Ana Borges
O agradável espaço que abriga a Tribuna Livre Cultural de Lumiar tem uma farta e rica programação envolvendo artistas e profissionais de todas as áreas. Uma gama de pessoas interessadas e interessantes atraídas e que atraem moradores e turistas.
Ali é elaborado e executado um trabalho que ao longo dos anos carimbou dois distritos vizinhos — São Pedro da Serra e Lumiar — como polo cultural, onde as artes brotam das coisas mais simples. De uma ideia, de um gesto, de uma atitude. Foi nesse ambiente fértil, onde "em se plantando, tudo dá”, que jovens vindos de diferentes cantos desse nosso Brasil, como o entrevistado desta edição, Pedro Kiua, vêm se estabelecendo com competência.
O Cineclube Lumiar, uma ideia do Pedro, por exemplo, que dá aulas de cinema numa escola de São Pedro, tem HDs repletos de arquivos de vídeo e equipamentos como uma câmera com HD SLR, que é a mais usada para fazer documentários profissionais. Seus alunos filmam com essa câmera, usam a ilha de edição, finalizam seus projetos, seus roteiros, suas ideias. E inscrevem seus trabalhos em festivais e, acreditem, ganham prêmios.
Isso é comum em escolas públicas? Não. Segundo Pedro, a turma do cineclube, junto com a escola, conseguiu recursos de um fundo do Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios Macaé e de Rio das Ostras. "Parte do dinheiro arrecadado com a cobrança das contas de água vai para um fundo que viabiliza projetos. Foi através desse fundo que compramos equipamentos para montar o laboratório no colégio onde os alunos analisam a qualidade da água. E podemos usar esse equipamento para trabalhar com vários temas. O meio ambiente é apenas mais um elemento interdisciplinar”, explica Pedro.
"Se tem uma coisa em comum, entre todos nós, é o ambiente em que vivemos, a água que bebemos, os alimentos que ingerimos, o ar que respiramos. Em todas as matérias, disciplinas, podemos fazer uma interface”, completa ele.
O começo, de novo, e sempre. Nunca é demais relembrar. Tudo tem a ver com tudo. A questão do meio ambiente, de viver em comunidade — o nome não deixa dúvidas —, diz respeito ao bem comum, ao que é comum a todos. Como se experimenta em Lumiar, em São Pedro, e deve ser em tantas outras comunidades espalhadas por esse país. O que se faz aqui, muita gente faz em lugares que nunca ouvimos falar. É aquele Brasil desconhecido, onde vivem pessoas generosas, talentosas, verdadeiros tesouros humanos.
Um dos frutos que o cineclube trouxe foi a Feira da Terra. A partir dos encontros semanais ali realizados, Pedro teve mais essa ideia, que, desculpe o trocadilho, mas é irresistível, frutificou. Literalmente. Como há de continuar frutificando, a partir da plantação de ideias e sentimentos, que vão gerar solidariedade e consciência de direitos e deveres. Moldando esses meninos e meninas, formando cidadãos de qualidade que, certamente, em suas vidas adultas, hão de fazer deste Brasil tão em transe nos últimos tempos, uma grande Nação. Um País para nos orgulharmos. Parabéns, gente de São Pedro e Lumiar!
Pedro Kiua
Fachada do Tribuna Livre Cultural - Lumiar
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