Sase é invadido por moradores de rua

Espaço em Olaria destinado a projetos sociais e serviços de saúde está completamente abandonado
segunda-feira, 27 de julho de 2015
por Rafaella Dias
Imóvel abandonado: paredes pichadas e janelas quebradas  (Foto: Amanda Tinoco)
Imóvel abandonado: paredes pichadas e janelas quebradas (Foto: Amanda Tinoco)

O Sase (Serviço de Assistência Social Evangélica) era um espaço no bairro Olaria destinado a ajudar a população através da prestação de serviço de saúde e da manutenção de projetos sociais, que visavam promover melhor qualidade de vida à população oferecendo acolhimento e atendimentos humanizados. Mas há anos o prédio, localizado na Avenida Júlio Antônio Thurler, está desativado e não presta mais qualquer tipo de serviço à comunidade. Em 2011 o local foi utilizado como abrigo para as vítimas que perderam as casas na tragédia e, desde então, o imóvel se encontra abandonado. Muitas histórias já foram contadas sobre a possível recuperação do prédio, mas até hoje nenhuma delas foi confirmada. 

As pessoas que passam pelo antigo Sase logo se deparam com janelas quebradas e paredes pichadas. Aquelas que residem próximo ao prédio contam que inúmeros projetos já foram anunciados para o futuro do espaço — construção da nova UPA, da clínica da família e até mesmo a transferência para lá do posto de saúde do bairro —, além de afirmarem que o local atualmente serve de abrigo para moradores de rua e ponto para usuários de drogas. “O prédio do Sase está largado há mais de anos. Um espaço bom, que poderia estar sendo aproveitado até pela saúde, está parado e completamente abandonado. Moradores de rua já invadiram, tem um senhor que mora ali, outros vêm para dormir, e também está sendo utilizado como ponto de tráfico; é um entra e sai de carro e moto que ninguém entende”, conta um morador que preferiu não ser identificado.

O morador ainda reivindica que providências devem ser tomadas, já que o local mal frequentado causa receio à população local. “Tem que dar um jeito nisso. A gente que mora aqui por perto fica com medo do que pode acontecer ali dentro. É um lugar muito perigoso, inclusive à noite, pois não tem mais iluminação. A fiação também já foi toda roubada, junto com lâmpadas e refletores”, revela o morador, que também contou sobre uma casa construída atrás do Sase: “Moravam nesta casa dos fundos duas famílias, e nem pagavam aluguel, nem contas de água e luz. Construíram além da casa mais uma casinha do lado, e se não tivessem cortado a luz eles estariam morando aqui até hoje. Saíram porque foram forçados”, afirma.  

A situação não parece de fácil resolução. Os proprietários do imóvel — uma associação evangélica — entraram com uma ação na Justiça em 2001 cobrando uma dívida milionária pelos aluguéis atrasados que as gestões anteriores da Prefeitura não teriam quitado, buscando assim o despejo dos inquilinos como também o pagamento da dívida. Segundo a Prefeitura, a atual administração já entrou em acordo com os proprietários, chegando a um consenso. Mas, no entanto, o acordo ainda não foi homologado e em nota a prefeitura esclarece que “desta forma, o município não possui responsabilidade sobre o imóvel”. A equipe de A VOZ DA SERRA não conseguiu entrar em contato com os proprietários do prédio para saber mais detalhes sobre o caso. O espaço então continua abandonado, abrigando moradores de rua e com o futuro incerto.

  • O imóvel está servindo de ocupação para moradores de rua. Más condições do local chamam atenção (Foto: Amanda Tinoco)

    O imóvel está servindo de ocupação para moradores de rua. Más condições do local chamam atenção (Foto: Amanda Tinoco)

  • Papelão e restos de comida atraem ratos e baratas para o prédio e para as casas vizinhas (Foto: Amanda Tinoco)

    Papelão e restos de comida atraem ratos e baratas para o prédio e para as casas vizinhas (Foto: Amanda Tinoco)

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: SASE | moradores de rua | projetos sociais | serviços de saúde
Publicidade