou o procurador.
Nova Friburgo em números
O estado com maior número de acidentes é São Paulo (1.129.260), seguido de Minas Gerais (306.606), e do Rio de Janeiro (239.827). Quando esse número é observado por municípios, os que detém a maior geração de empregos também são os com maior número de notificações: São Paulo (294.730), Rio de Janeiro (133.232) e Curitiba (58.459). Nova Friburgo ocupa a 236ª posição do ranking, com 2.140, o que corresponde a 0,07% do total nacional de acidentes. No entanto, segundo o MPT, existe o problema da falta de notificação nas zonas rurais e nas regiões Norte e Nordeste.
O número de mortes por acidentes de trabalho também assusta no estado do Rio, entre 2012 e 2017, 925 trabalhadores morreram em acidentes. Em Nova Friburgo, essa estatística é menor, mas não deixa de ser preocupante: 16 mortes por acidentes de trabalho.
Entre as dez atividades econômicas com maior número de casos estão: atividades de atendimento hospitalar (390 casos); fabricação de artigos de serralheria, exceto esquadrias (212); coleta de resíduos não-perigosos (130); confecção de roupas íntimas (108); administração pública em geral (105); captação, tratamento e distribuição de água (84); transporte rodoviário de carga (78); construção de edifícios (50); comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados (40); e fabricação de artefatos de material plástico não especificados anteriormente (38).
Em geral, a maioria dos acidentes envolvem homens com idade entre 18 e 34 anos. Os dedos, pés e as mãos estão entre as partes do corpo mais atingidas. Já os agentes causadores são liderados por máquinas e equipamentos, seguido por agentes químicos e de queda do mesmo nível. Veículos de transportes e agentes biológicos completam os cinco principais. Existe ainda um levantamento sobre os dias da semana em que mais ocorreram acidentes, que por ordem seriam terças, quartas, segundas, quartas-feiras, sábados e domingos.
No município, os dez motivos mais frequentes para afastamentos previdenciários por acidentes e doenças são: fratura ao nível do punho e da mão (112 casos); fratura da perna, incluindo tornozelo (112); fratura do antebraço (74); fratura do pé, exceto tornozelo (60); luxação, entorse e distensão das articulações e dos ligamentos ao nível do tornozelo e do pé (51); fratura do ombro e do braço (49); ferimento do punho e da mão (44); amputação traumática ao nível do punho e da mão (30); fratura do fêmur (27); e traumatismo superficial do punho e da mão (20).
Já as dez lesões mais frequentes: fratura (480 ocorrências); corte, laceração, ferida contusa, punctura (452); contusão, esmagamento (306); distensão, torção (190); lesão imediata (155); escoriação, abrasão - ferimento superficial (137); luxação (110); queimadura ou escaldadura - efeito de temperatura (60); lesões múltiplas (39); e inflamação de articulação, tendão ou músculo (31).
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