Saudade eterna...

terça-feira, 10 de setembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Saudade eterna...
Saudade eterna...

Vinicius Gastin

Em um pequeno espaço, à esquerda da escada de acesso aos camarotes, os nomes e fotos de alguns dos personagens mais importantes da história da Unidos da Saudade foram eternizados no barracão da agremiação. O evento de inauguração da Galeria dos Presidentes foi realizado na noite da última sexta-feira, 6, na quadra da escola de samba, e contou com a presença de centenas de convidados e apaixonados pela roxo e branco.


Um passeio pela história da agremiação

A noite festiva teve início com uma viagem ao passado. Em discurso emocionado, o Benemérito Flavio Coelho Gomes fez um verdadeiro passeio pela história da agremiação, desde a fundação no dia 7 de setembro de 1948, na antiga Rua Humaitá Projetada (atual Rua Machado de Assis, 47), no barracão de Tito, Moacyr e Didi, no Morro da Canjica (Perissê), ainda como Unidos do Chacrinha. "No ano seguinte, 32 pessoas saíram da Chácara do Perissê e desfilaram de calça branca e camisa do Esporte Clube Saudade, apenas com a bateria. Nós não tínhamos uma porta-bandeira e então Hermes se vestiu de mulher para desfilarmos.”

Flavinho relembrou o primeiro título, em 1957, e as duas conquistas na década de 60. A popularização da Unidos da Saudade aconteceu nos anos 70, quando a agremiação obteve cinco conquistas. Na época, a necessidade de ter uma sede para ensaiar e guardar os instrumentos uniu os componentes. As vendas de materiais, contribuições e festas nos clubes levantaram os recursos necessários, restando apenas a definição do terreno. "Tivemos uma reunião no antigo Hotel Fazenda, onde reivindicamos ao Dr. Heródoto Bento de Mello, na época diretor do DER e candidato a deputado, o terreno ao lado do viaduto. Alguns dias depois, a doação foi feita pelo governador Faria Lima”, recorda Flavio.

Após a inauguração da quadra, no dia 10 de outubro de 1980, a Saudade conquistou apenas quatro títulos nos 20 anos seguintes. Na década de 2000, entretanto, foram seis conquistas em 11. 


Peter Filot, Edson Tavares e Lindenberg, os idealizadores da homenagem


Homenagens aos ex-presidentes

Cada um dos 21 troféus que compõem a galeria da escola teve uma história e um presidente à frente do carnaval. Todos eles foram devidamente homenageados na festa, e receberam um diploma de agradecimento — no caso dos já falecidos, a honraria foi entregue a um representante da família. Antes, porém, o intérprete Paulinho Guaraná cantou quatro sambas considerados inesquecíveis pela agremiação: "As quatro estações”, de 1974; "A rampa do mercado no Brasil Colonial”, de 1975; "O Reino do Congo na Terra do Brasil”, em 1976 e "Carnaval, Samba e Saudade: Alegrias do Povo”, de 1979. Além destes, o samba que tornou a Escola nacionalmente conhecida, composto por Benito di Paula, foi relembrado e cantado em coro.

"Todas as escolas de samba e instituições possuem uma história, que deve ser contada e relembrada. O samba mudou bastante ao longo do tempo, mas é preciso exaltar o passado. Estou muito feliz por ter sido convidado a participar juntamente com ex-presidentes e outras pessoas que marcaram época na Saudade. Frequento a quadra desde moleque, e sempre cantei samba aqui. É esse carinho que a gente leva da vida”, destaca Paulinho Guaraná.

Idealizada pelo Conselho Deliberativo, a solenidade foi feita com os recursos da escola e o apoio de algumas empresas parceiras. Um simples gesto, capaz de emocionar quem tanto trabalhou pela roxo e branco do Bairro Ypu. "Ser homenageado em vida muito nos honra e emociona. Pude reencontrar velhos amigos e familiares daqueles que já faleceram, e relembramos o nosso passado. Valeu muito a pena”, destaca Eucir Lima da Silva, o Cici Macarrão, presidente de honra da escola.

 

A Galeria dos Presidentes reúne fotos de todos os que comandaram a escola durante os 65 anos de história

Os homenageados

Moacyr dos Santos, Astrogedes Pereira Ferro, Manoelino Darcy Santana, Sebastião Pacheco, Paulo Veronese, Francisco da Cruz Osório, Walter Leite, Jorge Abraão Jorge, Amaro Gervásio Miguel, Genaro Nicoliello, Ivones Ercy Fernandes, Cláudio Lamblet, Cândido Pimentel Figueiró, Myune Almeida Rangel, Flávio Coelho, Ignácio Coutinho Gonçalves, Luiz Augusto Mendes Figueira, Jorge Tobias Klein, Luiz Carlos Teixiera, Peter Filot da Silva Cunha e Eucir Lima da Silva.

 

Em busca do tetra, Saudade conta a história da cerveja

Presidente Peter Filot comenta homenagem, fala sobre 2014 e revela projeto de implantar isolamento acústico na quadra

Ao receber a proposta de Flavio Coelho Gomes, Edson Tavares, Luizinho Brasil e Luiz Gonzaga para homenagear os presidentes da Unidos da Saudade, o atual mandatário, Peter Filot, não pensou duas vezes. "Nós desfilamos na avenida em 2013, ganhamos o carnaval e tudo foi lindo. Mas como é que chegamos lá? Como tudo começou? Nada mais justo do que essa simples homenagem, com as fotos de todos eles que fizeram e fazem parte da história da Saudade.”

A foto de Peter já compõe a galeria, mas o mandato do atual presidente prossegue e os próximos projetos estão definidos. "A nossa intenção é melhorar a fachada do barracão e implantar a acústica em nossa quadra, para não incomodar aos vizinhos. Pagamos todas as contas e reformamos toda a quadra internamente. A Saudade é uma empresa, geradora de empregos. São 12 que trabalham o ano inteiro para o carnaval seguinte, e em janeiro, contratamos uma quantidade maior.”

Empolgado com o futuro, Peter promete um grande desfile em 2014. O enredo será "Uma viagem milenar ao sabor da cerveja”. "Muitos estão pensando que vamos colocar cervejaria na avenida, até porque nós temos uma empresa do ramo que nos patrocina, e não é nada disso. Nós vamos contar a história da cerveja, dar uma verdadeira aula. Tivemos os ensinamentos com o Hamilton, que é um professor de história, e foi fundo para descobrir onde surgiu a cerveja. O enredo vai surpreender muita gente.”

 

Um grande público prestigiou a festa na quadra da agremiação






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