Em solenidade nesta quinta-feira, 30 de junho, o Sanatório Naval de Nova Friburgo comemorou o seu 106º aniversário. Além de oficiais da Marinha do Brasil, como o diretor do Sanatório Naval de Nova Friburgo, o capitão-de-fragata José Roberto Gomes Corrêa Macedo, estiveram presentes autoridades, personalidades da sociedade civil friburguense, familiares e amigos da comunidade naval. A cerimônia ocorreu no pátio da instituição e não faltaram mensagens alusivas à data magna da Marinha no município.
A celebração foi iniciada seguindo o protocolo, com discursos das autoridades e a execução do hino nacional. Na sequência houve culto ecumênico de ação de graças e almoço. Durante o evento, o comandante Macedo enalteceu a data comemorativa: “São 106 anos de muita história e diversas mudanças desde a criação do Sanatório, em 1910. Temos a missão de promover a assistência em saúde de toda a família naval e todas as dificuldades que passamos só nos motiva”, disse.
O diretor falou ainda sobre os planos para o futuro à frente da instituição, principalmente para aproximar a Marinha da comunidade friburguense. “Pretendemos reativar as instalações do Sanatório Naval, onde funcionou o hospital, mas para outras finalidades. No segundo semestre deste ano, faremos uma reunião e buscaremos parcerias para concretizar o projeto. A ideia é fazer um hotel ou um espaço para capacitação técnica de jovens, com cursos diversos”, explicou ele.
Entre os presentes destaca-se a vice-diretora do Sanatório e capitão-de-corveta, Anne Cintra Cavalcante; o capitão de fragata e ex-diretor do sanatório, Luiz Carlos da Graça; o também ex-diretor do Sanatório, médico Altineu Loureiro; que representou o prefeito Rogério Cabral, o chefe de gabinete, Yvan Peixoto Junior; o diretor do Hospital Municipal Raul Sertã, Paulo Coelho; e as colunistas sociais Marly Pinel e Elizabeth Saldanha, a Beth do Licínio, de A VOZ DA SERRA, acompanhada do marido Licínio.
Um pouco de história
Nova Friburgo é a única cidade fora da região litorânea que possui uma unidade da Marinha. As razões para isso remontam ao início do século 20. Na época, a pureza do ar, temperatura amena e superioridade da água tornavam a cidade ideal para a instalação de um sanatório para abrigar marujos portadores de beribéri. Em 1910, a Marinha estabeleceu sua instalação no município.
No entanto, desde julho de 1889 uma enfermaria na atual Rua General Osório já dava tratamento aos oficiais e praças para aquela doença. Eles recebiam aplicação de duchas como meio terapêutico para as atrofias musculares no Instituto Sanitário Hidroterápico.
Logo depois, o Ministério da Marinha tentou adquirir esse instituto, mas encontrou resistência da população e de um veranista frequente na cidade: Rui Barbosa, que foi o responsável pela obstrução do projeto, adiando por mais de duas décadas a vinda do Sanatório Naval.
De acordo com o jornal Diário de Notícias, Rui Barbosa protestou contra a aquisição do Instituto Hidroterápico pela Marinha pois contrariava a população permanente e flutuante de Nova Friburgo, ameaçando-a na sua salubridade. A Marinha, então, iniciou negociações para a aquisição do hotel Leuenroth, mas também houve resistência de Rui Barbosa e outras personalidades influentes da cidade.
A Marinha se voltou então para o antigo Pavilhão de Caça do Conde de Nova Friburgo e junto ao então presidente da República, Nilo Peçanha, que a apoiou, o prédio foi adquirido. Foi assim que a Marinha instalou um sanatório para o tratamento de portadores de beribéri e tuberculosos em Nova Friburgo.
Nilo Peçanha prestigiou a inauguração do sanatório em 30 de junho de 1910, e o seu retrato se destaca até hoje no gabinete do comandante geral do Sanatório Naval. Em 1936 foi inaugurado o Hospital de Tuberculosos e, em 1941, por solicitação do diretor do Sanatório Naval, as irmãs de caridade da Ordem de São Vicente de Paulo são convidadas a auxiliar na Clínica Tisiológica, trabalhando na lavanderia, cozinha e assistência espiritual aos enfermos. Dois anos mais tarde, foi construída a capela dedicada a N. S da Conceição.
O Hospital de Tuberculosos funcionou até o ano de 1966 e desde então se encontra desativado. Na Primeira Guerra Mundial marinheiros alemães de navios mercantes foram presos e parte deles levados para o Sanatório Naval, criando-se uma infraestrutura para abrigá-los. A Marinha preserva essas instalações, inclusive as que serviram de detenção dos prisioneiros alemães na Primeira Guerra Mundial.
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