Como resumir 70 anos de história em um desfile de pouco mais de uma hora? A Unidos da Saudade mostrou que é possível. Desde a comissão de frente até o último carro alegórico, boa parte das sete décadas da agremiação foi contada com beleza, luxo e cores. Com um detalhe: sob o olhar e releitura do jovem Lucas Melo, de apenas 20 anos de idade. A flor desabrochou sobre a passarela do samba, e mostrou que no jardim da Saudade floresce mais um grande talento.
Terceira escola a passar pela Avenida Alberto Braune, a escola do Bairro Ypu cantou todo o orgulho nas letras do samba-enredo. Presenças importantes, como a de Esmeredith Mendes, eterna madrinha de bateria, fizeram o público voltar no tempo, desde a fundação da escola. O Enredo “Uma história bordada de amor e paixão” foi contado por 1.200 componentes, distribuídos pelas alas e cinco carros alegóricos, a começar pelas surpresas da comissão de frente. Pierrots, Arlequins e Colombinas faziam aparecer uma enorme bandeira, que se transformava em salão para o bailar do mestre-sala e da porta-bandeira, com direito a efeitos especiais.
A carruagem, adereço que apareceu logo seguida, relembrou a Batalha das Flores, antiga manifestação dos anos 1900 em Nova Friburgo, reunindo diversas famílias tradicionais da cidade, também retratada no abre-alas que trouxe uma bela fonte, água e luz. Douglas e Cassiane, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, vestiu o “doce sentimento da saudade.”
O antigo Morro da Canjica, atual Perissê, foi reproduzido no segundo carro, mostrando a essência de uma típica comunidade: a dona de casa, o varal, o boteco, o churrasco, os animais de estimação e outros detalhes característicos. As baianas vestiram fantasias roxas, luxuosas, para anunciar os setores que contariam alguns trechos da história da Escola.
Show à parte, a bateria de Mestre Vandinho, com 120 ritmistas e alguns intrumentos iluminados, trouxe Sueli Lúcio como rainha e Ana Paula Magalhães como rainha da escola. Os carnavais de 1966 e 1984 e a figura do carnavalesco foram lembrados em alas, e antecederam mais uma alegoria, toda trabalhada em roxo e repleta de estrelas, exaltando a “campeã da década.”
As figuras do mestre-sala e porta-bandeira se transformaram em ala coreografada, e logo depois da velha guarda e de Braian e Renata, segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, a alegoria “Eternamente eu vou te amar” encerrou a bela apresentação.
Setenta anos bem contados e resumidos. A comunidade roxo e branco tem muitos motivos para festejar e celebrar mais um ano na avenida. Contando as próprias tradições e memórias do passado, a Unidos da Saudade escreveu mais um capítulo inesquecível em sua vitoriosa história.
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