Rivière vai virar Rio das Ostras - Friburgo anda sem luz - Vou-me embora pra Somália

segunda-feira, 22 de março de 2010
por Jornal A Voz da Serra

O Rio de Janeiro parou para protestar contra a perda dos royalties. Bom, a possível perda melhor dizer, pois já me parece que vem por aí um grande acordo, afinal, em ano de eleições, ninguém pode sair perdendo, ainda que Veríssimo tenha explicado que o Rio perde, os outros não perdem nada, porque não ganham nada, deixam de ganhar, o que é diferente. Já há quem diga que o olho grande é para o pré-sal: o Rio e o Espírito Santo pleiteiam o maior pedaço, os outros estados negociariam a partir dessa perda, algo como, vocês continuam recebendo o que já recebem, e daqui pra frente, é tudo dividido. Entenda-se daqui pra frente o próprio pré-sal. Simples? Bom, em política, os finalmente são sempre simples, os entrementes é que são confusos. Nessa briga toda, minha Rivière corre o sério risco de empobrecimento, depois de anos e anos de fausto e riqueza, muito asfalto, praias arborizadas, colégios municipais que distribuem uniformes, fartas merendas e ônibus para transporte. Enriquecida pela distribuição generosa dos royalties dos mares macaenses, Rivière proporciona shows e shows absolutamente graciosos para o seu povo, numa economia que tem pouco dinheiro fora dos limites de sua Prefeitura. Meu Festival de Jazz – hoje colocado entre os dez melhores do mundo por revistas especializadas – corre o sério risco de virar fumaça. Vai faltar dinheiro, ou iria, pois não creio que a emenda de Ibsen Pinheiro logre êxito, nas prefeituras atingidas, e, indiretamente, para a economia do município.

Se Rivière, para onde fujo de vez em quando, está sob esse ameaça, aqui em Friburgo, onde vivo, o caos fica por conta da eletricidade. É apagão demais, com a agravante de que cai de moda a velha marchinha de que de noite falta luz, não, falta luz a qualquer hora do dia. Em pleno domingo, um teste para os nervos, com o acende e apaga, a minha mulher ficou andando pelo apartamento carregando a luz de emergência quando a luz se ia, recolhendo-a quando a luz retornava, para carregar de novo quando lá se ia ela. Sugeri que era melhor que ficássemos sentados no sofá, com os aparelhos elétricos desligados e com a luz de emergência bem próxima, e começássemos a fazer pequenas apostas dos minutos em que a luz ia permanecer ligada, e, inversamente, por quantos minutos ficaríamos às escuras. Fica a sugestão para os bookmakers de plantão. No jogo de empurra, uma concessionária culpa a outra que se defende, ficamos nós e nossos utensílios elétricos expostos a essa incompetência, pela absoluta falta de investimentos no setor.

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Recebi do amigo Fábio Erthal, um exemplar de seu belíssimo livro sobre a Sociedade Musical Recreio Bonjardinense, onde fica bem clara a importância das Bandas de Música na formação cultural de uma cidade, pois o autor não restringe a pesquisa à banda de Bom Jardim. Num texto carregado de muito amor, Fábio Erthal nos leva à vida da Sociedade Musical que ele já dirigiu e a cuja existência sempre dedicou o seu esforço e a sua competência. Parabéns ao amante da boa música, autor do livro.

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Em abril, vem aí Um morto na carona.

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