Um dos diversos loteamentos que compõem o bairro de São Geraldo, o Santa Bernadete enfrenta dificuldades comuns a outras localidades de Nova Friburgo. A ausência de capina nas ruas, os bueiros entupidos e o calçamento esburacado de diversas vias são apontados como alguns dos principais problemas enfrentados no dia a dia. “Se você tapa os buracos, entope os bueiros. Estão todos sem tampa. Eles só não ficam entupidos, cobertos de terra, porque a gente vigia”, afirma a moradora Vanilda Klein, flagrada pela reportagem de A VOZ DA SERRA capinando a Rua Carmópolis, onde se localiza sua casa, na parte alta do Santa Bernadete. “Como trabalho com confecção, dependo da rua bem-conservada”, justifica o esforço.
Outra aflição de Vanilda está relacionada à encosta que cedeu no 12 de Janeiro de 2011 e atingiu diversas casas. “Não acredito que precisamos da construção de muros de contenção aqui, mas das chamadas bancas, que acertariam essas encostas e nos deixariam mais seguros”, analisa a moradora, para em seguinte fazer duras críticas: “O poder público, infelizmente, só aparece quando é de interesse dele. E não acredito que isso seja só aqui no Santa Bernadete, mas em todos os lugares”, aponta.
Mas nem tudo são reclamações por parte de Vanilda. Ela elogia o sistema de correios e a coleta de lixo local, e comemora a redução dos índices de criminalidade. “Quando mudei para cá, em 2004, o tráfico de drogas era muito intenso. Hoje o loteamento está muito tranquilo. Não vejo isso mais. Quanto a esse ponto não tenho do que reclamar”, diz. A moradora também cita a construção de um campinho na entrada do Santa Bernadete como outro ponto positivo, especialmente para as crianças e adolescentes que antes dispunham de apenas um espaço para jogar bola, na parte alta do loteamento.
Quanto ao transporte público, Vanilda informa que os ônibus atendem à grande parte da comunidade, indo até às ruas mais íngremes. Entretanto, faz uma ressalva. “Os ônibus são de hora em hora. Durante o dia, acredito que seja o suficiente, mas nos horários de pico poderia ter pelo menos mais um micro-ônibus para desafogar um pouco”, comenta. Suas palavras são corroboradas por José Carlos de Santana, morador do loteamento há quase 40 anos. “Podiam ser dois ônibus. Enquanto um está no Centro, o outro está aqui. Hoje se ameaçar chover eles não vão até o ponto final”, protesta. “Vejo que os moradores aqui estão revoltados com essa época de eleição. Se a gente não cuidar das ruas, não fazer a capina por conta própria o mato toma conta. É buraco por todos os lados”.
A cerca de dez minutos de carro do Hospital Municipal Raul Sertã, a comunidade tem no posto de São Geraldo a unidade de saúde mais próxima. Os moradores contam com uma creche pública, além da Escola Municipal Bernardo Pacheco. Localizada na Rua João Gonçalves Bastos, ela tem uma média de 260 alunos, do ensino infantil até o 5º ano do ensino fundamental. Além disso, funciona na instituição, na parte da noite, o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Gostaríamos que essa escola oferecesse aulas até o fim do Ensino Fundamental e não apenas até o 4º ano. Acho que se ela não comporta tantos alunos, se não tem estrutura suficiente, que derrubem o imóvel e façam outra escola. Dinheiro para fazer isso tem, falta boa vontade do poder público”, afirma um comerciante local.
Até o fechamento desta edição, a Prefeitura não havia ainda se posicionado sobre as queixas dos moradores do Loteamento Santa Bernadete.
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