Para ver o mundo num grão de areia
E o paraíso numa flor selvagem
Segura o infinito em sua mão
E a eternidade num segundo.
William Blake
Life is a business
Risky and confused
God gave you a deal
That you cannot refuse
Life is a Terrorism
Globalism Optimism
Give peace a chance
Give war romance
When life was a miracle,
Emir Kusturica &
The No Smoking Orchestra
É simples como andar numa calçada.
Assim, ó, de sopetão. Sem ensaio. Ou então, com o ensaio dando errado, mostrando que o bom é se deixar levar. Que nem que a estrada fosse você.
Só se deixar por lá, indo, vindo, caminhando sem querer.
Um desses momentos em que, mesmo que sem querer, mesmo que tudo ‘tando bem, você ainda acha um jeito de estragar teu microuniverso.
Um desses momentos em que o e se..., prevalece. A shit of moment que não é aproveitado, que é lamentado, que é sofrido, sem nem saber porquê. Porque é impossível ter um pouco de sossego. Chega uma hora em que o sossego só causa insatisfação.
Taí, uma história que sempre quis escrever.
Um escritor brilhante. O cara abandona tudo, até a inspiração e se deixa levar pelo mundo mundano. Na verdade, na verdade, ele larga tudo pra ser normal, pra casar, ter filhos bonitos e tentar se levar pelo rio modorrento ao qual todos estão condenados, ao seu redor.
Até que batem na porta. O passado assombroso vem lhe correr atrás. Todos os personagens imaginados e renegados, ansiosos pra terem seu destino, pra morrerem, pra viverem, sofrerem, amarem e cagarem pra tudo.
Assanhados por uma oportunidade de existir. Oportunidade negada por um covarde, um medroso.
Ter medo da própria alma é horrível. É pior que... Pior do que a mais terrível das derrotas.
Enfim, eis que chega o momento, o autor deve escolher entre dois mundos. E não há remédio que não ofereça efeitos colaterais.
É uma escada espiralada, ruidosa. De uma antipatia que rivaliza logo de cara. E você ainda tem que suspirar, parar, só pra isso. Só pra suspirar. E o homem passa por buracos que o escritor só imagina. Mas o escritor se enfia como agulha, corre riscos verdadeiros, e nem sempre sai ileso.
Esse sangue pulsando, essa incerteza queimando. Tá tudo aí, a fórmula perfeita, a adrenalina in vitro.
É a única forma válida de falar com o mundo exterior, pra mim. Insincero. Cedo as palavras a minha defesa.
Dou-me por vencido, assim, rápido. E ainda há esse cansaço. Esse cansaço sincero, carregado desde cedo, desde sempre, desde você, magneticamente ligada a mim.
Deixe estar. Assim é melhor.
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