Nova Friburgo viveu um fim de semana envolto na expectativa da realização de três rodeios na sexta-feira, sábado e domingo, como prosseguimento dos festejos pelo dia de São Jorge, transcorrido na quinta-feira, 23, quando foi realizada uma cavalgada, a cargo de Júlio Cezar Alvez, o conhecido Júlio do Cavalo. A reação contra este tipo de evento foi imediata e a redação de A VOZ DA SERRA recebeu ligações e e-mails de pessoas ligadas à defesa dos animais, posicionando-se contrárias a qualquer rodeio.
CUIDADO – A presidente da Associação Protetora dos Animais Francisco de Assis (Apafa), Arlete Campagnucci, disse ser este um assunto muito complicado. Para ela, ninguém pode maltratar os animais e o governo municipal não deveria permitir rodeios.
Enquanto isso, no caso de ser realizado algum rodeio na cidade, deveria haver um cuidado extremo para que os animais não sofram, já que ela tem notícias de animais quase mortos após os rodeios.
“ODEIO RODEIO” – A secretária executiva da Companhia dos Bichos e da Natureza (Combina), Cecília Bevilacqua da Matta, também se mostrou totalmente contrária a qualquer rodeio. Ela, inclusive, usa um adesivo plástico em seu carro com a frase “Odeio rodeio”. Outro comentário de Cecília é que a lei federal 9.605 estipula regras para rodeios e prevê pena inafiançável para maus-tratos a animais e, em caso de morte, a pena dobra. No entanto, um deputado federal está querendo abrandar o texto da lei, num atitude revoltante para todos que lutam contra maus-tratos dos animais.
Para a secretária executiva da Combina, a realização de rodeios em Nova Friburgo é um absurdo total e deveria ser proibida.
PEÃO & PLATEIA – Para a estudante de direito Francine Palma, a prática de rodeio é uma maldade com os animais. Ela taxou o rodeio como um espetáculo em cima do sofrimento de um ser vivo, em que tanto o peão quanto os que assistem acham que esse ser vivo não sofre.
Francine disse que não consegue ver diversão em rodeio, e sim, uma crueldade com os animais. Ela não é contra a montaria consciente, mas totalmente contrária a esgotar os animais até o fim nesse tipo de evento.
RETROCESSO – A comerciante Silmara Kappel é outra que se posicionou contra rodeios, “que deveriam ser banidos de Nova Friburgo, já que é feito em cima do sofrimento do animal”.
Silmara lembrou que Nova Friburgo tem quase 200 anos e deveria haver uma preocupação com a evolução. No entanto, ainda se depara com absurdos com rodeios na cidade. “Isto é um retrocesso, um atraso. Espero que isto seja proibido em Nova Friburgo”, comentou a comerciante, na esperança de que os políticos tomem uma iniciativa nesse sentido. “O que não é bom para os animais, não é bom para a gente”, encerrou.
CÓDIGO & PROTESTO – O secretário administrativo do Instituto Univida de Proteção Animal, Diogo Melhorance Jonas, classificou de lamentável a realização dos três rodeios programados para o fim de semana em Nova Friburgo, “uma prática arcaica e cruel, uma covardia com os animais”.
Para Diogo, o município e os organizadores deveriam se preocupar com eventos sadios e o rodeio inclusive fere a Constituição, que em um de seus artigos prevê um meio ambiente equilibrado. Diogo citou que, junto a um grupo do Univida, faria protestos nos três dias previstos do rodeio.
O secretário administrativo do Univida lembrou o Código de Posturas, que está com o prefeito Heródoto Bento de Mello, para ser enviado à Câmara Municipal. O novo código prevê a proibição de rodeios. Ele apela para que os vereadores o aprovem. Diogo também ventilou a possibilidade da Justiça interferir no caso da realização de rodeios na cidade.
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