Rogério Cabral: ‘Se a UPA não for construída no Raul Sertã, o dinheiro terá que ser devolvido’

Prefeito procurou A Voz da Serra para explicar razões para mudanças na UPA que atenderia o bairro de Olaria .
domingo, 02 de novembro de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Rogério Cabral: ‘Se a UPA não for construída no Raul Sertã, o dinheiro terá que ser devolvido’
Rogério Cabral: ‘Se a UPA não for construída no Raul Sertã, o dinheiro terá que ser devolvido’

Desde que o prefeito Rogério Cabral convocou coletiva de imprensa, no dia 19 de setembro deste ano, para anunciar os planos de transferir a prometida Unidade de Pronto Atendimento de Olaria para o estacionamento do Hospital Raul Sertã, o tema vem gerando enorme controvérsia em redes sociais e também entre alguns vereadores. Inclusive, por iniciativa de Ricardo Figueira, Zezinho do Caminhão e Wellington Moreira, foi realizado um ato público na tarde da última sexta-feira, 31 de outubro, reivindicando a instalação da Unidade de Pronto Atendimento no local inicialmente previsto. Em resposta à mobilização, o prefeito Rogério Cabral procurou a redação de A VOZ DA SERRA para dar sua visão sobre o caso.

"Primeiro nós temos que esclarecer que esse é um movimento político, porque os vereadores que estão fazendo esse movimento conhecem a realidade do município. A situação foi apresentada em detalhes através da imprensa, e por mais que eu tenha convidado todos os vereadores ao meu gabinete para apresentar o contexto, muitos não vieram. Agora algumas pessoas estão usando a UPA para fazer política, e essa mesma política pode se voltar contra Nova Friburgo. A história dessa UPA começou no ano passado. Fomos a Brasília, eu; Dr. Dagoberto Silva, então secretário de Saúde; Dr. Luis Fernando, pela Comissão de Saúde da Câmara; e o vereador Marcio Damazio. Fomos lá para discutir vários assuntos da Saúde municipal, e quando falamos sobre os problemas da cidade com o deputado Eduardo Cunha, ele levantou a possibilidade de conseguir uma segunda UPA para Nova Friburgo.”

A IDEIA INICIAL

A ideia do deputado, conforme explicou o prefeito, era trazer para Nova Friburgo um modelo que vinha sendo aplicado no Nordeste. "Seria um modelo de UPA que estava liberado para o Nordeste do país. Conforme esse modelo, 95% dos custos seriam arcados pelo governo federal. O município ficaria com os outros 5%, e essa contrapartida poderia ser convertida numa ambulância do município. Diante disso, e com nossa intenção de levar um hospital para Olaria, nós identificamos naquele momento que a UPA seria uma ótima opção para atender o bairro de Olaria. Aí nós estivemos com o então ministro Alexandre Padilha, que nos mandou o processo de cadastramento. Tivemos muitas dificuldades, mas finalmente conseguimos cadastrar a UPA em Olaria. A partir desse momento, no entanto, as coisas começaram a mudar”.

Conforme Rogério, o cenário começou a mudar a partir do momento em que o modelo nordestino não pôde ser aplicado em Nova Friburgo. "O governo do estado disse para mim e para o Dr. Luis Fernando que nós não iríamos conseguir implantar a UPA dessa forma, porque esse era um projeto específico para o Nordeste. Nós voltamos a Brasília para apurar essa informação. A essa altura o ministro já era o Arthur Chioro, e nós fomos informados de que a UPA teria de funcionar em formato tripartite. Ou seja: município, estado e União dividindo os gastos. Paralelamente, nós fomos chamados ao Ministério Público em meados desse ano, logo depois da contratação da Unir, que substituiu a Cruz Vermelha [na administração da UPA de Conselheiro], e o MP me comunicou que tem uma ação civil pública pronta contra mim e contra o município, por entender que a UPA não pode ser terceirizada. Ainda segundo o MP, ela tem que ser administrada pela Prefeitura, e todos os funcionários têm que ser do município”.

"Ocorre que nós estamos no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal”, continuou o prefeito. "Se eu trago a UPA para dentro do município, eu ultrapasso os limites da LRF e sou punido. Se eu terceirizo o serviço, também sou punido. Então por estarmos num ano eleitoral, fizemos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público e ele me deu prazo até o meio do ano que vem para que resolva essa situação. A saída que eu tinha nessa altura era trazer a UPA para dentro do município, ou fechá-la. E se eu fechar uma UPA, como é que a comunidade vai encarar isso? Eu estou precisando é abrir unidades de Saúde no município, não fechar. Nós temos até a ata do Ministério Público, registrando que se eu não conseguisse, junto ao governador, estadualizar a UPA, a possibilidade de fechar a UPA de Conselheiro Paulino era grande. Porque se eu a trago para dentro da folha de pagamento do município ela extrapola os limites, e se eu deixo terceirizada também sou punido. Quer dizer, eu vou ter que pagar multa, e eu não ganho para pagar multa aqui. Coloquei tudo isso em ata, e também a possibilidade de ter que devolver a UPA de Olaria, já que se a de Conselheiro não cabe dentro do município, então como nós podemos abrir outra unidade dessa forma?”

PLANO B

"Diante de tudo isso, a saída que nós encontramos para não perder a UPA foi adotar o modelo que funciona atualmente no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e abrir uma Coordenação de Emergência Regional (CER) ao lado do Hospital, dentro da UPA”, prosseguiu Rogério. "Porque hoje o Centro de Tratamento de Urgência funciona com 77 médicos. São 11 médicos por dia, sete dias por semana. Quem banca isso somos nós. O atendimento ali não é bom, nós não conseguimos dar o atendimento que a população precisa. Mas se a gente instalar a UPA ao lado do hospital, todos os pacientes que precisarem de atendimento no CTU do hospital, serão atendidos na UPA. Lá teremos as salas azul, amarela e vermelha. Se a pessoa depender de sair com medicamento, ela está ao lado do hospital. Se depender de algum exame, está ao lado do hospital. Se depender de uma internação, está ao lado do hospital. Com isso eu vou poder fechar o CTU, que hoje eu banco sozinho. E se nós transferirmos o atendimento para a UPA, 70% desses recursos passam a vir do governo do Estado e do governo federal, porque é um modelo tripartite, diferente da UPA de Conselheiro Paulino. E assim ela passa a caber no orçamento. Então nós vamos dar uma atenção melhor aos nossos pacientes, com a estrutura física e tudo mais. Nesse cenário eu vou ter um espaço maior no hospital para atender traumas e construir novos leitos de internação, acentuando ainda mais a ampliação que estamos fazendo no hospital. Hoje nós temos seis leitos de CTI; vamos ter 20 leitos adultos e 10 leitos pediátricos. Com a UPA funcionando ali a gente resolve todos esses problemas”.

‘POPULAÇÃO DE OLARIA NÃO SERÁ PREJUDICADA’, ALEGA PREFEITO 

Por fim, o prefeito afirmou que a população de Olaria não será prejudicada pela alteração. "O bairro de Olaria não está esquecido. Nós estamos levando uma Clínica da Família, com funcionamento de 12 horas, que vai atender ao bairro e a localidades adjacentes, como Cônego, Cascatinha, Granja do Céu, Sítio São Luiz e toda a região. À noite só costuma ir para a UPA quem está num quadro de urgência muito grande, e ela vai estar funcionando perto de Olaria, durante 24 horas, na porta do hospital. Ela vai atender ao povo de Olaria, assim como a UPA de Conselheiro vai continuar atendendo. Ou seja: na verdade o povo de Olaria está ganhando a Clínica e está ganhando a UPA. Essa foi a saída que nós arrumamos para não ter que devolver o dinheiro a Brasília. Agora, se algumas pessoas começarem a fazer politicagem em cima disso, nós vamos ter que devolver o dinheiro para Brasília. E aí eu quero ver quem é que vai responder por esse ato público, por toda essa convocação, sem que antes procurem saber tecnicamente o que é que está acontecendo”, argumentou Rogério.

Em relação à redução no número de vagas no estacionamento do Raul Sertã, Rogério Cabral afirmou que a Prefeitura recebe diversas reclamações de que moradores das proximidades ou clientes de clínicas vizinhas costumam utilizar o estacionamento do hospital. O prefeito reconheceu que as vagas disponibilizadas na atualidade são insuficientes para a demanda, mas declarou que o governo estuda uma maneira de controlar o fluxo de veículos, para assegurar que apenas pacientes, acompanhantes e profissionais do hospital façam uso do estacionamento.

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TAGS: UPA | saúde | hospital | Hospital Raul Sertã
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