Russa radicada em Friburgo vive o dilema de torcer por seu país ou pelo Brasil

Natalia Pogonina comemorou sozinha a goleada de 5 a 0 na última quinta. Aprenda, em vídeo, expressões em russo
segunda-feira, 18 de junho de 2018
por Alerrandre Barros (alerrandre@avozdaserra.com.br)

Natália Pogonina comemorou sozinha a goleada de 5 a 0 da Rússia sobre a Arábia Saudita na última quinta-feira, 14, na abertura da Copa do Mundo no país da vodka. A russa estava do outro lado do mundo, em Nova Friburgo, onde mora, há quase nove anos, com o marido e os dois filhos brasileiros.

“Eu já acordei na agitação, falando com amigos russos e brasileiros pelas redes sociais. Mas não esperava 5 a 0. Foi muito bonito!”, disse ela com um português fluente, marcado pelo sotaque forte do leste europeu, puxando bem os “erres”.

A relação dela com o Brasil começou durante um intercâmbio nos Estados Unidos. Fez vários amigos brasileiros na viagem e conheceu o empresário friburguense Gustavo Jachelli. Os dois se apaixonaram, casaram e depois de alguns anos vivendo fora decidiram vir morar no Brasil em 2009, período em que o país vivia uma pujança.

“Ele veio primeiro para organizar a minha chegada. Eu fiquei na Rússia estudando português. Era muito difícil. Eu achava que nunca fosse aprender essa língua. Já conhecia algumas frases simples que aprendi durante o intercâmbio, mas fui melhorar mesmo quando vim para cá e comecei conversar com brasileiros”, afirmou.

Economista, Natália (na foto com o repórter Alerrandre Barros) nasceu há 32 anos em Tambov, na região central da Rússia, a cerca de 500 quilômetros da capital Moscou. A cidade natal dela registrou temperatura mínima de menos 12 graus no início deste ano. Acostumada com frio, quando chegou ao Brasil ela levou um susto ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio.

“Era julho, inverno, e quando a porta do avião se abriu, senti aquele vento quente sobre mim. Pensei: ‘Se está assim no inverno, como será no verão?’. E olha que o termômetro marcava só 25 graus”, conta às gargalhadas. “Para mim, a diferença foi muito grande”, conta ela.

Longe de casa, a exatos 11.583 quilômetros de distância, ela conta que o choque com o clima amenizou quando subiu a serra e sentiu o frescor de Nova Friburgo. “Me senti em casa. Eu estava acostumada com muito frio e, em Friburgo, pude continuar curtindo o frio de que gosto. Apesar de não ser tão frio como na Rússia, posso usar casaco, cachecol”, disse.

Mãe de uma menina de 4 anos e de um menino de 8, Natália diz que se adaptou rápido ao país, e adora viver “nas montanhas, entre o verde”. Ela mora no Córrego Dantas e se divide entre as atividades domésticas e as aulas como professora particular de inglês (seu contato é o 22 99951-8377).  

“O brasileiro é muito aberto, muito amigável, sorridente, afetuoso. O russo é mais discreto. Se você for a Rússia, vai achar que o povo russo é antipático. Somos mais sérios em público, mas se você entrar num ambiente de uma família russa e conhecer as pessoas, vai ver que todo mundo rir, faz brincadeiras”, revela.

Com saudades da cidade de origem e da família, que costuma visitar sempre que pode, ela disse que sente vontade compartilhar sua cultura com outro russo em Friburgo. “Tem coisas que só um russo entende outro russo, assim como só o brasileiro entende o brasileiro. Tenho vontade de tomar uma chá, uma vodka ao nosso estilo”, revelou.

APRENDA ALGUMAS EXPRESSÕES EM RUSSO COM NATÁLIA PAGONINA

Sobre a comida, disse que se acostumou bem. “É diversa. As carnes deliciosas. Adoro o churrasco. Mas sinto falta de algumas coisas que só existem na Rússia. Minha família, às vezes, envia para mim algumas coisas não consigo encontrar aqui. Quando vou lá, metade da minha mala volta com comidas típicas”, conta.

Natália acredita que a Copa na Rússia vai aflorar ainda mais interesse do russo por futebol. Segundo ela, não existe cultura de times preferidos lá como aqui no Brasil. Ela também não é muito ligada a futebol, mas está se preparando para assistir aos jogos das seleções brasileira e russa. O próximo jogo da Rússia acontece na terça-feira, 19, contra o Egito.  

“Acredito que Rússia e o Brasil não vão se encontrar em campo. Posso estar errada depois do 5 a 0. Mas se se encontrarem, eu terei que fazer uma escolha difícil, que eu ainda não consegui decidir”. E quem vai ganhar a Copa? “O Brasil vai ganhar! E tomara que pegue na final a Alemanha e ganhe de 7 a 1. Será legal né?”.

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